Cuidados Essenciais com as Raízes das Orquídeas

Descubra as melhores práticas para cuidar das raízes das orquídeas e garantir seu crescimento saudável e vigoroso.

As flores são, sem dúvida, os “astros” principais das orquídeas. São elas que atraem os olhares admirados dos colecionadores. Para o exemplar exibir tanta beleza e vigor, uma estrutura trabalha incessantemente: a raiz. “Costumo dizer que, depois das flores, esse é o órgão mais nobre e importante para a planta. É responsável por quase a totalidade da absorção de sais minerais e água, fundamentais para o desenvolvimento vegetal”, destaca Andrew Fogtman, engenheiro agrônomo, de Magé, RJ. A família Orchidaceae pode se sentir privilegiada por possuir uma das raízes mais desenvolvidas de todo o Reino Vegetal. Suas principais funções são: fixação e sustentação no substrato; absorção e transporte de água e nutrientes; e condução dos produtos da fotossíntese. 

Em algumas espécies, também realiza fotossíntese e funciona como órgão de reserva. Segundo Fogtman, basicamente, elas são constituídas de coifa (situada na porção terminal e geralmente de cor esverdeada), que faz papel de “capa” protetora para a região de crescimento e abre passagem para a expansão; meristema apical radicular, região de crescimento onde ocorre a divisão celular e a diferenciação dos diversos tecidos que compõem a raiz; zona lisa, representada pela área de alongamento; zona pilífera, onde estão os pelos radiculares que absorvem água e sais minerais; zona de ramificação, na qual se formam as raízes laterais; e velame, tecido esbranquiçado constituído por uma ou mais camadas de células mortas que recobrem a raiz e funciona como “esponja” para absorver e armazenar água e sais minerais de forma passiva, além de protegê-la do ressecamento excessivo.

Todas as orquídeas têm raízes do tipo adventícia, ou seja, surgem ao longo do caule, além de serem fasciculadas – na maioria aérea, mas também podem ser subterrâneas, no caso de determinadas rupícolas e terrestres. “Algumas, como as do gênero Orchis, contam com estruturas tuberosas, lembrando testículos”, completa o engenheiro agrônomo.

De acordo com ele, muitas epífitas que possuem raízes bem expostas têm adaptação para fazer fotossíntese. Para algumas, esse aspecto é vital, pois existem grupos que possuem folhas muito reduzidas, rudimentares ou mesmo que não apresentam folhas.

ATENÇÃO REDOBRADA

Devido à grande importância dessas estruturas, a poda deve ser evitada, exceto quando está morta ou muito danificada. A escolha de substrato errado pode influenciar negativamente nas suas funções, porque, como a maioria das orquídeas possui raízes aéreas com velame bem desenvolvido, torna-se pouco tolerante a materiais ácidos, mal drenados e pouco aerados. “Elas são muito exigentes em oxigênio, necessitando de um ambiente bem aerado para respirar; do contrário, morrem por asfixia facilmente e podem comprometer todo o restante da planta”, alerta Fogtman. O profissional compara o sistema radicular à boca humana, já que é responsável pela hidratação e nutrição. E água na medida certa é primordial para manter a saúde do exemplar: umidade abundante acarreta asfixia das raízes, provocando sintomas de desidratação e deficiência nutricional em todo o vegetal. Portanto, planta com problema nas raízes fica mais susceptível ao ataque de pragas e doenças.

Marcelo Vieira Nascimento, geógrafo, botânico e presidente da Federação Catarinense de Orquidofilia, de Florianópolis, SC, frisa que, na natureza, as epífitas usam suas raízes para se anexar a árvores ou rochas onde a luz e a circulação do ar são mais abundantes. “A raiz é um órgão vegetativo que apresenta como característica fundamental não ser segmentado em nós e entrenós, consequentemente, não possui gemas. Portanto, é incapaz de formar folhas, ramos e flores.” Umidade, ventilação, profundidade no solo, habitat. Esses e outros fatores influenciam no sistema radicular das orquídeas. As epífitas, por ficarem em ambientes mais expostos, possuem velame bastante desenvolvido, o que torna as raízes mais grossas e tolerantes ao ressecamento. As rupestres, como vivem em fendas na rocha onde fica depositado substrato rico em matéria orgânica e umidade, o velame é pouco espesso e as raízes tendem a não ser longas nem tolerantes ao ressecamento. As terrestres possuem, em geral, velame menos desenvolvido, já que ocorrem em regiões bem úmidas; portanto, as raízes são muito sensíveis ao ressecamento. “No entanto, há terrestres de raízes engrossadas com velame desenvolvido, principalmente as que vegetam em áreas áridas ou arenosas, onde a umidade é baixa”, explica o especialista de Magé.

Texto Renata Putinatti Fotos [1] Evelyn Müller e [2] Gui Morelli

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