Mltnps. Ivan Komoda ‘875’
Descubra as melhores práticas para o cultivo saudável das orquídeas Miltoniopsis e como prevenir pragas e doenças.
Conhecidas como plantas andinas por serem de origem colombiana, venezuelana, panamenha e equatoriana, as orquídeas do gênero Miltoniopsis chamam atenção pelas cores fortes. O nome, oficializado em 1976, vem da semelhança com a Miltonia. As seis espécies descritas são encontradas em regiões que vão do Peru à Costa Rica. “As principais características são a presença de pseudobulbos uni ou bifoliados, sépalas e pétalas livres e labelo largo e plano sem calosidades”, afirma Creuza Müller, proprietária do Orquidário da Mata, localizado na capital paulista.
Epífitas de florestas extremamente úmidas, com altitudes que variam de 200 a 2 mil metros acima do nível do mar, apreciam baixas temperaturas. Segundo o livro ABC do Orquidófilo, de Renê Rocha, professor, orquidólogo e orquidófilo de Aerado, MG, também são conhecidas como orquídeas-amor-perfeito por apresentarem similaridades com a planta usada em paisagismo chamada amor-perfeito (Viola sp). “A maioria é perfumada, principalmente pela manhã. Dependendo do tamanho, pode ter de duas a três hastes com quatro a cinco flores em cada e duração aproximada de 25 dias”, comenta Luiz Henrique Garcia, orquidófilo, paisagista e proprietário do Orquiviva Flor e Flora, de Rio Claro, SP.
VARIEDADES
Possuem boa aceitação comercial, sendo que a de maior destaque é a Mltnps. phalaenopsis, com pétalas e sépalas brancas e labelo em formato de asas de borboleta. Encontrada na Colômbia, próxima à Cordilheira dos Andes, apresenta facilidade no cultivo por ser de clima intermediário. É utilizada na produção do híbrido Mltnps. Waterfall.
A Mltnps. vexillaria ocorre em regiões com altitudes que vão de 1.300 a 2.150 metros acima do nível do mar. Por essa razão, necessita de clima frio para se desenvolver plenamente. As flores são coloridas e podem ser brancas com riscas rosadas ou mais escuras, atingindo de 5 a 10 cm de diâmetro.
Uma alternativa para o cultivo em locais com temperaturas elevadas é a Mltnps. roezlii. Deve ser mantida com 60 a 70% de sombreamento e ventilação constante nos dias mais quentes. A Mltnps. santanae suporta temperaturas acima de 30ºC e as flores, que chegam a 5 cm de diâmetro, são intensamente perfumadas. As menores flores do gênero são da Mltnps. bismarckii e não ultrapassam 4 cm, com tonalidade rosa-clara. A Mltnps. warszewiczii precisa de mais sombra do que as outras espécies.
É comum optar pelos híbridos por apresentarem maior facilidade em relação ao cultivo e flores coloridas. No Brasil, são muitos os apreciadores de Miltoniopsis. A jornalista Ananda Apple é um exemplo. Em sua homenagem e às filhas, o produtor paulista Sebastião Nagase criou os híbridos Mltnps. Ananda Apple, Mltnps. Ceo Apple e Mltnps. Liz Apple.
CULTIVO
Devem receber iluminação com intensidade média e sombreamento moderado. “A luz direta queimará rapidamente as folhas de consistência fina”, explica Garcia. Apesar de a temperatura adequada variar de acordo com a espécie, é essencial que a mínima seja de 15ºC. Segundo o especialista, a umidade do ar é um fator de extrema importância para o desenvolvimento da planta e deve ser de 70 a 75%. Se apresentar porcentagem mais baixa, pode favorecer o surgimento de doenças e pragas.
A orquidófila recomenda que o substrato tenha mistura própria para plantas com raízes finas. “Cascas de sementes pequenas com pedras de carvão e esfagno são bons materiais. É fundamental que ofereçam boa drenagem”, diz.
Recomenda-se hidratar diariamente, mantendo o substrato levemente úmido sem encharcá-lo. “Em seu habitat, a orquídea recebe grande quantidade de água. Por esta razão, não tolera o acúmulo de sais nas raízes”, explica o orquidófilo. Regue abundantemente uma vez por mês para eliminar o excesso de substâncias que afetam o desenvolvimento.
A adubação deve ser feita semanalmente, principalmente na formação de novos pseudobulbos, com adubo rico em fósforo (P), como o NPK 9-45-15. “Enquanto ainda for uma muda, o ideal é utilizar adubo foliar NPK 30-30-30. Quando adulta, a melhor opção é a formulação balanceada 20-20-20”, comenta Creuza. Lembre-se de que as espécies do gênero Miltoniopsis apreciam adubação orgânica diretamente no vaso a cada três meses. Para completar, borrife fertilizantes ricos em cálcio (Ca) e magnésio (Mg) todos os meses.
A floração ocorre ao longo do ano, mas o ápice acontece durante a primavera e o verão. “A ligeira coloração rosada nas flores indica o nível correto de luz. Tons vermelhos, amarelo-palha e intensamente coloridos mostram que a iluminação está acima do que a orquídea tolera”, conta Garcia. Outro sinal de que a exposição à luz não está adequada é notar sépalas e pétalas recurvadas.
A melhor época para o replantio é após o término desse período, quando não há mais flores e novos brotos começarem a surgir.
CONTROLE DE PRAGAS
Apesar de serem consideradas resistentes, as Miltoniopsis não estão livres de pragas e doenças. Podem sofrer ataques de cochonilhas, pulgões e formigas-cortadeiras. Além disso, o excesso de água pode levar ao surgimento de bactérias e fungos. Para prevenir, aumente a ventilação do ambiente e utilize inseticidas naturais. Não se esqueça de regar sempre no período da manhã para que a planta esteja seca até o anoitecer.
Texto Camilla Chevitarese Fotos Evelyn Müller e Samuel Alexandre