Xerófitas: O Jardim Sustentável que Economiza Água

Aprenda a cultivar xerófitas e como elas oferecem beleza exótica com baixa manutenção e consumo de água.

Faltou água? Infelizmente, nada mais atual do que a escassez de recursos hídricos. Para esses tempos difíceis, optar pelas xerófitas em projetos paisagísticos pode ser uma boa pedida. O fato de dispensarem água, além de tudo, as torna realmente práticas para o dia a dia de quem deseja ter um jardim, mas não possui tempo suficiente para atentar à questão da rega. “Essas plantas são muito rústicas e resistentes ao sol forte. Para manutenção, é necessário apenas retirar as folhas velhas trimestralmente e fazer uma adubação orgânica anual”, destaca Gerson Junior, paisagista da empresa Mosaico Paisagismo, de Belo Horizonte, MG. Há profissionais que indicam mais praticidade ainda no trato com essas espécies vegetais. “As xerófitas são próprias de ambientes áridos como a caatinga, ou seja, não gostam de adubação, apenas de terra seca”, considera a paisagista Eliane Falanga, de Guarujá, SP.

Os caules e raízes dessas plantas são responsáveis por armazenar água e mantê-las saudáveis em períodos de estiagem. Os espinhos também fazem parte desse sistema particular de economia. Outro ponto no resguardo da umidade é o fato de essas espécies deixarem os estômatos fechados no período do dia e abertos à noite, pois nesse período a evaporação diminui. Para se ter uma ideia, é necessário regá-las apenas uma vez por mês em ambientes domésticos. “Para limpá-las, a dica é borrifar um pouco d’água”, indica Eliane.

Além dos conhecidos cactos (Cactaceae) – família botânica que inclui mandacaru (Cereus repandus), urumbeta (Nopalea cochenillifera), figueira-da-índia (Euphorbia ingens), entre outras espécies – também compõem esse resistente time aloe vera (Aloe arborescens) e agaves (Agavaceae). Práticas, as xerófitas também possuem uma beleza ímpar e exótica em seus contornos e podem compor projetos em varandas, jardins, ambientes fechados e outros lugares onde a criatividade tem espaço. Os cactos, por exemplo, ainda contam com uma floração de destaque. Apesar de tantas características positivas, vale atentar para alguns pontos importantes antes de incluí-las em casa. “Deve-se considerar que algumas espécies apresentam toxicidade, exigindo o conhecimento técnico de um paisagista para a introdução de exemplares sem riscos para crianças e animais domésticos. No caso de um jardim de inverno, uma barreira com vidro bloquearia o acesso. Sobre os vasos, seria interessante utilizar modelos mais altos”, destaca Junior. O local do plantio também faz diferença. Recipientes com drenagem, por exemplo, são uma boa opção para evitar o excesso de água que pode comprometer o sistema radicular da planta, levando-a à morte.

Na região Sudeste, o cultivo das xerófitas está virando tendência, justamente pelo clima cada vez mais quente e seco. “O Brasil é perfeito para a introdução dessas espécies pelo fato de termos temperaturas altas praticamente o ano todo. E o Sudeste apresenta uma característica interessante: durante o dia, temperaturas altas, e à noite, temperaturas bem mais baixas. Essa oscilação reproduz o clima de deserto”, avalia Junior. A região Sul do país, por ser mais fria, não é tão confortável para as xerófitas. Uma curiosidade: algumas pessoas associam as espécies à má sorte, algo que Eliane contesta. “São plantas usadas contra sentimentos agressivos, deixam o ambiente mais tranquilo”, finaliza com humor.

Texto Cristina Tavelin. Fotos: [1] Evelyn Müller, [2] Hamilton Penna, [3] João Gimenez, [4] Tarso Figueira e [5] Tatiana Villa.

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