Descubra as espécies ideais para uma horta caseira com rápido crescimento e fácil manutenção.
Aos que não têm paciência para esperar uma horta crescer, uma boa dica é começar por espécies que possuem um desenvolvimento rápido. Assim, não é preciso aguardar seu alimento saudável por muito tempo. Separe seu espaço de cultivo e mãos à horta! Luis Felipe Villani Purquerio, pesquisador do Instituto Agronômico (IAC) de Campinas, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, aponta para algumas hortaliças que possuem uma evolução mais veloz, são elas: alface, chicória e almeirão. “A alface é a espécie de folheosa de hortaliça mais consumida. A crespa leva 20 dias para formar a muda e 40 para colher, já a americana, 30 dias de muda e 50 para colheita. A rúcula é mais rápida, são 20 dias para a muda e com mais 28 você colhe. A chicória tem o tempo parecido com o da alface, já o almeirão, que é mais amargo, leva 30 dias para muda e de 40 a 50 para retirada.”
“Espécies de crescimento rápido como alface e rúcula são ideais para quem busca resultados em pouco tempo.”
Mas ele alerta que no inverno é tudo mais lento. “O ciclo é mais preguiçoso nas baixas temperaturas e mais ativo no verão. Há uma diferença de até 7 dias entre as estações.”
Para quem pode esperar um pouco mais, ele recomenda a raiz de rabanete, que leva 45 dias para ser consumida depois da muda plantada, e com 100 a 150 dias podemos ter tomate, pimentão, berinjela, abóboras, pepino e folheosas como repolho.
Mas fique atento às diferenças. “O material genético é variável. Dentro das alfaces há muitas variedades e cada uma tem uma especificidade. Ou seja, em cada espécie você tem vários cultivares com peculiaridades muito distintas, referente ao ambiente e ao tipo de cultivo.”
As paisagistas Vivian Perazzio e Mônica Leão, do Bem Verde Horta e Jardim, do Rio de Janeiro, indicam, além da rúcula, pepino, berinjela e tomate, a cebolinha e a salsinha, tão necessárias para os temperos de uma boa receita. “Para pessoas com pouca prática aconselhamos mudas. As sementes requerem maior habilidade e regas diferentes”, acrescentam.
“No inverno, as hortaliças desaceleram; no verão, o ciclo é mais rápido, com até 7 dias de diferença.”
DICAS E RESSALVAS
Purquerio informa que em qualquer local há como se ter uma horta. “Eu tive uma jardineira com quatro pés de alface e um pouco de manjericão. Não há o espaço mínimo, basta ter boa vontade”, conta. Ele explica que é um cuidado artesanal e que o solo deve estar quase sempre úmido.
Já as paisagistas Vivian e Mônica recomendam que, caso sejam utilizados vasos, atentar-se às dimensões. “O tamanho do vaso e a espécie que deseja plantar são importantes. Os muito pequenos requerem mais regas e menos terra significa menos nutrientes para a planta. Não os aconselhamos.” Elas ensinam que o espaço deve ter uma boa drenagem e pode ser feito o uso de pedrinhas ao fundo e areia e terra para tal.
Outra regrinha que elas relembram é sobre o consórcio de culturas. “A regra básica é juntar plantas no mesmo vaso que tenham as mesmas necessidades. Exemplo: manjericão gosta de mais água, já o alecrim é uma planta do Mediterrâneo e requer solo mais arenoso e menos rega.” Portanto, elas listam aqui algumas possíveis combinações: alecrim, sálvia e tomilho — precisam de solo mais arenoso e pouca rega; coentro, cebolinha e salsa — necessitam de solo bem orgânico e rega frequente. E há as espaçosas, como a hortelã, que de preferência devem ser plantadas sozinhas.
O profissional do IAC finaliza informando que o importante é entender que todas elas são seres vivos e que precisam de cuidados. “Além da irrigação é necessária a nutrição, que pode ser em forma de matéria orgânica.” Outro fator importante, de acordo com ele, é o cuidado com pragas. “Sempre olhar se tem pulgão ou insetos. Se tiver, retire com a mão mesmo, não compensa controle químico em pequena escala.”
Já as paisagistas esclarecem que são necessárias quatro horas de sol diárias e deixam uma dica caseira: “Separe cascas de ovos e deixe secar ao sol. Triture no liquidificador e as transforme em farinha. Use no solo na proporção de 1 colher de sopa para cada vaso — a cada 30 dias — é uma boa fonte de cálcio para as plantas.
Além disso, elas alertam que não devem ser usadas cascas de frutas e legumes direto nas plantas, pois isso faz surgir insetos, fungos e outras pragas. “Elas precisam ser decompostas adequadamente para serem utilizadas. Para adubar o solo, utilize húmus de minhoca por cima da terra, afofando e misturando-o à terra — uma vez ao mês”, concluem.
Confira algumas das espécies indicadas para ter uma horta express!
Cebolinha (Allium fistulosum)
Deve ser cultivada sob sol pleno em solo fértil bem preparado, enriquecido com matéria orgânica e irrigado regularmente. Ela vegeta em uma ampla faixa climática, adaptando-se ao frio e ao calor, mas prefere o clima ameno. Desenvolvimento em cerca de 85 dias.
Hortelã (Mentha sp.)
Por ser uma espécie rústica, seu cultivo é fácil. O solo deve ser fértil e enriquecido com matéria orgânica para uma boa produção. As regas devem ser regulares, deixando o solo permanentemente úmido, porém, sem encharcamento. Tolera geadas e é espaçosa, evite cultivá-la próxima a outras espécies.
Rabanete (Raphanus sativus)
De clima equatorial, mediterrâneo, subtropical, temperado e tropical, deve ser cultivado sob sol pleno, em solo fértil, drenável, neutro, enriquecido com matéria orgânica e irrigado regularmente. Aprecia o clima ameno. Sua origem é asiática e europeia. Leva 45 dias para ser consumida depois da muda plantada.
Hortelã (Mentha sp.)
Por ser uma espécie rústica, seu cultivo é fácil. O solo deve ser fértil e enriquecido com matéria orgânica para uma boa produção. As regas devem ser regulares, deixando o solo permanentemente úmido, porém, sem encharcamento. Tolera geadas e é espaçosa, evite cultivá-la próxima a outras espécies.
Alface (Lactuca sativa)
É de clima continental, equatorial, mediterrâneo, subtropical, temperado e tropical. Tem origem europeia e mediterrânea e gosta de sol pleno, mas deve ser protegida nas horas mais quentes do dia. Entre muda e colheita, leva de 60 a 80 dias, dependendo do tipo.
Tomate (Solanum lycopersicum)
Proveniente da América Central e do Sul, deve ser cultivado sob sol pleno, em solo fértil, profundo, drenável, enriquecido com matéria orgânica e irrigado regularmente. Aprecia o clima ameno. Tempo: de 100 a 150 dias.
Berinjela (Solanum melongena)
Deve ser cultivada sob sol pleno em solo fértil, drenável, enriquecido com matéria orgânica e irrigada regularmente. Não tolera o frio, geadas ou encharcamento do solo. A colheita começa em média com 110 dias.
“O tamanho do vaso e a drenagem influenciam diretamente o sucesso da sua horta caseira.”
Texto Carolina Pera Fotos [1] Antonio Di Ciommo, [2] Evelyn Müller e [3] Gui Morelli