Como Criar e Manter Terrários e Dicas Essenciais para Ambientes Fechados e Abertos

Descubra como criar e cuidar de terrários, desde a escolha das plantas até a manutenção ideal para terrários abertos e fechados.

Sabe aquela pessoa que adora plantas, mas lamenta não ter tempo para cuidar, espaço livre ou mesmo grana para bancar os gastos com manutenção? Ela é uma forte candidata a ser dona de um terrário, mini-ecossistema – praticamente autossuficiente – que não exige prática, tampouco habilidade.

Para quem não tem experiência no trato de plantas, terrários são opções fáceis de manter. “Eles cabem em qualquer cantinho e precisam de poucos cuidados”, diz o designer de interiores Roger Evangelista, da JardimSP, da capital paulista. O segredo da longevidade está no princípio de tudo. “Condições de cultivo parecidas ajudam o terrário a viver bem por muito tempo”, afirma. A “validade” varia. “Há peças com mais de 50 anos. Se forem oferecidos os poucos cuidados que necessitam, podem durar muito”, continua. Ele mesmo tem um exemplar fechado de quatro anos que jamais adubou ou fez qualquer tipo de manutenção: “rego a cada seis meses e mais nada.”

CUIDADOS ESSENCIAIS

Especialistas explicam que o dia a dia acaba mostrando as necessidades de cada terrário, especialmente em relação à rega. Marcelo Fávero Paes, docente do curso técnico em Paisagismo do Senac Lapa Tito, na capital paulista, destaca que modelos abertos e fechados exigem cuidados diferentes. “Os primeiros precisam de regas periódicas e podem ficar mais expostos à luz natural do que os últimos, nos quais a reposição hídrica é espaçada ao longo do ano, mas adaptam-se bem à iluminação artificial”, diferencia.

Segundo o professor, a escolha consciente das espécies faz toda a diferença no bom desenvolvimento dos sistemas. As melhores opções para terrários fechados, dispostos em locais que recebem pouca luz natural, como escritórios, são as que vivem naturalmente em áreas úmidas, com chuvas regulares e solo rico em matéria orgânica. São exemplos: musgos em geral, como o musgo-tapete (Selaginella kraussiana), bem como planta-alumínio (Pilea cadierei), brilhantina (Pilea microphylla), ripsális (Rhipsalis bacífera), planta-mosaico (Fittonia verchaffeltii), peperômia marrom (Peperomia caperata), peperômia zebra (Peperomia sandersii) etc.

Já em terrários abertos, dispostos em locais que recebem bastante luz natural, as espécies mais indicadas são as que têm áreas secas, com boa luminosidade e chuvas esparsas, como seu habitat natural, e/ou as epífitas que, embora sejam de ambientes úmidos, não carecem de solo e têm sua rega exclusivamente foliar, espaçada e por aspersão. São exemplos: echeverias (Echeveria elegans, Echeveria imbricata e Echeveria pulvinata), dedo-de-dama (Mammillaria elongata), flor-estrela (Stapelia hirsuta), orelha-de-coelho (Opuntia microdasys), entre outras, além de suculentas e cactáceas em geral. Entre as epífitas, há tilândsia (Tillandsia spp.) e avenca (Adiantum raddianum).

Na prática, os sistemas abertos são como minijardins com espécies que precisam de pouca água. “A principal diferença entre epífitas, cactáceas e suculentas está na rega, pois as primeiras exigem um volume um pouco maior”, distingue Paes. De maneira geral, molha-se apenas quando a terra está seca, aguentando até um mês de intervalo entre uma rega e outra. O uso da pipeta é imprescindível, pois permite dosar a quantidade e despejar apenas sobre a terra, não diretamente na folha. “Nos que têm um musgo bem fininho, conhecido como musgo-tapete, pode-se gotejar água diretamente sobre ele”, ensina o designer de interiores.

Em relação às epífitas, o professor do Senac destaca que, além de bromélias, o plantio de orquídeas em terrários abertos está em alta. Dentre elas, destacam-se Cattleya spp., Adamantinia miltonioides, Rudolfiella sp., Isabelia violácea e Bletia catenulata. Elas precisam de um substrato de fixação para as raízes, como casca de pínus, musgo isfagno seco ou fibra de coco; regas semanais com borrifador umedecendo somente as folhas, nunca sobre as raízes e flores; e adubação foliar com NPK 04-14-08 diluído e borrifado de 15 em 15 dias ou de acordo com as instruções do rótulo.

Ainda que as plantas do deserto gostem de iluminação natural, nada de deixar o terrário aberto no sol intenso. Prefira locais que recebam os raios da manhã, com boa circulação de ar. Já ambientes com ar-condicionado devem ser evitados. Paes fala que, se exposto ao sol, a rega do terrário aberto pode ser semanal, mas sempre com um borrifador para não misturar as camadas. “A iluminação indireta é mais indicada, mas o correto é estudar as espécies cultivadas e usar aquelas com características hídricas e de luminosidade semelhantes. Independente de ser aberto ou fechado, fazer a reposição nutricional organomineral, ao menos duas vezes ao ano, é um cuidado essencial”, ensina o docente.

FECHADOS, DURÁVEIS E SAUDÁVEIS

Terrários fechados são excelentes companheiros para o estilo de vida moderno. Mantenha-os à sombra e em locais frescos. Podem ficar tanto em ambientes corporativos, adaptando-se bem às lâmpadas brancas e frias, como residenciais sem luz natural. Nesses ecossistemas encapsulados, as plantas produzem todo o necessário para viverem. O oxigênio gerado por meio da fotossíntese evapora das folhas e se condensa no vidro, formando gotículas que escorrem e são absorvidas pelas raízes, suprindo a necessidade de água. Por isso, a rega, quando necessária, é esporádica. Para checar se está na hora, observe se as paredes estão secas. Neste caso, use a pipeta e despeje sobre a terra ou use um borrifador para espirrá-la nas paredes; por outro lado, se houver “lágrimas” em excesso, deixe o terrário um pouco aberto, para a evaporação reequilibrar a umidade no sistema. Paes explica que nos terrários fechados a água deve ser reposta quando observado que não ocorre mais a condensação no vidro. Em média, pelo menos duas vezes ao ano e com água filtrada, pois o cloro pode escurecer o musgo.

Uma dica: a cor da terra e do musgo serve de indicativo: marrom-escura significa bastante umidade; marrom-clara, secura. Para certificar-se que está acertando no volume, repare ainda no tom das folhagens. Se amareladas e moles, pode ser excesso; se murchas e enrugadas, é falta. Ao abri-lo, aproveite para limpar a tampa, removendo toda poeira ou mofo acumulado. Retire também as folhas amareladas, pois a decomposição ajuda a propagar fungos. Em caso de mofo ou bolor, indica-se substituir a planta por outra sadia. Mas, atenção: “para que se mantenha a umidade necessária à vida das plantas, não abra mais que duas vezes ao ano ou apenas quando o vidro estiver muito embaçado”, ensina Paes.

EM CAMADAS

Para os amantes de decoração, dá para ousar na escolha do recipiente, que vai muito além dos aquários, e reciclar utensílios domésticos, de variados usos e tamanhos, de maneira criativa. Valem, até mesmo, as recém-aposentadas lâmpadas incandescentes. Basta higienizar e montar camada a camada, tendo em mente que a granulação dos componentes deve diminuir.

A base pode ser feita com pedras maiores ou argila expandida, que ajudam a drenar um possível excesso de água. “O mesmo serve para o carvão, que ainda diminui o odor da decomposição das folhas em terrários abertos. Porém, evite usá-lo em terrários fechados, para o mineral não competir com as plantas na absorção da umidade”, ensina Paes. Já o substrato deve ser disposto centralizado no terrário, cercado pelos elementos ornamentais. Para abertos, o substrato deve ser arenoso e, para fechados, rico em matéria orgânica.

Texto Amanda Agutili

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