Dendrobium, Cultivo e Cuidados Essenciais

Den. phlox

Descubra como cultivar e cuidar de orquídeas Dendrobium com dicas práticas e técnicas eficazes.

Com mais de 1.200 espécies reconhecidas, o gênero Dendrobium é o segundo maior grupo de orquídeas, perdendo apenas para o Bulbophyllum. Os primeiros exemplares surgiram na Ásia Tropical e Subtropical, estendendo-se para a região que abrange Filipinas, Nova Guiné, Austrália e Nova Zelândia. É tão amplo que apresenta as mais variadas características. Alguns representantes possuem flores únicas e, em outros, a quantidade é maior, sem falar no tamanho – as florações podem ser minúsculas ou grandes e vistosas – e nas cores, que podem ter tons de rosa, lilás, amarelo ou laranja.

Estabelecido em 1799, o nome Dendrobium vem da junção de duas palavras gregas: dendros (árvore) e bios (vida) e está relacionado ao fato de a maioria das espécies ser epífita. “Embora muitas desenvolvam-se em árvores, também é possível encontrar alguns exemplares litófitos, ou seja, em pedras e rochas”, comenta Creuza Muller, proprietária do Orquidário da Mata, localizado em São Paulo, SP.

Popularmente conhecido como olho-de-boneca em razão do tom contrastante do labelo em relação ao das pétalas, o gênero Dendrobium tem forte apelo popular e não apresenta dificuldade no cultivo. É, inclusive, indicado para iniciantes.

DIFERENÇAS IMPORTANTES

Os Dendrobium apreciam regiões tropicais e, por isso, adaptam-se bem às condições climáticas brasileiras. “Devido à abrangência do grupo, é recomendado pesquisar detalhes sobre a espécie adquirida antes de iniciar o cultivo”, lembra Luiz Henrique Garcia, orquidófilo, paisagista e proprietário do Orquivo Flor e Flora, de Rio Claro, SP.

De acordo com o profissional, podem ser divididos em seis grupos. O primeiro abrange exemplares com folhas decíduas e deve ser mantido em temperatura intermediária ou quente durante a Primavera e o Verão e fria no Inverno. Na fase de crescimento, as plantas devem ser regadas e adubadas frequentemente, com bastante iluminação. Nos meses mais frios, esse processo é interrompido para que a floração aconteça. “Podemos citar como exemplo Dendrobium nobile, Dendrobium chrysanthum e Dendrobium wardianum”, afirma. No segundo grupo entram espécies que devem ser mantidas em locais quentes o ano todo, com exceção do Inverno, quando entram em período de repouso e apreciam áreas secas. A rega é leve e existe somente para que os pseudobulbos não murchem. São os únicos representantes de Dendrobium que podem se adaptar em ambientes internos, como Dendrobium anosmum e Dendrobium perardii.

O terceiro caso envolve orquídeas com folhas resistentes e forma de cultivo semelhante ao do primeiro conjunto, como Dendrobium densiflorum e Dendrobium farmeri. A diferença é que não apresentam período de repouso.

Há também algumas espécies de alta altitude que preferem regiões frias com boa luminosidade, caso do Dendrobium formosum e Dendrobium victoriae-reginae. A temperatura deve ser de no mínimo 12ºC no Inverno e 15ºC no Verão.

O próximo grupo tem necessidades de cultivo bem parecidas ao do anterior, mas apresenta particularidades sobre o período de descanso, apontado como inexistente por alguns orquidófilos. Outros profissionais, no entanto, afirmam que a etapa de desenvolvimento surge cerca de três semanas após o início do crescimento. Aqui aparecem Dendrobium taurinum e Dendrobium veratrifolium.

A principal diferença da sexta variedade é a rega: reduza após o desenvolvimento e intensifique no início da floração, diminuindo novamente para o aparecimento de novos brotos. “É essencial utilizar borrifador durante o racionamento de água”, comenta Garcia.

Os híbridos são muito comuns e incontáveis. “Exemplares gerados a partir de Dendrobium nobile e Dendrobium bigibbum são os que possuem maior aceitação no mercado”, conta Marcus Vinicius Locatelli, engenheiro agrônomo, consultor em orquidários e autor do blog Orquidofilia & Orquidologia, de Viçosa, MG. Alguns exemplos são Dendrobium cassiope, Dendrobium Valadeva e Dendrobium Berry ‘Oda’.

CUIDADOS BÁSICOS

De modo geral, apreciam o cultivo a pleno sol. “Como não costumam se desenvolver em locais onde o calor é muito intenso, é necessário manter o espaço ventilado, com telas de sombreamento de aproximadamente 40% ou coberturas de plástico semitransparente”, diz Creuza.

O substrato deve ser preparado com atenção. “A maioria das orquídeas do gênero possui raízes finas. Por isso, prefira materiais orgânicos misturados, como casca de pinus e fibra de coco”, comenta Locatelli.

Lembre-se de que doses excessivas de água podem encharcar o substrato, levando ao apodrecimento das raízes. Da mesma forma, o acúmulo de líquido nas folhas pode ocasionar manchas bacterianas e doenças fúngicas.

A adubação também deve ser constante. Garcia recomenda utilizar fertilizante NPK 30-10-10 ou 20-20-20 no mínimo duas vezes por mês. “No fim do Verão e início do Outono, quando a planta se prepara para entrar no período de dormência, é indicado adicionar fósforo (P)”, acrescenta.

O profissional do interior paulista afirma ainda que é fundamental que a orquídea fique firme no vaso. Por isso, opte sempre por um recipiente pequeno, que respeite a proporção das raízes. “Se o cultivo for feito desta forma, o substrato se decompõe mais devagar e o replante será realizado somente a cada três ou quatro anos”, comenta. Normalmente o procedimento acontece na Primavera, quando as raízes começam a crescer. Nunca faça o replantio durante o período de repouso, pois poderá ocasionar a perda completa do exemplar.

FLORAÇÃO

É outro aspecto bem interessante no gênero Dendrobium, já que a duração das flores é variada. A maioria gira em torno de duas a três semanas, mas há algumas exceções. “O Dendrobium cummingii floresce várias vezes ao ano e as inflorescências duram apenas um dia, enquanto o Dendrobium moschatum tem flores em um único período do ano por quatro dias”, comenta Locatelli.

Por outro lado, há registros que apontam a incrível duração de nove meses das flores do Dendrobium cuthbertsonii.

A época das floradas também varia conforme a espécie. Em algumas acontece nos meses mais frios, mas o auge é no fim do Inverno e começo da Primavera.

Para obter flores vistosas, alguns procedimentos são fundamentais. “A redução de regas durante o Inverno, somada à boa nutrição no período de crescimento dos novos bulbos, vai garantir o sucesso da floração”, comenta Creuza. O orquidófilo do interior paulista também aconselha que os exemplares sejam mantidos em local onde possam tomar sol até as 10 horas.

PRAGAS

Apesar de terem boa resistência, os Dendrobium não estão livres de pragas, como cochonilhas e pulgões, combatidos com produtos específicos. “Caramujos e lesmas costumam atacar os brotos e os botões das flores e devem ser retirados durante a noite”, diz a proprietária do Orquidário da Mata. Lembre-se de observar atentamente cada exemplar para evitar o aparecimento das pragas e ter um espaço vívido e colorido.

 

Texto Camilla Chevitarese

Texto Camilla Chevitarese

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima