Segredos do Cultivo de Cattleya warneri: Substratos, Cuidados e Dicas Essenciais

Este artigo aborda as melhores práticas para o cultivo da Cattleya warneri, destacando a escolha do substrato ideal, cuidados com a umidade e tipos de vasos adequados

Nativa do Brasil, a Cattleya warneri é uma espécie com flores grandes e de rara beleza, que pode ser encontrada, principalmente, no estado do Espírito Santo, mas também há registros de sua presença em Minas Gerais, no sul e sudeste da Bahia e no Rio de Janeiro. Epífita, vive sobre o tronco das árvores de florestas montanhosas, mas algumas são avistadas sobre rochas.

“Trata-se de uma das principais Cattleya unifoliadas da flora brasileira. Por ser muito resistente e de fácil cultivo, agrada tanto os orquidófilos iniciantes como os mais experientes”, afirma Eduardo Nascimento, proprietário do Orquidário do Sol, de Salto, interior paulista.

A C. warneri apresenta pseudobulbos com cerca de 30 cm, além de hastes portando de três a cinco flores com 23 cm de diâmetro cada uma, pétalas e sépalas na cor lilás brilhante e labelo mais escuro mesclado com branco e amarelo, resultando em uma combinação espetacular de cores, um dos maiores atrativos da espécie e suas inúmeras variedades.

“A época de floração acontece de outubro a novembro, durante a primavera, e permanece por volta de 20 dias”, aponta o proprietário do Orquidário do Sol. Elza Kawagoe, presidente da Associação Orquidófila de São Paulo (Aosp), da capital paulista, diz que suas flores se diferenciam pelo tamanho, que é maior quando comparado ao das demais Cattleya, mas faz uma ressalva: “Algumas plantas não apresentam flores de boa forma, sendo as pétalas e sépalas estreitas ou as pétalas viradas para trás, deixando-a sem armação. Mas é claro que existem exemplares com ótima estrutura, qualidade e perfume muito agradável.”

Aliás, o aroma da C. warneri, de acordo com Roberto Jun Takane, engenheiro agrônomo, professor adjunto da Universidade Federal do Ceará (UFC) e produtor de orquidáceas, de Fortaleza, CE, é uma característica inconfundível da espécie, que faz com que seja bastante admirada pelos colecionadores e pelo público de exposições de orquídeas.

“É uma planta comumente cultivada por orquidófilos e que faz sucesso em eventos devido ao tamanho de suas flores, ao colorido vibrante e também à sua fragrância. Além disso, muitos híbridos têm essa orquidácea como ‘parente próximo’”, conta o profissional.

Como em seu hábitat

Para que as orquídeas permaneçam saudáveis e ofereçam belas flores, é necessário criar um ambiente propício para seu cultivo. Por isso, tendo em vista as condições climáticas de seu hábitat, é importante reproduzi-las em um espaço que proporcione os requisitos básicos para sua sobrevivência.

Os profissionais contam que as C. warneri costumam se desenvolver em locais com altitudes entre 100 e 800 m, onde o índice pluviométrico é elevado, pois apreciam bastante lugares úmidos. Segundo Takane, necessitam ser mantidas com umidade entre 70 e 80%, mais precisamente.

A presidente da Aosp diz que a umidade relativa do ar jamais deve ficar abaixo de 30% e frisa ainda que, se não receberem a quantidade necessária de água, as plantas desidratam, o que pode levá-las à morte. “Em dias quentes, quando o tempo fica mais seco, é preciso molhar não só os exemplares, como também o espaço onde estão inseridos. Em dias chuvosos, com a evaporação reduzida, é importante diminuir a rega, mesmo que não estejam ao ar livre. Portanto, a umidade pode ser a principal causa de sucesso ou fracasso no seu cultivo”, esclarece.

“As condições ideais para as C. warneri, especificamente, envolvem temperaturas entre 13 e 32ºC, sombreamento de 50 a 70%, regas periódicas, de três a quatro dias e sempre que o substrato estiver seco, adubação quinzenal com NPK na proporção 20-20-20 e replantio, em média, a cada três anos, quando apresentarem novas raízes”, indica o orquidófilo de Salto.

Elza concorda que a melhor época para o transplante de vaso é quando o broto começa a se destacar e surgem novas raízes. “Para isso, corte as raízes mortas e conserve as que apresentam ponta verde, com cuidado para não as quebrar ao transferi-las para o outro recipiente. É importante também utilizar instrumentos esterilizados a fim de evitar contaminação por doenças”, frisa.

Isso porque essa espécie é suscetível ao ataque de pragas como cochonilhas, pulgões, tripes, lesmas, caracóis, percevejos-laranjas e abelhas-guarapuá. Takane diz que, para combatê-las, existem inseticidas específicos, mas aconselha o controle natural e preventivo. “Nesses casos, recomendo procedimentos como a aplicação da fita adesiva amarela ou azul, a esterilização do substrato, o plantio da citronela ao redor do orquidário, porque age como repelente, e a aplicação de outros defensivos naturais, como o óleo de nim.”

Detalhes que fazem a diferença

Quanto ao substrato mais adequado, a presidente da Aosp afirma que as orquídeas são plantas extremamente adaptáveis a diferentes materiais. Contudo, é necessária cautela quanto às peculiaridades de cada um. “Existem inúmeras opções disponíveis no mercado, mas é preciso ficar atento. A fibra de coco, por exemplo, retém muita umidade, o que pode ser prejudicial às raízes, causando seu apodrecimento; portanto, cuidado com regas excessivas. O musgo (ou esfagno) detém nutrientes, mas, em contrapartida, também armazena água em grande quantidade, por isso, são recomendáveis para vasos que ficam em locais cobertos, porém não para Cattleya warneri semi-alba Guinle x Cattleya warneri semi-alba Itabirana, aqueles expostos, pois água em demasia pode ser fatal. Já a mistura de casca de pinus com carvão deve ser regada com mais frequência, porque seca facilmente”, exemplifica.

Takane alerta ainda sobre o tipo de vaso usado para acomodar os exemplares. Segundo ele, o cultivo das orquidáceas, independentemente da espécie, pode ser feito em recipientes de polietileno, material que possui sistema de drenagem de alta eficiência e grande retenção lateral de umidade.

O equilíbrio entre luminosidade, temperatura, umidade, irrigação e adubação é o segredo do sucesso para o cultivo da C. warneri. “Para chegar a esse ponto de equilíbrio, basta observar e ter cuidado e bom senso”, finaliza Elza.

Texto Roberta Benzati – Fotos Tatiana Villa

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