Como Criar um Orquidário Perfeito

Aprenda a montar um orquidário ideal, considerando espaço, iluminação e cuidados específicos.

Como não se apaixonar por um espaço reservado para o cultivo exclusivo das orquídeas? Diversas espécies e híbridos em um único ambiente: flores rosas, lilases, amarelas… A seguir, reunimos dicas de como montar um orquidário e manter as plantas sempre saudáveis e bem acomodadas.

O primeiro passo é pensar no espaço disponível e na iluminação. Em seguida, basta atentar para itens como condições ambientais – luminosidade, ventilação e umidade do ar –, durabilidade do material que será empregado e funcionalidade.

Dê preferência a lugares que recebam sol no período da manhã, pois o excesso de luz da tarde pode queimar as plantas. Tente evitar a face sul (que bate menos sol) e opte pela face norte. Para melhorar a ventilação, o sentido mais apropriado é o leste-oeste.

Segundo o orquidófilo Ítalo Gurgel, de Fortaleza, CE, antes de decidir quais materiais utilizar e como será a cobertura e irrigação, é aconselhável visitar orquidários para se familiarizar com as soluções empregadas.

Ao avaliar a cobertura, é importante levar em consideração o excesso de chuvas, o que pode aumentar o nível de umidade. Aconselha-se o uso de filme agrícola com tela de sombreamento ou telhas translúcidas com forro de bambu, que servem tanto para locais com alta umidade, como para filtrar raios solares. Segundo a arquiteta paisagista Celeste Moraes, de Campinas, SP, a cobertura deverá manter o sombreamento do interior do orquidário entre 50% e 70%, já que o local abrigará orquídeas com diferentes necessidades em relação à luminosidade.

As bancadas devem ter medidas que facilitem o manuseio dos vasos. “Sugere-se altura mínima de 80 cm e largura entre 1,20 e 1,50 m, porém, se o cultivador for de estatura baixa, terá dificuldade em alcançar os vasos que estarão ao fundo ou mais altos. Esses fatores (largura x altura) devem ser bem dimensionados, assim como o corredor entre as bancadas, que não pode ser muito estreito, pois tornaria desconfortável o simples ato de pulverizar as plantas,” afirma a sócia-proprietária da Aflora Produtos e Cultivo de Orquídeas, Fátima Caires, de São Paulo, SP.

Optar por telas nas laterais oferece ainda mais proteção para as plantas, principalmente contra o ataque de insetos. O piso pode ser recoberto por brita, deque de madeira ou pedrisco.

Na hora de estruturar as orquídeas, lembre-se de colocá-las em bancadas metálicas ou de madeira. “Ao pendurá-las, é preciso tomar cuidado em relação ao peso do vaso e à distância entre as colunas de sustentação. Um erro de cálculo pode resultar no envergamento ou rompimento do caibro, mesmo ao usar madeira de lei,” complementa Gurgel.

Outra dica é a utilização de bancadas mais largas na parte inferior e estreitas na superior. Os exemplares que gostam de mais luz deverão ficar acima dos que preferem sombreamento. Lembre-se também de distanciar um vaso de outro para evitar o contato entre as plantas, o que pode causar pequenos ferimentos resultantes da fricção continuada ou até transmissão de doenças. Em caso de pragas e doenças, vale isolar a planta atacada e realizar a limpeza das folhas, replantio e corte cirúrgico no local afetado.

ACONCHEGANTE

A paisagista paulistana Barbara Uccello reservou um amplo espaço verde para criar seu orquidário. Localizado em São Paulo, usou um pergolado próximo à horta e ao pomar para dispor os 86 vasos. Em uma área com 16 m², a paisagista aguarda o crescimento das orquídeas para dividi-las e manter o ambiente bem florido. Além de adubá-las e usar substratos adequados, Barbara também indica colocar no fundo do vaso pedaços de cerâmica para reter umidade. Os recipientes são sustentados por arames presos a um gancho instalado na madeira da pérgola. O orquidário possui bastante diversidade, com Vanda, Oncidium, Laelia purpurata, Miltonia e Cattleya.

ENCANTADOR

O orquidário da orquidófila paulistana Priscila Corrêa da Fonseca foi idealizado em duas estufas de 8 x 3,40 m. O local chama atenção pela diversidade de orquídeas e é composto por vasos identificados com o nome da espécie ou híbrido. Nas prateleiras de madeira, frascos dão abrigo a mudas recentemente semeadas. Por lá, as orquídeas mais comuns são Cattleya walkeriana, Cattleya labiata e Laelia purpurata. A especialista ainda criou um sistema que funciona como um cardápio usado para facilitar a rotina de cuidados das orquídeas. Duas vezes por semana, ela administra adubo, cálcio, magnésio, inseticida e fungicida.

CHARMOSO

O orquidófilo Renato Endres, de São Paulo, SP, projetou um orquidário de 40 m² na casa de campo em Ibiúna, SP, onde cultiva Cattleya walkeriana, Oncidium, Laelia, Dendrobium e Coelogyne. A estrutura é feita com perfis de aço, vergalhões e outros; já na parte superior foram colocadas barras de ferro paralelas a 30 cm e hastes para pendurar os vasos. “Todo material de aço deve ser galvanizado e posteriormente receber pintura especial para evitar corrosão,” afirma Endres. O teto foi coberto com placas de policarbonato cristal (sem cor) de 6 mm. “Vale lembrar que a estrutura e as placas devem ser resistentes o suficiente para caminhar sobre elas e fazer a limpeza,” completa.

COM VISTA PARA O JARDIM

A paisagista Sônia Infante, de Itaipava, Rio de Janeiro, RJ, elaborou um charmoso orquidário construído sobre a laje para aproveitar a bela vista do jardim. Estruturado com madeira, suas laterais foram preenchidas com quadros de telas para controlar a luminosidade. A cobertura é feita de policarbonato, o que também ajuda na hora de filtrar a incidência solar e mantém a temperatura interna adequada às plantas. A bancada de ripado de madeira simplifica a disposição dos vasos – a maioria com Cattleya. Já o chão é revestido por pedra brita, o que dificulta a entrada de pragas e assegura umidade elevada.

Texto Vanessa Barcellini. Fotos Evelyn Muller e Gui Morelli.

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