Conheça as características da grama-batatais, desde sua adaptação a solos pobres até extrativismo ilegal.

Também conhecida como grama-floquinho, grama-mato-grosso, grama-comum e grama-da-bahia, a grama-batatais (Paspalum notatum) é nativa do Brasil e pode ser encontrada em áreas de pastagens. Como é um tipo de grama retirada na enxada, as placas da espécie são irregulares, com pedaços em diferentes tamanhos.

Não é muito utilizada, pois, comparada aos outros tipos, é bastante rústica e apresenta alguns fatores negativos, como plantio mais demorado, suscetibilidade à infestação de ervas daninhas, coloração verde-clara, poucos pelos, baixa densidade de folhas e crescimento acelerado. Além disso, possui folhas médias e largas e floresce durante o período do verão, porém sua inflorescência não tem apelo paisagístico.

Apesar disso, ela aparece como boa opção por suportar queimadas e secas, pelo baixo custo e por apresentar alta adaptação a solos pobres. Outra vantagem é que não necessita de muita adubação e, dependendo do tipo de utilização do gramado, pode-se utilizar dois tipos diferentes, química ou orgânica. “Quando química, é preciso fazer duas aplicações anuais, com fertilizante composto NPK (20-10-20), ou similar, na proporção de 30 g/m², uma no início da primavera e a outra no final do verão. Já a orgânica é feita uma vez por ano, com produtos de boa procedência (turfas ou condicionadores de solo) em cobertura”, afirma o engenheiro agrônomo Ernesto Siqueira Henriques, consultor técnico da Green Grass, de São Paulo, SP. Além disso, o profissional ressalta que a grama não tolera sombreamento e se diferencia por possuir baixa exigência em fertilidade do solo, até os que possuem pH baixo. Por isso, deve ser plantada em pleno sol e pode chegar a altura de 30 cm, mas deve ser cortada sempre que ultrapassar 3 cm.

Normalmente, esse tipo de grama é fruto do extrativismo predatório ilegal, que permite sonegação de impostos em toda a cadeia produtiva. “Por isso, é importante a produção para comercialização de todo o processo”, completa Henriques.

Para Daniela Barreto, coordenadora executiva da Associação Nacional Grama Legal, de São Paulo, SP, as gramas retiradas de áreas abandonadas ou pastagens causam grande problema no mercado de gramíneas. “Comercializadas à revelia das exigências legais e, portanto, não fiscalizadas, as gramas são contaminadas por plantas daninhas”, afirma a profissional. Por serem colhidas manualmente, são apresentadas em placas ou pedaços sem padrão, o que dificulta o plantio, aumentando os custos de mão de obra. Além dos danos ao consumidor, essa clandestinidade prejudica o meio ambiente, pois, após a colheita, os campos são abandonados e o extrativismo se dá em áreas que deveriam ser preservadas.

Texto Vanessa Barcellini. Fotos Gui Morelli.

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