Aprenda a reconhecer e cuidar do período de dormência nas orquídeas para garantir florescimento saudável.
Até mesmo as orquidáceas precisam de descanso. A parada na emissão de raízes e brotos não significa necessariamente problemas no desenvolvimento. Pode indicar apenas o período de dormência, que ocorre com a grande maioria das plantas da família Orchidaceae. Esta fase é bem comum no inverno, mas não se limita somente a esta estação do ano. Ela acontece durante épocas desfavoráveis ao crescimento da planta, variando conforme a espécie.
“O período de dormência nada mais é do que um repouso vegetativo, após o esforço descomunal para a floração. Alguns estudos demonstram que, em situações de perigo ao desenvolvimento, a orquídea diminuiria seu metabolismo para armazenar energia suficiente para florescer e ser polinizada, permitindo a germinação em condições mais propícias e garantindo, assim, sua sobrevivência”, explica o orquidófilo Carlos Henrique Paparelli, de Guarulhos, SP.
Trata-se, portanto, de um mecanismo de defesa criado pelas orquidáceas, que passam por um estado semelhante à hibernação, no qual há grande desaceleração no metabolismo. “De modo geral, quando inicia o período de dormência, a ausência de atividades fisiológicas é visível. Não surgem novas folhas, raízes, brotos ou flores e, dependendo da espécie, esta fase pode acontecer com temperaturas altas ou baixas, com pouca ou muita umidade ambiente”, completa o especialista. O repouso varia bastante, podendo durar semanas ou meses. Elza Kawagoe, orquidófila e relações públicas da Associação dos Orquidófilos de São Paulo (Aosp), da capital paulista, conta que ele acontece geralmente após a floração.
TRATOS CULTURAIS
O cultivo de orquídeas demanda observação e conhecimento. Acompanhar de perto cada espécie e saber suas preferências é um grande passo para perceber a chegada do período de dormência. A partir daí, é preciso atender suas necessidades. “Pode-se diminuir sensivelmente a adubação, pois a planta não necessitará de nutrientes”, informa Elza.
De acordo com o orquidófilo de Guarulhos, devido ao metabolismo mais lento, o ideal é “adubar de forma homeopática e com menor frequência”.
Além da mudança relativa à administração de fertilizantes, é importante não realizar trocas de substrato e replantios. “É recomendável até reduzir a quantidade de regas, porém sem suspender totalmente seu fornecimento ou encharcar o substrato. A água conservará o vigor da planta para a próxima fase, por isso, é extremamente necessário manter os pseudobulbos hidratados”, conta Paparelli.
Ao final do descanso, a orquídea soltará novos brotos e raízes e seguirá com o crescimento. A partir deste momento, as irrigações podem ser mais frequentes e a adubação estará liberada. Fertilizantes que estimulam o enraizamento, como NPK 10-52-10, são os mais recomendados. Replantes e trocas de substrato também estão permitidos.
DIFERENTES
Embora a maioria das orquidáceas siga um padrão de desenvolvimento e tenha o período de repouso bem definido, existem espécies que possuem particularidades. “A Arundina graminifolia floresce continuamente, sem passar pela dormência. Já a Cattleya tigrina, ao mesmo tempo em que emite flores, solta raízes”, ressalta Paparelli.
Ainda segundo o orquidófilo, enquanto grande parte dos representantes dos gêneros Catasetum, Mormodes, Cyrtopodium e Eulophia segue rigidamente um período de descanso, no qual as folhas amarelam e caem, restando apenas os bulbos e o rizoma, muitas orquídeas de crescimento monopodial não possuem períodos de dormência, a menos que sejam expostas ao frio. É o caso das Vanda, que devem ser adubadas durante todo o ano, mesmo quando estão floridas.
Texto Paula Andrade Ilustração Chris Borges