Sophronitis: Flores Vibrantes e Cuidados Essenciais

Soph. cernua var. amarela

Explore o fascinante mundo das Sophronitis, suas características, técnicas de cultivo e dicas para garantir floradas abundantes e saudáveis.

Não há como ignorar as flores das Sophronitis. Apesar de pequenas, são bem formadas e apresentam colorido vibrante, que varia entre os tons vermelho, amarelo, alaranjado, magenta e róseo. Relativamente fáceis de cultivar, são plantas muito populares entre os orquidófilos brasileiros.

Registrado pela primeira vez em 1828 por John Lindley, o gênero é encontrado no Brasil, no Paraguai e na Argentina. “Contém apenas nove espécies, que se distribuem desde o Sul até o Nordeste do país, tendo seu ponto de riqueza e dispersão na região Sudeste. São plantas diminutas, que, preferencialmente, vegetam em matas úmidas e frias, sempre em grandes altitudes, salvo Soph. cernua e Soph. alagoensis, que ocorrem em altitudes baixas e gostam de clima quente”, informa o orquidófilo Reginaldo de Vasconcelos Leitão, de Governador Valadares, MG.

De acordo com Solange Menezes, orquidófila e presidente da Sociedade Orquidófila Cantareira (Socan), de São Paulo, SP, também há representantes rupícolas. “Apresentam pseudobulbos ovóides curtos e unifoliados e inflorescência que emerge do ápice, carregando de uma a várias flores. A coluna é, geralmente, um tanto curva e sua antera carrega oito políneas. Morfologicamente, Sophronitis e Cattleya são gêneros muito próximos, apenas separados pelo número de políneas: a Cattleya tem quatro”, detalha.

Em razão das flores com tons vivos e formas arredondadas, os exemplares deste grupo são utilizados com frequência em cruzamentos entre si ou intergenéricos, especialmente com Cattleya (resultando em Sophrocattleya) e Laelia (Sophrolaelia), ou ambos (Sophrolaeliocattleya). “Um exemplo é a Soph. Arizona, mistura da Soph. brevipedunculata x Soph. coccinea, registrada em 1983. É um híbrido resistente e com flores de 5 x 5 cm, bem maiores que as da espécie, e até hoje é bem aceito no mercado”, revela Solange.

Sophrocattleya Mini Collins, Sophrolaelia Marriottiana, Slc. Ayrton Senna, Slc. Jewel Box, Slc. Vallezac e Slc. Wendy’s Valentine ‘June’ também são híbridos famosos. As espécies mais queridas dos orquidófilos são Soph. coccinea, Soph. wittigiana e Soph. cernua. “Esta última, com flores amarelas, é objeto de desejo dos colecionadores por ser rara na natureza e nos orquidários”, adicina a presidente da Socan.

TRATOS CULTURAIS

Normalmente, as Sophronitis florescem no outono e na primavera e costumam enfeitar o orquidário por duas semanas. Sem perfume, as flores podem aparecer solitárias ou em cachos, de acordo com a espécie.

Para garantir floradas todos os anos, é preciso estar atento às suas exigências. “É necessário que sejam cultivadas em locais ventilados, com boa luminosidade e umidade. Podem ser acondicionadas juntamente com as Cattleya, pois ambas precisam das mesmas condições para se desenvolverem bem”, observa o orquidófilo mineiro.

Além de oferecer um ambiente propício com temperaturas entre 10 e 32ºC, vale destacar a importância da rega correta, já que as orquídeas deste grupo são suscetíveis a ataques de fungos, cochonilhas, nematoides e pulgões, e o excesso de água favorece o aparecimento destes patógenos. Em geral, a irrigação deve ser feita três vezes por semana.

Outro ponto crítico no cultivo, segundo Solange, é a escolha do substrato. “Como a maioria é epífita, é melhor plantá-las em placas de madeira. Algumas experiências com pedra brita e casca de pinus com carvão também surtiram efeito favorável. Não é recomendável usar substrato que retém muita água (como o esfagno), pois as raízes podem apodrecer”, ressalta.

Para vegetarem de forma saudável, o exemplar deve enraizar bem sobre a placa, fato que pode levar algum tempo. Por isso, evite manuseá-lo muito e fazer cortes ou mudas frequentes. “O ideal é não replantar. Se a placa ficar pequena, fixe-a em outra maior, sem mexer na planta. Se estiver em vaso, retire o bloco todo do recipiente (planta e substrato velho), coloque-o em outro maior e apenas complete o espaço com substrato novo. Mova-a o mínimo possível para evitar estresse”, acrescenta Solange.

A adubação deve ser balanceada e feita, pelo menos, uma vez por mês, com produtos à base de fósforo (P) para estimular a floração. Aplicar fertilizante foliar quinzenalmente também é boa pedida para nutri-las.

“Orquídeas coletadas das matas são muito difíceis de se adaptarem em orquidários ou residências e estão mais propensas a doenças e morte. A alternativa é comprar exemplares produzidos em laboratório”, enfatiza a presidente da Socan.

NOMENCLATURA

Esta reportagem foi feita com base na antiga nomenclatura do gênero. De acordo com Solange, análises recentes do DNA de vários integrantes da subtribo Laeliinae, à qual a Sophronitis pertence, demonstraram que as espécies brasileiras do gênero Laelia são mais relacionadas com as do gênero Sophronitis. Como o gênero Laelia foi estabelecido com base em uma planta mexicana, Van den Berg & Chase (2000) transferiram todas as Laelia endêmicas do Brasil para o gênero Sophronitis e decidiram interpretá-lo sob um conceito amplo. “Entretanto, esta opinião não é compartilhada por Chiron & Castro (2002), que seguem um caminho oposto e consideram vários grupos de espécies afins de Sophronitis como pertencentes a gêneros distintos. Mas esta discussão ainda não está fechada”, afirma

 Texto Paula Andrade

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