Aprenda a cultivar flores a partir de sementes com dicas práticas para um jardim colorido e saudável.
As floríferas encantam e enchem de vida os recantos. Para criar espaços coloridos o ano inteiro, é possível o cultivo a partir de sementes de flores. “No paisagismo, podemos utilizar várias espécies floríferas por meio do método de propagação por sementes, que é considerado o de maior facilidade”, explica Luciane Maria Sala Santos, engenheira agrônoma e paisagista da Esalgarden, de Curitiba, PR.
Como escolher
O primeiro passo, antes de eleger a flor, é analisar o ciclo de vida da espécie – anual, bienal e perene –, para saber quando o plantio deve ser realizado, o surgimento das inflorescências e a duração. “Algumas germinam, produzem folhas, caules e flores, lançam sementes e morrem no decorrer de um único ano; outras possuem um ciclo de vida de dois anos, ou seja, só no segundo ano produzirão flores e lançarão sementes; e outras ainda são capazes de viver indefinidamente”, esclarece.
O critério para escolher as sementes de flores é conhecer o local de origem das plantas e a estação do ano. “Algumas espécies necessitam de frio para o desenvolvimento e, dessa forma, o plantio não é indicado no Centro-Oeste, Norte e Nordeste, por exemplo. Outras só devem ser plantadas na primavera, evitando-se as outras estações do ano.”
As principais espécies utilizadas são as floríferas anuais, cuja semeadura deve ocorrer em épocas específicas do ano para florescerem na estação mais adequada a elas. Segundo a especialista, podem ser semeadas em mais de uma estação para garantir várias floradas. “Alguns exemplos são rabo-de-gato (Amaranthus caudatus L.), angelônia (Angelonia minor), crista-de-galo-plumosa (Celosia argentea L.), cravina (Dianthus chinensis L.), sangue-de-adão (Salvia splendens) e tagete (Tagetes erecta L.)”, elenca. Entre as perenes, destacam-se flor-da-fortuna (Kalanchoe blossfeldiana), amarelinha (Thunbergia alata) e cinerária (Senecio cruentes).
“As anuais são ótimas para lugares em que o intuito é ter muitas flores. Elas exigem mais água, adubação e outros cuidados, além de replantio todos os anos. As perenes fornecem estrutura estável e formam espaços ajardinados com menos exigências”, ensina Suéllen Silva, analista de mercado da Agristar, que produz e comercializa sementes.
A semeadura
As sementes de flores devem possuir boa genética e serem livres de pragas e doenças. Grande parte é comercializada em pacotes de plástico ou papel-alumínio. “As embalagens contêm as informações necessárias de plantio adequado para cada espécie. É importante estar atento às instruções fornecidas nos rótulos”, esclarece a profissional da Agristar.
A dica da engenheira agrônoma para quando não usar todo o conteúdo é guardar as sementes empacotadas na embalagem bem vedada, pois nela há também a validade. “Armazene-as em locais escuros, secos e bem ventilados para que não mofem e percam seu poder germinativo.”
Algumas espécies toleram o plantio diretamente no local, mas a maioria é sensível e necessita de ambiente protegido com luz, temperatura e irrigação controladas para germinar. “Normalmente, são semeadas em bandejas de poliestireno expandido (isopor), sacos plásticos ou tubetes, sendo colocadas, em média, duas sementes por célula a uma profundidade média de 5 cm”, informa.
Após vinte ou trinta dias, de acordo com a espécie, realiza-se o desbaste e o transplante. “Antes de serem transplantadas para o local definitivo, as mudas precisam passar por um processo de aclimatação, o qual consiste em colocá-las algumas horas por dia, aumentando gradativamente, no ambiente externo para que elas se adaptem às condições às quais ficarão expostas. O processo deve ser executado durante aproximadamente uma semana”, alerta.
No transplante, Luciane explica que é feita uma pequena cova para cada planta. Fertiliza-se e acomoda-se a muda bem no centro da cova, preenchendo as laterais com a terra adubada e regando-a sempre pela manhã e ao entardecer. “A adubação dessas espécies se dá no momento do transplante, com esterco curtido e NPK 04-14-08 misturados com a terra. Posteriormente, serão realizadas adubações para manutenções das espécies.”
Suéllen salienta que algumas flores, como o amor-perfeito e a calêndula, são mais delicadas e o transplante não é recomendado. “As sementes deverão ser plantadas já no local definitivo de crescimento da muda.”
A irrigação é fator essencial no momento da germinação das plantas. Sem água, ocorre a má formação e, até mesmo, a desidratação e morte da semente. “A florífera deve ser bem irrigada para que não murche no período de adaptação.”
Cravina (Dianthus chinensis L.)
Maciços formando bordaduras a pleno sol. Devem ser postas para germinação no Outono para florescerem nos meses de Inverno e Primavera.
Angelônia (Angelonia minor)
Maciços coloridos em amplos gramados a pleno sol. Tolera o frio. Floresce na Primavera e no Verão. Deve ser plantada no início do Verão.
Tagete (Tagetes erecta L.)
Canteiros a pleno sol. Pode ser cultivada em qualquer região sem restrições. Estações recomendadas para germinar são a Primavera e o Verão.
Flor-da-fortuna (Kalanchoe blossfeldiana)
Pode ser cultivada em jardineiras e vasos em interiores bem iluminados e, também, diretamente no solo como bordadura de canteiros e ao longo de passeios. Aprecia temperaturas amenas de Inverno, mas não resiste a geadas.
Crista-de-galo-plumosa (Celosia argentea L.)
Maciços densos coloridos indicados para canteiros a pleno sol. Não tolera temperaturas baixas de Inverno. Deve ser semeada na Primavera para florescimento no Verão.
Rabo-de-gato (Amaranthus caudatus L.)
Arbusto sublenhoso utilizado em beira de muros e paredes a pleno sol. Apresenta melhor desenvolvimento em regiões de clima ameno, onde é semeada na Primavera.
Vinca (Catharanthys roseus)
Indicada para compor bordaduras e maciços em canteiros a pleno sol. Na maior parte do país, seu plantio é realizado de abril a setembro. Na região Sul, de agosto a fevereiro.
Amor-perfeito (Viola Tricolor L.)
Compõe bordaduras e maciços em canteiros a pleno sol. Aprecia o frio, sendo indicada para as regiões de altitude do Sul do país, com germinação no Outono.
Sangue-de-adão (Salvia splendens)
Recomendada para bordaduras e maciços coloridos a pleno sol. Aprecia climas frios e floresce na Primavera e no Verão.
Flores anuais oferecem exuberância, enquanto as perenes criam estabilidade com menor manutenção.”
Texto Janaína Silva. Fotos [1] Antonio Di Ciommo, [2] Depositphotos, [3] Evelyn Müller, [4] Hamilton Penna, [5] Larissa Scalone [6] Tatiana Villa