Segredos para Orquídeas Saudáveis e Flores Vibrantes

Entenda os macronutrientes e micronutrientes vitais para suas orquídeas e aprenda a aplicar adubos sem risco de excesso.

Assim como os seres humanos, as plantas também precisam de alimentação. Os nutrientes advindos dela são vitais para estimular seu adequado desenvolvimento e ajudar na manutenção de sua boa saúde. Portanto, quando há o cultivo de espécies vegetais, é fundamental estar atento ao fornecimento de adubo, já que esse é o seu alimento. Evidentemente que as orquídeas estão inseridas no mesmo contexto.

“O alimento é composto por minerais, sendo que o nitrogênio (N), o fósforo (P) e o potássio (K) — macronutrientes — são necessários em maiores quantidades. No entanto, as plantas precisam também dos micronutrientes (como boro, cálcio, cloro, cobalto, cobre, enxofre, ferro, magnésio, manganês, molibdênio e zinco), só que em menor proporção”, explica Sergio Ostetto, orquidófilo e proprietário do Ostetto Orquídeas, de Campo Grande, MS.

“Quando as orquidáceas se encontram em seu hábitat, a natureza se encarrega de fornecer esses elementos químicos por meio da simbiose (relação mutuamente vantajosa entre dois ou mais organismos vivos de espécies diferentes)”, afirma Vilberto Guidi, orquidófilo e proprietário do Vico Orquídeas, de Jundiaí, SP. “Nesse caso, a alimentação é obtida por meio da água da chuva, da umidade do ar, dos materiais decompostos, dos excrementos, entre outros, que são absorvidos pelas folhas e raízes”, detalha Ostetto.

No entanto, por não encontrarem as mesmas condições das matas, as plantas cultivadas domesticamente pedem adubação, que pode ser realizada com diferentes produtos, por exemplo, o fertilizante químico NPK, que fornece os principais nutrientes exigidos pelas espécies vegetais (nitrogênio, fósforo e potássio). Tendo cautela com esse procedimento, pode-se garantir um exemplar bonito e saudável.

“A nutrição das orquídeas pode ser comparada com a dos homens. As pessoas costumam se alimentar de arroz, feijão e carne, mas precisam de complementos como frutas, verduras e legumes. O mesmo acontece com as plantas, que devem receber NPK, porém ainda necessitam de micronutrientes”, exemplifica o proprietário do Ostetto Orquídeas.

Como são encontrados

Como dito anteriormente, existe uma série de adubos que podem ser fornecidos para as orquidáceas. Eles são classificados como inorgânicos, orgânicos e organo-minerais. Os primeiros, também chamados de químicos, são produzidos artificialmente em laboratório a partir de diferentes compostos minerais, enquanto os orgânicos têm origem natural, sendo obtidos da decomposição de matéria orgânica. Já os últimos são formados pela mistura dos dois já mencionados.

Torta de mamona, farinha de osso, húmus de minhoca, NPK e micronutrientes de diferentes marcas são alguns exemplos de fertilizantes disponíveis no mercado. De acordo com Guidi, todos podem apresentar bons resultados no cultivo de orquídeas. Porém, há ressalvas que estão relacionadas diretamente ao seu adequado uso. “Na verdade, um adubo químico ou orgânico enriquecido com micronutrientes é o alimento ideal”, destaca o especialista sul-mato-grossense.

Sabendo disso, vale lembrar desses elementos químicos, pois, apesar de serem necessários em menores quantidades, são essenciais para o bom desenvolvimento das plantas. Portanto, deve-se evitar adubos que não os possuam em sua composição. “É recomendado adquirir aqueles que indiquem sua fórmula no rótulo. Não existem produtos milagrosos. Nesse caso, também é possível fazer um paralelo com os seres humanos. Por exemplo, quem toma anabolizantes para obter mais músculos estimulará o surgimento de sérios problemas”, relata Ostetto.

Eles podem ser adquiridos nas formas líquida, sólida ou em pó. De acordo com o proprietário do Vico Orquídeas, para fazer a escolha certa é aconselhável analisar a praticidade de aplicação, dissolução e armazenamento. Os líquidos devem ser dissolvidos em água e pulverizados em todo o exemplar. Encontrados em grãos, farelos e pastilhas, os fertilizantes sólidos podem ser simplesmente colocados sobre o substrato ou dissolvidos. Já os em pó também devem ser diluídos em água.

Como devem ser aplicados

Guidi e Ostetto informam que o adubo deve ser fornecido constantemente para as orquídeas. Porém, o especialista sul-mato-grossense acredita que durante o inverno, quando as espécies vegetais têm o ritmo de seu metabolismo bastante reduzido, exigindo menos nutrientes, pode-se diminuir a frequência, mas sem interromper por completo.

Já em relação ao período adequado do dia, o proprietário do Vico Orquídeas ressalta que nunca se deve realizar o procedimento com sol direto muito forte, sobretudo no caso de produtos químicos, já que podem queimar a planta devido aos seus sais. “De forma geral, o ideal é borrifá-lo antes do meio-dia, pois os estômatos (válvulas na superfície das folhas responsáveis pela realização de trocas gasosas) estão abertos, o que melhora a absorção do fertilizante.”

Como a família Orchidaceae abrange um número muito grande de espécies com características bastante distintas, é complexo definir uma frequência precisa que abranja todas. No entanto, Guidi conta que, generalizando, é recomendada a adubação uma vez por semana com dosagem um pouco abaixo da descrita pelo fabricante do produto adotado. “Nunca use em excesso.”

O especialista sul-mato-grossense concorda. “É possível realizar a adubação em doses homeopáticas — semanalmente —, mas também pode ser feita duas vezes por semana desde que seja usada uma dosagem mais concentrada, adotando fertilizantes líquidos ou em pó dissolvidos. Para intervalos mais longos, são utilizados os farelados a cada dois ou três meses.”

Uma dúvida constante de cultivadores de orquídeas é quanto à proporção que se deve usar quando se opta pelo NPK. Para não haver erro, aconselha-se o emprego de uma formulação balanceada, ou seja, que contenha a mesma quantidade dos três macronutrientes, por exemplo, NPK 10-10-10. No entanto, há proporções destinadas a cada fase vegetativa da planta.

“As fórmulas são representadas por números que indicam o percentual de elementos nutritivos. Por exemplo, no NPK 30-10-10, o primeiro número indica a porcentagem de nitrogênio (30%), o segundo de fósforo (10%) e o terceiro de potássio (10%)”, ensina Ostetto, afirmando ainda que cada um deles apresenta uma função importante para o desenvolvimento saudável da espécie vegetal.

No caso dos macronutrientes, particularmente, o N estimula o desenvolvimento, forçando o surgimento de novas raízes. Já o P é responsável pelo estímulo da floração e pela formação e amadurecimento das sementes, além de favorecer um crescimento rápido e vigoroso. Regular o consumo de água e aumentar a resistência ao aparecimento de doenças são responsabilidades do K.

“Conforme o estado vegetativo, a planta pode necessitar mais de um ou de outro elemento. Assim, para as novas ou replantadas, recomenda-se o uso de uma fórmula rica em nitrogênio. Enquanto para exemplares adultos, aplica-se um fertilizante equilibrado, que apresente as mesmas quantidades dos três nutrientes básicos, como 7-7-7, 10-10-10, 20-20-20, 23-23-23, 30-30-30”, indica o especialista sul-mato-grossense.

Ele completa relatando que, no início da floração, deve-se utilizar adubo com bastante fósforo. Já para prevenir moléstias e fortalecer o exemplar, pode-se optar por uma fórmula com mais potássio.

Cuidados

De acordo com Guidi, o produto deve ser borrifado, molhando as folhas até que a água escorra, chegando ao substrato e às raízes. Para obter sucesso nunca exagere na quantidade. “O uso em demasia costuma acontecer, pois muitas vezes as pessoas se enganam com sua eficiência. Ele faz efeito! É só esperar, já que age de forma lenta e gradual.”

Também é preciso ficar atento ao escolher o fertilizante, já que ele precisa apresentar todos os elementos exigidos pela planta. “Qualquer orquidácea tratada somente com o adubo básico, NPK, sem os micronutrientes, com o passar do tempo apresentará deficiências. Excessos também são prejudiciais”, enfatiza o proprietário do Ostetto Orquídeas.

No caso de produtos químicos em quantidade superior à necessária, o especialista jundiaiense informa que ocorrerá a queima de todo o exemplar. Caso seja usado NPK 30-10-10, por exemplo, o nitrogênio, que aparece em maior proporção, fará a planta crescer sem resistência. Já os orgânicos possivelmente queimarão as raízes, cozinhando-as.

Vale destacar que a orquídea absorve somente a quantidade de nutrientes que realmente precisa. Com isso, conclui-se que não adianta colocar mais, acreditando que ela crescerá com mais vigor. O resultado será negativo.

Outro fator a ser considerado é o pH da água. “Ele deve estar sempre entre 6 ou 7, ou seja, levemente ácido ou neutro”, garante o proprietário do Vico Orquídeas. Portanto, também é importante ter cuidado com a água.

Todos esses fatores, quando não observados, provocam sérios problemas à planta, podendo até matá-la. “Por esse motivo, é importante prestar bastante atenção nas instruções que constam nas embalagens dos produtos, para não correr o risco de perder suas queridinhas”, finaliza o especialista sul-mato-grossense.

Texto Fernanda Oliveira Fotos [1] Christiane Ceneviva, [2] Larissa Scalon e [3] Tatiana Villa

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