Aprenda a cultivar dálias com sucesso e mantenha suas flores deslumbrantes durante todo o ano.
Se a dália fosse uma celebridade, sua trajetória poderia ser descrita por altos e baixos. Ora no auge da fama, ora quase esquecida. “Entre 1950 e 1960, era cultivada em muitos jardins da frente das casas. Com o passar dos anos, outras plantas surgiram no mercado. Hoje, ela está sendo utilizada como uma opção diferente, devido ao colorido magnífico das flores e à diversidade de variedades”, conta Carlos Rodaka, produtor da empresa Premium Seeds, de Garuva, SC.
Pertencente à família Asteraceae (ou Compositae), a mesma do girassol e da margarida, é originária do México, sendo popularmente denominada de dália-bola, dália-decorativa, dália-de-jardim, dália-pompom e dália-semi-cacto.
“Ela foi levada à Europa pelos espanhóis no final do século 18, porém os franceses e holandeses são citados como os grandes cultivadores e produtores de numerosos híbridos dessa planta”, comenta Fátima Otavina de Souza Buturi, bióloga, de São Paulo, SP.

VIDA NO JARDIM
Sem dúvida, o que mais chama a atenção são suas belas flores coloridas e grandes – algumas chegam a 20 cm de diâmetro. “Por meio da hibridação, foi possível criar variedades maravilhosas com muitas formas, como pompom, bola, decorativa e semi-cacto, e diversas cores, por exemplo, amarela, branca, laranja, púrpura, rósea, vermelha, entre outras”, afirma a bióloga.
A época de floração varia de acordo com a região. “No Sul e em cidades de clima frio, floresce no verão. Em locais quentes, desabrocha durante quase o ano todo”, diz o produtor. As flores são duráveis após o corte, desde que colocadas imediatamente em um vaso com água, e também possuem excelente aceitação comercial na forma de tubérculos para plantio doméstico.
Ainda segundo Rodaka, no paisagismo são empregadas usando dois critérios: as dálias-anãs, por terem porte muito baixo, são colocadas no centro de canteiros e as de tamanho maior formam maciços e contornos de muro.
Também podem ser cultivadas em vasos, contudo, é preciso atenção com o tamanho dos recipientes. “Se o rizoma ficar apertado, não haverá absorção adequada de nutrientes”, revela Célio Tadashi Akai, produtor de plantas do Sítio Akai, de Atibaia, SP.

SEMPRE VISTOSA
Por ser bastante rústica, não exige cuidado demasiado. A irrigação deve ser equilibrada e sem exagero, mantendo o solo levemente úmido. “Não precisa de muita água. Em períodos de chuva, a rega é desnecessária, entretanto, em épocas de estiagem, pode ser feita de duas a três vezes por semana”, esclarece Akai.
Ele ainda menciona que a dália aprecia pleno sol, embora aceite meia-sombra (mas a produção floral diminui). “É uma planta de clima quente, então, quando irrigada em excesso e mantida em locais sombreados, suas pétalas caem. O cultivo pode mudar um pouco de uma variedade para outra, pois algumas são mais sensíveis.”
Também não é exigente em relação ao solo, mas prefere e se desenvolve melhor nos aerados e soltos. “Como substrato, recomenda-se o arenoso e rico em matéria orgânica, sendo composto por duas partes de terra comum, duas de terra vegetal e uma de areia”, orienta Fátima.
Rodaka afirma que no cultivo doméstico não é necessária adubação, porém, para garantir mais vigor, ele aconselha a aplicação de adubo orgânico ou químico, na proporção 10-10-10 e em pequena quantidade. “Pode ser feita a cada três meses”, sugere a bióloga. Akai adiciona que, quando a planta ainda está se desenvolvendo e não atingiu o porte adulto, deve-se usar NPK 4-14-8 a cada 15 dias e em doses reduzidas para induzir a boa formação do sistema radicular.
A dália não precisa de poda, exceto quando está plantada em vaso. Quanto a pragas, mamangava, vaquinha, oídio, ácaro, pulgão e lagarta são algumas que podem atacá-la. “A retirada de folhas e galhos secos é a melhor alternativa para combatê-los”, garante o profissional da Premium Seeds.

PARA CULTIVAR
O plantio é simples. Basta dispor os tubérculos distantes 1 m na horizontal, cobrindo-os com cerca de 3 a 5 cm de terra. “Regue semanalmente. Recomendo amarrar a planta a uma haste de bambu quando atingir 50 cm de altura, evitando que caia ou quebre com o vento”, ressalta Rodaka.
Akai afirma que deve ser plantada sempre na primavera para que floresça até a chegada do outono. “É importante nunca realizar esse procedimento no outono, porque, com a geada, não haverá floração e o exemplar pode morrer”, diz, ao complementar que a dália vegeta no inverno e, em regiões muito frias, suas folhas caem e ficam apenas os tubérculos, que rebrotam quando a temperatura começa a subir.
A propagação pode ser feita de duas maneiras: estaquia das pontas dos ramos ou divisão das raízes tuberosas. A melhor época para realizar a primeira é no momento em que as flores estão começando a secar, desde que a planta seja adulta. Na multiplicação pela subdivisão, é necessário cortar a raiz, mantendo um segmento do caule. “No final do frio do inverno é o melhor período para esse processo. Porém, em regiões quentes, ele pode ser feito durante todo o ano”, explica o profissional da Premium Seeds

DÁLIA
Nome científico: Dahlia pinnata
Nomes populares: dália, dália-bola, dália-decorativa, dália-de-jardim, dália-pompom e dália-semi-cacto
Origem: México
Porte: até 1,60 m de altura
Flores: reunidas em capítulos pequenos ou grandes, com pétalas simples ou dobradas e formas e cores variadas. Aparecem principalmente no verão.
Folhas: são espessas e compostas
Cultivo: isolada, formando conjuntos e como bordadura de canteiros
Solo: não é exigente, mas prefere o aerado e rico em matéria orgânica
Clima: quente
Luminosidade: pleno sol
Irrigação: moderada
Dificuldade de cultivo: nenhuma
Multiplicação: por divisão de raízes tuberosas ou estaquia
Curiosidades: suas raízes são consumidas como alimento no México. A planta é muito utilizada em coroas fúnebres no Chile.
Texto Renata Putinatti. Fotos Daniel Sorrentino.