Prosthechea, Cultivo e Reclassificação

Psh. faresiana Psh. radiata e Psh. elisae

Aprenda a cuidar de Prosthechea, conheça as características e a reclassificação desse gênero.

As Prosthechea são encontradas desde o sul do México até o norte do Brasil, em regiões caracterizadas por matas abertas, úmidas e sazonalmente secas. Portanto, suportam locais mais áridos e com bastante luminosidade. Com cerca de 15 a 20 representantes, é predominantemente epífita, salvo algumas que apresentam hábito rupícola. O orquidólogo Dalton Holland Baptista, de Piracicaba, SP, esclarece que esse gênero é composto por espécies bem diversas, algumas obscuras ou mal esclarecidas, devido à morfologia única ou dificuldade de encontrar material.

O grupo vem sendo estudado desde 1838, quando foi descrito. A reclassificação mais recente aconteceu em 2002, quando chegou ao número atual de espécies, porém, ainda há discrepâncias entre elas, o que pode gerar novas pesquisas e mais mudanças.

Segundo Mariana Gabriela de Nadai, bióloga do Orquidário Bom Senhor, de Arealva, SP, de maneira geral, elas possuem pseudobulbos espaçados ou aglomerados, longos e curtos, que podem ser cilíndricos, ovais, fusiformes e elípticos. “As folhas são herbáceas ou carnosas, aparecendo de uma a três unidades por pseudobulbo. A inflorescência é longa e ereta, com poucas ou muitas flores, e saem da base do pseudobulbo. As flores são médias ou pequenas, sempre carnosas, porém, apresentam várias formas, algumas arredondadas, outras com pétalas e sépalas aciculares”, descreve, ao complementar que um atributo bem marcante são as flores ressupinadas, isto é, com labelo posicionado na parte superior, dando a impressão de que estão de ponta-cabeça.

Elas desabrocham simultaneamente, portanto, é comum observar uma haste com todas abertas. A tonalidade não é uniforme, predominando as amareladas com manchas, máculas, listras avermelhadas, roxas ou cor-de-rosa e até em nuances de marrom. Determinadas espécies têm cor esbranquiçada. Em relação ao aroma, algumas se destacam, como a Psh. fragrans, que exala forte cheiro de baunilha.

Ao longo de todo o ano, é possível ver Prosthechea florescendo, já que cada espécie possui comportamento diferente: Psh. fragrans emite flores em agosto, enquanto Psh. inversa floresce entre março e junho, e Psh. vespa, de setembro a dezembro.

Mariana afirma que essas plantas possuem grandes cristais do tipo drusa, distribuídos por pseudobulbos, folhas, flores e frutos, que são fluorescentes quando expostos à luz ultravioleta, para facilitar a visão dos polinizadores. Como são tóxicos, também servem para protegê-las de insetos.

Ela comenta que poucas Prosthechea são desejadas por colecionadores, porque as flores não são muito vistosas. A exceção são aqueles que buscam espécies pequenas. Para ela, as queridinhas são Psh. fragrans, Psh. inversa e Psh. cochleata, que conta com coloração diferente e exótica.

Acerte nos Tratos

As Prosthechea podem ser cultivadas no Brasil sem grandes dificuldades. Como são encontradas em matas abertas, gostam de bastante luminosidade e rega espaçada, embora consigam suportar ambientes úmidos e sem encharcamento. A bióloga do Orquidário Bom Senhor destaca que essas plantas são adeptas a troncos de madeira e cascas de árvores. “Em vasos, pode-se utilizar substrato bem aerado com a mistura de casca de pinus, fibra de coco e carvão.”

A adubação deve ser intensificada desde o momento em que aparecem as primeiras raízes nos brotos novos até o término do crescimento dos novos pseudobulbos. “Nesse período, é indicado aplicar semanalmente e em doses homeopáticas adubo equilibrado, ou seja, diluindo de metade a um quarto do descrito na embalagem do produto”, ensina.

Após o crescimento, aconselha-se deixar a orquídea em repouso, diminuir a adubação no final do outono e cancelá-la no inverno. Da mesma maneira, as regas precisam ser reduzidas. A melhor época para o replantio é durante a brotação, ou seja, após o inverno. Nesse procedimento, retiram-se as folhas amareladas e raízes secas para transplantá-la para o substrato novo. “Se estiver fixada em placas de madeira, não é necessário o replantio”, completa a especialista paulista.

Algumas espécies de Prosthechea são resistentes a pragas, como a Psh. fragrans, que é cultivada em ambiente quente e seco. Mas, a maioria pode ser atacada por cochonilhas e pulgões, principalmente na fase de brotação. Para quem tem poucos exemplares, a dica de Mariana é realizar o controle manual, no entanto, quando a coleção é grande, o ideal é usar inseticidas.

Reclassificação

As Prosthechea são muito confundidas com as Encyclia, porém, por meio de estudos filogenéticos, concluiu-se que são bem diferentes. Com as pesquisas, o grupo Prosthechea foi dividido em outros, como Hormidium, Anacheilium, Pseudencyclia, Panarica, Pollardia. Alguns exemplos de espécies transferidas são:

  • Psh. baculus (1997) – Anacheilium baculus (2004)
  • Psh. chacaoensis (1997) – Anacheilium chacaoense (2004)
  • Psh. prismatocarpa (1997) – Panarica prismatocarpa (2004)
  • Psh. vespa (1997) – Anacheilium crassilabium (2004)
  • Psh. vitellina (1997) – Pseudencylia vitellina (2003)

Texto Renata Putinatti

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima