Descubra o Encanto dos Jardins de Stourhead

Explore os belíssimos jardins de Stourhead em Wiltshire, com sua rica flora e arquitetura histórica.

“Uma obra de arte viva.” Esta foi a primeira descrição feita por uma revista quando os jardins de Stourhead, em Wiltshire, Inglaterra, abriram suas portas ao público pela primeira vez, em 1750.
A residência dos barões de Stourton foi adquirida pela família Hoare em 1700 e, a partir de então, a paisagem do espaço começou a tomar a forma que possui hoje. A variedade de espécies dos jardins da propriedade forma um arranjo que dá orgulho aos ingleses e enche os olhos de visitantes do mundo inteiro.
Não bastasse a diversidade que percorre sua ampla área de 1.072 hectares, um lago central reflete templos, grutas e árvores exóticas raras, como um espelho da obra feita em conjunto por homem e natureza. E cada estação do ano guarda uma surpresa própria aos visitantes. No outono, por exemplo – talvez a mais aguardada – as nuances das folhas dos bordos (Acer), que variam em um degradê de amarelo, laranja e vermelho, exercem encanto particular. Em Stourhead, a beleza se constrói no tempo e sobrevive a ele.

UMA COLEÇÃO ÚNICA
Se, hoje, o Stourhead possui jardins com uma das floras mais apreciadas do mundo, esse mérito não foi conquistado da noite para o dia. Sir Richard Colt Hoare, antiquarista e arqueologista nascido em 1758, viveu um período de ascensão no mundo horticultural e viu a Inglaterra receber novas espécies de plantas, arbustos e árvores.
Ao herdar a propriedade de Stourhead de seu avô, Henry Hoare II, introduziu a diversidade vista hoje, pois não apreciava a hegemonia dos pinheiros (Pinus) no espaço – que, no seu ponto de vista, o tornavam um tanto vazio. Substituiu-os por árvores de folhas largas, especialmente faias e carvalhos (Fagus e Quercus), bordos e tulipeiros (Liriodendron tulipifera). Essas espécies decíduas – cujas folhas se desprendem em determinadas épocas do ano – junto aos arbustos, foram pontuadas com faixas de loureiros (Laurus nobilis) e tornaram o ambiente visualmente mais preenchido e rico.
Outro destaque do Stourhead introduzido por Colt se apresenta nos muitos rododendros (Rhododendron), incluindo o invasivo Rhododendron ponticum, uma das raridades do espaço. Além dele, há o Rhododendron arboreum, que chegou a terras britânicas apenas em 1810.
Colt também foi um grande colecionador e cultivador de Pelargonium. Por volta de 1821, possuía cerca de 600 variedades, muitas das quais ele mesmo havia desenvolvido. A estufa construída paralelamente à sua biblioteca em Stourhead já não existe mais, mas as espécies foram reavivadas no jardim para o deleite dos visitantes.
A contribuição de Colt é impressionante: basta observar a lista de árvores. Cerca de 90 mil foram cultivadas num período de 13 anos.

PEDRAS E FLORES NO CAMINHO
Diversas obras compõem os caminhos de Stourhead e integram seus jardins. O Templo da Flora, por exemplo, é dedicado à deusa romana das flores e da primavera. Outras influências italianas se desenham no Grotto (ou gruta) e no Pantheon, onde há o maior espaço verde da propriedade.
Há uma rota para os visitantes que perpassa todos esses locais e conta um pouco de sua história. O jardim da mansão, por exemplo, é repleto de flores e vegetais – muitos deles usados para preparar os pratos do restaurante ali localizado.
Próximo a ele, o jardim denominado South Lawn é o mais tranquilo da área, cercado por diversas espécies de rododendros, sete espécies de carvalho e um dos tulipeiros mais antigos. Ao longo do percurso, árvores decíduas envolvem o visitante como em uma floresta; suas lacunas dão vista aos diversos templos e o chão forrado por arbustos de louros antigos dá o toque final de uma paisagem que, literalmente, nasceu em outra época.
O jardim central elaborado por Henry Hoare dá vista para o Turners Paddock Lake, lago nomeado em homenagem ao inglês William Turner, um dos pintores mais importantes de todos os tempos. Turner buscou inspiração na propriedade para compor várias de suas obras.
Para finalizar a visita, nada melhor do que passar pelo Templo de Apolo, dedicado ao deus do sol sem o qual nenhum jardim floresce. De lá, é possível ter um panorama completo, além de ficar cercado por espécies de árvores vindas de todo o mundo – incluindo China, Japão e Américas. Afinal, a união das diferenças sempre foi a base do Stourhead.

STOURHEAD GARDENWILTSHIREINGLATERRA

HORÁRIO
Diariamente, das 9h às 19h
Entrada £7,90 (cerca de R$ 30) para visitação dos jardins

Texto Cristina Tavelin Fotos [1] ©National Trust Images/Clive Nichols e [2] ©National Trust Images/Stephen Robson

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