Paisagista transforma espaço árido em jardim vibrante, unindo natureza e arquitetura de forma inovadora.
Um lugar muito árido, onde a residência parecia encontrar-se em meio ao nada. Assim era o espaço que o paisagista Leo Laniado, de São Paulo, SP, tinha pela frente para remodelar por meio de seu trabalho. “O paisagismo era de uma antiga fazenda de café. Ali existiam vários terreiros para secar as sementes, algumas árvores e vegetação antiga sem qualquer planejamento”, conta. Para transformar esse ambiente, o profissional trabalhou no sentido de fazer a casa se “apropriar” do entorno, como se tivesse sido criada dentro dele. Por meio do verde, a construção ganhou caráter de sede, de onde a vista a vários espaços estimula os moradores a passearem pela área. Assim, contrariando a linearidade temporal, Laniado criou a impressão de a casa ter sido erguida após o jardim.
VÁRIOS ESPAÇOS EM UM
Na entrada, a fonte de 14 m de diâmetro ganha destaque tanto pela água refletindo o céu quanto pelos cisnes que por ali passam. Para dar ênfase a esse espaço, o profissional optou por incluir palmeiras-imperiais (Roystonea oleracea) no entorno, as quais criam uma ligação entre os vários pátios, assim como sensação de verticalidade e simetria. Em frente à pequena capela, o jardim ganhou uma pérgola construída com pedras reaproveitadas da antiga colônia. “A área foi concebida para grandes ocasiões festivas”, destaca.
Na área próxima à casa, projetada com o intuito de ser uma espécie de pátio interno, o paisagista trabalhou as espécies de forma a reservar a intimidade e privacidade dos moradores. Nele, diversas varandas contam com trepadeiras perfumadas compostas de jasmins (Apocynaceae), as quais são circundadas pela vegetação de buxinho (Buxus sempervirens). O acesso ao local se dá através de uma pérgola coberta por jasmim italiano (Jasminum grandiflorum L.). “Nesse espaço acontece o café da manhã, os almoços e jantares. A partir dele também é possível escutar o suave barulho da fonte e descansar à sombra do flamboyant (Delonix regia), árvore escolhida para ser o elemento de interligação do entorno”, acrescenta o paisagista.
CORES DE CIMA ABAIXO
Entre árvores, arbustos e flores de várias tonalidades, a estética também ganha contornos específicos dependendo da estação. A vegetação proporciona sombra no período mais quente e ganha mais luz no inverno, quando as folhas caem. Mas um ponto importante foi justamente agregar espécies diferentes para manter o espaço atrativo permanentemente. “Trepadeiras e forrações foram escolhidas para haver frutas, flores e perfumes durante o ano todo. Por exemplo, no inverno, as primaveras (Bougainvillea glabra) e ipês (Bignoniaceae) garantem a beleza, enquanto no verão os flamboyants se sobressaem”, pontua Laniado. Das frutíferas incluídas, os moradores podem se deliciar com jabuticaba (Myrciaria cauliflora), laranja (Citrus sinensis) e maracujá (Passiflora sp) plantados em vasos. Cássia-javanesa (Cassia javanica L.), cássia-imperial (Cassia fistula, L.), tumbérgia-azul (Thunbergia grandiflora) e ipomeias (Convolvulaceae) também podem ser encontradas pelo caminho durante um passeio pelo espaço, assim como rosas (Rosa x grandiflora) e congeia (Congea tomentosa), as quais garantem um toque romântico à paisagem da antiga fazenda. “Cada canto tem uma história que faz parte do todo”, finaliza o profissional.
Texto Cristina Tavelin. Fotos Gui Morelli.