Como Diferenciar os Gêneros de Orquídeas Laelia e Cattleya

Descubra as principais diferenças entre Laelia e Cattleya para identificar suas orquídeas com precisão.

Mesmo para orquidófilos experientes, é muito difícil discernir Laelia de Cattleya quando estão sem flor. Os gêneros mais cultivados por colecionadores no Brasil também são os que mais geram dúvidas. Não é difícil ouvir a pergunta: como distinguir Laelia de Cattleya? Pois é, a resposta não é simples.

Ambas têm muitas semelhanças em relação à flor, folha, porte, época de floração, dispersão na natureza e exigências de cultivo. Para não levar “gato por lebre”, vale a pena adquirir apenas exemplares floridos, quando a identificação é mais fácil, e fazer a compra em estabelecimentos idôneos.

Para diferenciá-las, é preciso entender as principais características de cada. O gênero Cattleya é formado por cerca de 110 espécies epífitas, com distribuição da Argentina ao México – destaque para a ocorrência no Brasil. É dividido em dois grupos: unifoliares e bifoliares. O primeiro tem porte menor, uma única folha no ápice do pseudobulbo, que é ovalado e lateralmente achatado, e apresenta flores grandes, mas em pouca quantidade – de duas a oito unidades. Já as bifoliadas contam com duas folhas pequenas e ovaladas em cada pseudobulbo – que possuem formato cilíndrico e podem passar de 1 m de altura – e flores pequenas, porém, em grande quantidade (até 30 unidades por haste) e com bastante substância.

O gênero Laelia abrange em torno de 30 representantes, que se espalham da América do Sul ao México. Caracterizam-se pelos pseudobulbos ovalados e curtos, os quais dão origem a uma folha com cerca de 20 cm de comprimento. As flores grandes e coloridas surgem em até oito unidades por planta.

Segundo Carlos Gomes, orquidófilo e proprietário do orquidário que leva seu nome, de Florianópolis, SC, não tem como misturar Laelia e Cattleya bifoliada. A confusão acontece com as unifoliadas, como C. labiata, C. gaskelliana e C. mossiae. “De modo geral, o pseudobulbo das Laelia é mais ‘magro’ e elegante, enquanto o das Cattleya é ‘gordinho’. Com relação às flores, é difícil explicar a diferença: considerando uma L. purpurata e uma C. labiata, por exemplo, ambas têm de quatro a cinco flores, que podem ser rosadas, com tamanho de 12 a 15 cm de diâmetro”, compara.

Ou seja, apresentam mais semelhanças do que discrepâncias. O que individualiza mesmo é o número de polínias (massa cerosa constituída por grãos de pólen): as Laelia têm oito e as Cattleya, quatro.

Ronaldo Sabino, sócio-proprietário do Orquidário Imirim, de São Paulo, SP, lembra que, recentemente, estudos botânicos de avaliação dos cromossomos resultaram em mudanças nestes gêneros. Espécies brasileiras de Laelia foram reclassificadas como Cattleya. Até mesmo os orquidólogos levaram anos para analisar e reconhecer a fundo as afinidades entre elas.

Os dois especialistas concordam que a presença da flor é fator determinante para a correta identificação do exemplar. Mesmo para um cultivador experiente, a ausência de floração pode induzir ao erro.

Como se não bastasse a dificuldade de avaliar os gêneros, existem ainda os híbridos. “A C. labiata é facilmente confundida com Laelia ou um híbrido quando está sem flor”, ratifica Sabino. Por isso, ao adquirir uma planta, é importante solicitar o nome correto e, se for o caso, o cruzamento.

Em relação ao habitat, elas também são encontradas na mesma região. No caso do Brasil, estão presentes de Norte a Sul. “Cada espécie tem dispersão particular, que pode ser pequena, como da C. dormaniana e L. lobata, que ocorrem apenas no Rio de Janeiro, ou mais ampla, por exemplo, a C. forbesii, natural do Rio de Janeiro até Santa Catarina. Claro que surgem tanto Laelia como Cattleya na mesma área. É o que acontece em Florianópolis com L. purpurata, C. intermedia, C. guttata e C. leopoldii”, esclarece Gomes.

Texto Renata Putinatti Fotos [1] Daniel Mansur, [2] Eduardo Liotti, [3] Evelyn Müller, [4] Gui Morelli, [5] Hamilton Penna e [6] Tatiana Villa

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