Bromélias: Beleza Tropical e Diversidade Exuberante nos Jardins

Numerosas em espécies, as bromélias têm lugar cativo nos jardins

Com mais de 3 mil espécies nativas das Américas, divididas em mais de 56 gêneros, sendo 1.500 tipicamente brasileiras, as bromélias (Bromeliaceae) constituem um acervo fantástico de cores e tamanhos. O abacaxi (Ananas comosus) é uma das espécies mais conhecidas, além de distinguir-se por ser um fruto e não uma flor.

“Nos jardins com inspiração tropical, os exemplares de bromélias, principalmente os de espécies nativas, são empregados para valorização”, revela a paisagista Clariça Lima, da capital paulista. A bromélia-imperial (Alcantarea imperialis) figura entre as preferidas, cultivada em grupos ou isoladamente, pelo porte e pela inexistência de espinhos nas folhas, facilitando o manuseio. Ela é uma espécie terrestre, mas há também entre os gêneros da família Bromeliaceae, as plantas epífitas, ou seja, que vivem sobre árvores, e também as rupícolas que vegetam em rochas.

Ornamentais, as bromélias possuem como característica principal as folhas largas em forma de roseta com floração ao centro. “O tipo de inflorescência varia de acordo com o gênero. Nas Neoregelia é na roseta, enquanto que nas Alcantarea, por exemplo, as flores saem de escapos que brotam do centro da planta”, explica a botânica e especialista em bromélias Nara Vasconcellos, do Rio de Janeiro, RJ. Todas as flores possuem três pétalas e são tubulares, polinizadas por beija-flores. “Onde há bromélias, há beija-flores e vice-versa.”

Outro atributo diferencial é a presença ou não de espinhos nas extremidades das folhas. “Quanto maior a quantidade de espinhos nas margens, mais as espécies são resistentes em relação à luz, temperaturas e pouca rega”, esclarece Nara. As plantas de coloração avermelhada nas folhas necessitam de mais luz. Na sombra, ensina Nara, elas ficam verdes, perdendo a tonalidade marcante. Já as epífitas precisam de menos luminosidade, já que no habitat natural beneficiam-se do sombreamento proporcionado pelas copas das árvores.

Porém, cada exemplar floresce uma única vez, liberando, após a florescência, mudas laterais que ocupam o espaço da original. “A planta-mãe morre e os filhotes ocupam seu lugar, garantindo renovação constante”, fala a especialista. No cultivo em vasos, a dica é esperar os brotamentos laterais ficarem maiores para desmembrá-los das plantas de origem. “Na hora do transplante, pode-se colocar um pouco de canela em pó na planta, para cicatrizar, aguardar três horas e então plantar. É importante que as características do habitat natural sejam reproduzidas em jardins”, esclarece a bióloga.

Clariça completa falando que as bromélias devem ser plantadas em locais adequados às espécies, com uma boa drenagem e com terra adubada leve. “Se for terrestre, o solo deve estar bem drenado”, orienta a paisagista. A dica da bióloga, para o plantio de espécies rupícolas em vasos, é combinar pedras e pouca quantidade de húmus.

As bromélias exigem pouca manutenção e a absorção dos nutrientes é feita pelas folhas, sem a necessidade de solos muito ricos em nutrientes. Assim, recomenda-se a adubação foliar, quando necessária. As plantas dispensam também a poda, já que suas folhas sobrepõem-se umas às outras, formando uma roseta. As mais externas são as mais velhas. “Retire apenas as secas”, sugere Clariça.

São resistentes, ainda, a fungos, pragas, pulgões e cochonilhas. “Elas não resistem ao cobre e morrem ao serem expostas à substância”, comenta Nara. Contudo, a ação predatória do homem aos exemplares encontrados na natureza resultou na ameaça de extinção a muitas delas. Dessa forma, vale lembrar que as bromélias não devem ser retiradas de seus habitats.

Por fim, a maioria dos especialistas considera mito que as bromélias sejam focos de criação de mosquitos como o Aedes aegypti, já que a água, presente no reservatório que algumas espécies possuem, constitui um ecossistema habitado por outros seres que não permitem a sobrevida da larva do mosquito. Claro que isso não dispensa os cuidados no combate ao vetor de doenças como dengue, zika vírus e febre chikungunya.

Texto Janaina Silva

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