Evite os Erros Comuns e Tenha Sucesso no Cultivo de Orquídeas

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Descubra as melhores práticas para o cultivo de orquídeas no Brasil, evitando erros que prejudicam suas plantas.

“O que mais mata as plantas é o excesso de cuidados e a falta de informações. Substratos errados, adubação irregular, regas excessivas, umidade deficiente no ambiente, vasos errados, enfim, uma série de coisinhas básicas que levam ao fracasso o cultivo.” A afirmação do orquidófilo catarinense Carlos Gomes, publicada no livro ABC do Orquidófilo (2008, Editora Agronômica Ceres), escrito pelo orquidólogo e professor René Rocha, explica resumidamente e com propriedade alguns motivos pelos quais o trato das orquídeas nem sempre resulta naquilo que se espera.

Por mais que algumas sejam, de fato, “enjoadinhas”, o problema pode não estar na espécie, mas sim onde e como ela está alocada. Para o autor e professor, ao contrário do que a maioria das pessoas pensa, não é difícil cultivá-las. “O grande ponto é a informação específica e adequada para cada espécie e o local onde será cultivada, lembrando do clima, da umidade e da temperatura”, afirma.

Com o conhecimento apropriado, o restante pode ficar ainda mais fácil. “No Brasil, o clima é muito variado. Isso é uma boa vantagem, uma vez que a maioria das orquidáceas se adapta por aqui”, revela o engenheiro agrônomo Eduardo Luís Martins Catharino, diretor e curador oficial do Orquidário do Jardim Botânico de São Paulo. “Nosso país tem dimensões continentais com climas e geografia completamente diversos”, reforça Rocha.

Segundo o professor, os avanços no melhoramento genético proporcionam que mesmo as nativas de difícil trato sejam selecionadas de modo a se tornarem viáveis para a cultura doméstica. “Isso está democratizando a aquisição dos exemplares”, acredita.

TERMÔMETRO

Atentar-se para a região brasileira em que a coleção está também deve ser um item importante e primordial. “Basta escolher o exemplar que se adequa facilmente ao clima do local”, explica Catharino. De acordo com Rocha, as orquídeas vegetam, principalmente, em temperaturas variáveis entre 15 e 25ºC. No entanto, a regra não é genérica. Algumas preferem temperaturas ainda mais baixas, como Miltoniopsis, Cymbidium e Odontoglossum, por exemplo. “As condições que resultam em excelente cultivo oscilam entre 21 e 27ºC durante o dia e, em média, 10ºC durante a noite”, aponta.

Na prática, as espécies encontradas ao nível do mar e próximas da linha equatorial são consideradas de clima quente; até 900 m são intercontinentais, ou seja, temperaturas mornas e intertropicais; enquanto nas altitudes mais elevadas, estão as de clima frio, segundo a classificação publicada no livro ABC do Orquidófilo.

A região central do Brasil, por exemplo, é mais seca, por isso, Catharino indica suplementar a água. O frio, característico do Sul, pode causar a morte de algumas espécies, mas é possível driblar a situação com estufas climatizadas – bastante comuns nos países da Europa. Em locais de temperaturas muito elevadas, como as cidades do Nordeste, possuem mais restrições. O engenheiro agrônomo explica que o motivo é a maior dificuldade em “esfriar” a planta do que “esquentar” ou suplementar a água. “São Paulo é um dos lugares mais propícios para o cultivo. Litoral, interior e capital oferecem climas diferentes e complementares para cada espécie”, exemplifica. Como o velho ditado que diz que “nem tudo são flores”, existem variedades mais “enjoadinhas e exigentes”, conforme classifica carinhosamente Rocha. Conheça algumas que necessitam de atenção redobrada, por não se adaptarem com tanta facilidade a todo e qualquer tipo climático. Mas, não se assuste! Com jeitinho e algumas intervenções, é possível cultivá-las também em terras e ares brasileiros.

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Nativa da América Tropical, aparecem no sul do México até o norte do estado de São Paulo, no Brasil. Para dar às espécies o ambiente que realmente gostam, garanta equilíbrio na luminosidade, que deve ficar em torno de 50%. Quanto à umidade do ar, apreciam altos níveis que devem estar sempre acima de 65%, além de temperaturas intermediárias entre 14 e 29ºC.

Catasetum

Deve sempre estar abrigada das chuvas, pois em ambiente artificial não suporta que molhe suas folhas e brotos. De acordo com a bióloga e orquidóloga Apolônia Grade, proprietária do Recanto das Orquídeas, em Alta Floresta, MT, durante o repouso a rega deve ser drasticamente reduzida, pois se a fase coincidir com o período de estiagem e a planta permanecer molhada, corre o risco de apodrecer. Os vasos devem ser pendurados e com um pouco de inclinação.

Cymbidium

Oriundo da Ásia, o gênero vegeta em zonas de clima temperado e em altitudes elevadas. No Brasil, são cultivadas no Sul e no Sudeste, onde as condições climáticas são mais favoráveis. Durante boa parte do dia, pode receber bastante claridade e raios solares diretos. No entanto, não se pode mantê-las sob o sol de um dia para outro, o que deixa as folhas queimadas ou amareladas. Adequa-se em vasos ou canteiros, porém, como seu sistema radicular se desenvolve muito rapidamente, é necessário replantá-lo, em média, a cada dois anos.

Dracula

Aprecia regiões frias e é encontrada, em sua maioria, nas cordilheiras andinas, sul do México e montanhas da América Central. O cultivo deve ser feito em alta umidade e baixa luminosidade. Aposte nos vasos com furos ou cestinhas de madeira, pois as hastes florais crescem para todos os lados.

Masdevallia

De temperatura amena, é nativa das Américas Central e do Sul, inclusive do Brasil, mas a maioria ocorre nos Andes, em países como Peru, Colômbia, Equador e Venezuela. Por ser bastante sensível, adapta-se melhor em ambiente sombreado, com alta umidade relativa do ar. Por não possuir pseudobulbos para armazenamento de água e alimento, a manutenção constante da umidade é vital. Indica-se vasos pequenos com substratos sempre úmidos, sem secar entre uma rega e outra, porém, nunca encharcado.

Stanhopea

Vegetam em matas de climas quentes e temperados. No Brasil, podem ser encontradas na região amazônica e na Mata Atlântica até o Rio Grande do Sul. Não suportam sol direto, mas gostam de ambientes úmidos, com boa ventilação e bem iluminados. O ideal é que durante o dia faça de 20 a 24ºC e, à noite, de 11 a 16ºC.

Texto Amanda Costa   Fotos [1] Acervo Pessoal/ Maria Rita Cabral,  [2] Evelyn Müller, [3] Hamilton Penna e [4] Tatiana Villa

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