Descubra como criar híbridos de orquídeas, aprimorando a qualidade genética e garantindo uma floração deslumbrante.
Mesmo com a beleza natural das orquídeas, a procura por híbridos segue em crescimento constante. “É um recurso de extrema importância que visa aprimorar a qualidade genética da planta e melhorar as características morfológicas”, afirma o engenheiro agrônomo Marcus Locatelli, de Viçosa, MG.
A criação pode parecer uma tarefa fácil, mas nem todos os gêneros são compatíveis. Por isso, a atenção deve ser redobrada. Visivelmente, nota-se por instinto semelhanças entre as espécies. “A análise correta leva em conta também a ploidia de cada exemplar, ou seja, o número de cromossomos que apresenta. Se forem diferentes, o cruzamento não dará certo”, explica o botânico e pesquisador Renato Ximenes Bolsanello, de Barueri, SP.
PODE APOSTAR
Para saber se os gêneros são compatíveis, é necessário avaliar se os exemplares pertencem ao mesmo grupo botânico. Locatelli cita como exemplo as Cattleya, que costumam apresentar bons híbridos gerados por cruzamentos entre elas e com Laelia, Brassavola e Sophronitis. “Orquídeas do gênero Oncidium também podem ser combinadas. Elas se dão bem ainda com Rodriguesia e Miltonia”, explica.
Algumas representantes de Dendrobium apresentam números diferentes de cromossomos e não podem ser cruzadas. Por isso, é preciso pesquisar detalhadamente cada exemplar antes da combinação.
Como muitos detalhes não são vistos a olho nu, o procedimento só pode ser feito em laboratório e por especialistas.
VANTAGENS
Durante o processo de hibridização, os gêneros são escolhidos de acordo com a variedade, morfologia e cores das flores. “Quando bem selecionado, o híbrido pode adquirir a qualidade de vários grupos, tornando-se um destaque entre as demais. O mais indicado é fazer a escolha dos exemplares quando eles atingem a idade reprodutiva para que todas as características estejam visíveis”, afirma Bolsanello.
Com tudo pronto, inicia-se a fase de polinização, onde políneas da planta-pai são coletadas e introduzidas no estigma da planta-mãe. “Na fecundação, uma série de mensageiros químicos (ou proteínas) são enviados do pólen para o óvulo. Muitas vezes, essa informação não é reconhecida e o cruzamento é interrompido”, diz o engenheiro agrônomo.
Por apresentarem variada bagagem genética, os híbridos costumam ter boa adaptação, principalmente na capacidade de sobrevivência e periodicidade de floração. Podem aceitar diversos tipos de substrato e formas de irrigação e adubação. Normalmente, são menos sensíveis a variações de clima, temperatura e iluminação. “Muitas vezes as cores e as formas obtidas com os híbridos são impossíveis na natureza, pois os exemplares reprodutores encontram-se isolados”, comenta Locatelli.
Com todas essas vantagens, são muito indicados para iniciantes. No Brasil, os híbridos mais comuns são Blc. Chia Lin (Blc. Oconee x Blc. Maitland), Blc. George King ‘Serendipity’ (Blc. Buttercup x C. Bob Betts) e Blc. Durigan (Blc. Waianae Leopard x C. Corcovado). “Além das Cattleya, exemplares derivados de Phalaenopsis e Dendrobium possuem boa aceitação comercial”, destaca Bolsanello.
HÍBRIDOS NATURAIS
Não necessitam de interferência humana e são gerados por espécies que vivem em regiões próximas na natureza e que apresentam a mesma compatibilidade genética. O cruzamento acontece durante a polinização, quando a flor de uma espécie recebe pólen de outra. Um dos mais conhecidos é a C. Dolosa (C. loddigesii x C. walkeriana).
Texto Camilla Chevitarese Fotos [1] Antonio Di Ciommo, [2] Daniel Mansur, [3] Edu Castello, [4] Eduardo Liotti, [5] Evelyn Müller, [6] Gabriel Guimarães, [7] Hamilton Penna, [8] Tatiana Villa e [9] Thiago Justo