Beleza desconhecida

Descubra como cultivar Angelonias, flores vibrantes e fáceis de cuidar, ideais para canteiros e bordaduras.

Raramente exploradas pelos paisagistas e pouco conhecidas por apreciadores de plantas, as espécies do gênero Angelonia podem compor belos e coloridos canteiros, conferindo um toque diferenciado ao jardim. Originárias das Américas do Sul e Central, ocorrem desde o México até a Argentina.

“Das 25 espécies existentes, 18 são nativas do Brasil”, afirma Vinicius Castro Souza, professor do Departamento de Ciências Biológicas da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (Esalq), de Piracicaba, no interior paulista. Na natureza, são encontradas em áreas de vegetação abertas e ensolaradas, como campos rupestres, Cerrado e Caatinga. Embora os habitats tenham características áridas, preferem solos úmidos, vegetando nas proximidades de beira de rios permanentes ou temporários e florescendo na época das chuvas.

“Cultivar Angelonia promove a conservação das nativas e traz diversificação ao jardim com floração contínua e colorida.”

Algumas representantes deste gênero estão ameaçadas de desaparecer por causa da destruição de seus ambientes naturais. “Na Lista Brasileira da Flora Ameaçada de Extinção estão presentes A. alternifolia, A. crassifolia, A. eriostachys, A. linarioides e A. procumbens”, atenta Aline Cristina Martins, bióloga, de São Paulo, SP.

Apesar de existirem dezenas de espécies, apenas três são mais conhecidas e cultivadas pelo fato de serem ornamentais: A. salicariifolia, A. angustifolia e A. biflora.

PARTICULARIDADES

As Angelonia atingem até 40 cm de altura e dificilmente se tornam arbustos. Possuem folhas verde-brilhantes, ovalado-elípticas, com margem denteada e pelos finos e curtos. Segundo Jades José Spagnhol, paisagista e produtor da Spagnhol Plantas Ornamentais, de Cordeirópolis, SP, seu crescimento é bastante acelerado, tendo em vista que os exemplares costumam desabrochar entre 30 e 40 dias após o plantio.

“Com flores que desabrocham em 30 dias, a Angelonia oferece beleza e rapidez no paisagismo.”

“Isso ocorre devido à sua estratégia natural de floração na época chuvosa na Caatinga, ou seja, precisa crescer rapidamente para produzir flores e sementes e, então, reproduzir-se”, destaca Souza. As flores têm cerca de 1 cm de diâmetro, estão dispostas em racemos – isto é, no ápice dos ramos formando um cacho – e amadurecem gradativamente da base para o topo.

“Assim, embora cada estrutura dure pouco tempo (de três a quatro dias), a floração permanece por várias semanas. Se forem irrigadas adequadamente, é provável que floresçam praticamente ao longo de todo o ano”, revela o professor da Esalq. Vale lembrar que a maior parte desabrocha de novembro a maio e, em algumas variedades de Minas Gerais, Goiás e Bahia, as flores aparecem de maio a setembro.

De acordo com a bióloga, as tonalidades mais comuns são roxa, lilás e rósea. Já as brancas são bastante raras. “As flores, fortemente assimétricas, apresentam na corola estruturas denominadas gibas, que correspondem a pequenas bolsas onde é produzido um óleo que atrai um pequeno e específico grupo de abelhas nativas do Brasil, que as polinizam”, acrescenta.

CULTIVO

As representantes deste gênero possuem cultivo fácil. “A constância das flores proporciona uma atmosfera alegre ao jardim por um período mais longo”, garante o produtor de Cordeirópolis. Ele também assegura que o término da floração é o momento exato para realizar a poda e, então, de 30 a 40 dias depois desse procedimento as flores começarão a aparecer novamente.

“Suas flores únicas atraem abelhas específicas, garantindo um papel essencial na preservação do ecossistema.”

Quando necessário, após o desbaste, é recomendado fazer o replantio. “É bom lembrar que elas passam cerca de um ano produzindo continuamente novos ramos e, com o tempo, vão ficando esgalhadas. Neste caso, deve-se recolher algumas sementes e reiniciar o canteiro”, sugere o especialista de Piracicaba. Outra forma de multiplicação é por estaquia.

O ambiente do qual são originárias dá a dica sobre suas necessidades. Elas preferem ficar em pleno sol e, como se desenvolvem à beira de rios, precisam de solo fértil, bem drenado e úmido, mas sem encharcamento.

“Cultivar Angelonia é uma forma de colaborar com a conservação das plantas nativas e de promover a diversificação no jardim”, finaliza Souza.

Dados Gerais

  • Nome científico: Angelonia spp.
  • Nomes populares: angelônia e violeta-de-petrópolis
  • Origem: Américas do Sul e Central
  • Porte: de 30 a 40 cm de altura
  • Flores: cerca de 1 cm de diâmetro, dispostas em racemos, nas cores roxa, lilás, rósea e branca
  • Folhas: verde-brilhantes, ovalado-elípticas, com margem denteada e pelos finos e curtos
  • Cultivo: em grupos densos, em canteiros e como bordadura
  • Solo: úmido, fértil e bem drenado
  • Clima: tropical e subtropical
  • Luminosidade: pleno sol
  • Irrigação: frequente
  • Dificuldade de cultivo: nenhuma
  • Multiplicação: por sementes ou estaquia
  • Curiosidades: possui pequenas bolsas com óleo, coletado por abelhas específicas responsáveis pela polinização.

Texto Renata Putinatti. Fotos Tatiana Villa.

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