Plantas Nativas: O Futuro do Paisagismo

Saiba como o uso de plantas nativas reduz custos e cria um jardim ecológico e sustentável. 

Um paisagismo sustentável desenvolvido sob medida para atender às condições atmosféricas e geográficas do ponto mais alto da cidade de Cruzeiro, no Vale do Paraíba, no interior paulista: o bairro Morro dos Engenheiros. Esse foi o desafio da arquiteta paisagista Inez Gouveia, de Cunha, SP.

“Encrustada no pé da Serra da Mantiqueira, a cidade é caracterizada pelo clima subtropical quente com temperaturas entre 22 e 33ºC no verão e que, devido ao relevo montanhoso, recebe influência das massas térmicas de altitude, resultando em inverno seco e baixa pluviosidade”, explica a arquiteta paisagista.

Outro fator que influenciou o desenho do espaço verde foi a solicitação dos clientes que queriam para a morada recém-adquirida uma área de convivência com jardim de fácil manutenção e áreas interligadas simultaneamente ao lazer.

Paisagismo Sustentável
Na concepção paisagística, o estudo bioclimático foi fundamental para definir as espécies e o local do plantio, levando-se em conta os dados meteorológicos, as temperaturas, a umidade relativa do ar, a influência da direção dos ventos e os índices pluviométricos e de insolação. De acordo com ela, o bioclimatismo pode colaborar na redução de gastos com irrigação e perdas de espécies.

O resultado é um projeto sustentável com o uso de plantas nativas que apresentam baixo consumo de água e espécies exóticas de crescimento rápido. “Nosso trabalho foi pensar em soluções de como o jardim poderia viver com a escassez de recursos hídricos, sem provocar danos e estresse aos exemplares”, resume.

No jardim foram plantadas árvores, forrageiras e arbustivas, entre muitas nativas, como alpínia (Alpinia purpurata), helicônia (Heliconiaceae), bromélias (Bromeliaceae) e manacá-da-serra (Tibouchina mutabilis). “Temos uma flora rica que deve ser utilizada e valorizada. Cada região dispõe de espécies características que constituem o microclima local, fundamental para o equilíbrio ecológico”, reforça a paisagista.

Refúgios
A entrada é constituída por diversos patamares estabelecidos com pedra bruta de granito para dar acesso à casa que está posicionada a quatro metros acima do nível da rua, devido ao lote acidentado. Os elementos favorecem também a contenção do corte e filtragem da água. “A drenagem é escoada pelos pisos e níveis e segue até uma canaleta final junto ao muro”, relata a arquiteta paisagista.

Como esse local recebe a radiação poente, as espécies escolhidas para os canteiros foram ixoras (Ixora chinensis), buxinhos (Buxus sempervirens), pleomele (Dracaena reflexa), barba-de-serpente (Ophiopogon jaburan), bambuza (Bambusa textilis gracilis) e vedélia (Sphagneticola trilobata) como forrageira nativa que auxiliou no balanço e no equilíbrio térmico do solo.

Um pouco mais acima, o pequeno talude próximo à piscina recebeu grama-esmeralda (Zoysia japonica), por sua resistência ao sol e rápida contenção, e um caminho de piso drenante atérmico com formas arredondadas implantado seguindo a topografia do local.

Na sequência, chega-se ao jardim do lazer formado por exemplares de cica (Cycas circinalis), aspargo-pluma (Asparagus densiflorus), estrelítzia (Strelitzia reginae), fórmio (Phormium tenax), buxinhos, palmeira-fênix (Phoenix roebelenii), dama-da-noite (Cestrum nocturnum), palmeira-bambu (Chamaedorea seifrizii), pleomele, manacá-da-serra e bromélias. “A composição promove uma paisagem de fundo para quem o avista do espaço gourmet”, descreve Inez.

Promovendo a conexão entre a morada, a área dedicada ao preparo dos churrascos, petiscos e pizzas, e o relaxante spa, foi disposto o pergolado de madeira maçaranduba que receberá jasmim-de-madagascar (Stephanotis floribunda) para deixar a passagem aconchegante. “Da spa, é possível contemplar a bela paisagem da Serra da Mantiqueira ao entardecer”, enfatiza a arquiteta paisagista.

Posicionada nos fundos do terreno está a pracinha, criada como uma sala de apoio ao ambiente gastronômico. “O destaque é o orquidário vertical elaborado com vasos de Dendrobium e o painel de canela de demolição da linha Ecowood (Portobello)”, comenta a profissional. O espaço recebeu também seixos, cascas de árvores e dois banquinhos que proporcionam um recanto acolhedor em meio a coqueiros (Cocos nucifera), já existentes, acerola (Malpighia emarginata), helicônia (Heliconia rostrata), helicônia-papagaio (Heliconia psittacorum), vedélia e alpínia.

Texto Janaina Silva. Fotos Gui Morelli.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima