Sistemas de Irrigação: Melhore o Cultivo de Orquídeas

Descubra como otimizar a irrigação em orquidários.

Quando bem projetado e com manutenção regular, um sistema de irrigação pode proporcionar comodidade ao orquidófilo e plantas de qualidade e com floração abundante. Porém, o planejamento deve ser realizado desde a montagem do orquidário. “Diferentemente do que se acredita, esse espaço pode ser bonito e barato, desde que seja bem projetado por um especialista”, comenta o professor adjunto do Departamento de Fitotecnia da Universidade Federal do Ceará (UFC), Roberto Jun Takane.

Entretanto, antes de considerar o sistema ideal, o especialista destaca a atenção com a qualidade da água. “Tenho notado vários problemas em relação a isso. Em muitos casos, a salinidade e os carbonatos são excessivos, devendo ser controlados antes do uso. Aconselho a quem gosta de plantas e possui orquidário a coletar água da chuva, pois costuma ter excelente qualidade química.”

Ele menciona três situações de contaminação. A primeira é a física, na qual há interferência de areia ou argila de pequenas dimensões, podendo entupir os sistemas de irrigação – a chamada água barrenta ou suja. Para resolvê-la, instale filtros especiais, como os de areia e de discos.

A qualidade biológica refere-se à presença de micro-organismos (algas e fungos), que também podem entupir o sistema de irrigação, ocasionando moléstias às orquídeas. Takane recomenda o monitoramento com análises constantes. Por último, aparece a qualidade química, na qual a água alcalina ou salina se torna um problema sério para a coleção. O uso de condutivímetro ajuda a identificar a salinidade, que, dependendo do nível, pode ser controlada por meio de diluição com água da chuva.

ESPECIFICIDADES

Os sistemas de irrigação disponíveis são variados, embora nem todos sejam indicados para orquidários. A aspersão, por exemplo, não é recomendada para flores em geral, pois os jatos de água podem danificá-las, bem como suas folhas e pseudobulbos. A irrigação manual é adequada para pequenos colecionadores de orquídeas, uma vez que despende tempo, disposição e mão de obra.

De acordo com Takane, a nebulização não é um sistema de irrigação, mas, como o próprio nome diz, de vaporização. Sua função primordial é aumentar a umidade relativa do ar. Recomendada para estufas ou espaços de reprodução e desenvolvimento de plantas, é utilizada no cultivo profissional, podendo ter diferentes tipos de irrigação, de acordo com a fase de crescimento dos exemplares. “Existe uma estufa denominada jardim miniclonal, onde ocorrem simultaneamente nebulização e gotejamento. Depois, a planta é levada para a casa de vegetação e, posteriormente, para o local onde acontece a etapa da rustificação, que é o amadurecimento para posterior comercialização”, conta o gerente geral da Rain Bird, José Giacoia Neto. Ele explica que o espaçamento entre os emissores de nebulização é padronizado e, quando há vasos, a distância entre eles também deve ser verificada. “É preciso averiguar a utilização, o tipo de orquidário e se haverá bancadas e prateleiras.”

A microaspersão é resultante da alta pressão, fazendo com que a água seja aspergida em forma de nebulização. “É o sistema mais apropriado na maioria dos orquidários, pois não agride folhas nem flores, ao contrário da aspersão”, diferencia Takane. O mercado dispõe de diversos sistemas de microaspersão, sendo aconselhado o auxílio de um engenheiro agrônomo para um estudo prévio e instalação no orquidário. Segundo o engenheiro agrônomo Cássio Sampaio Pupo Nogueira, da Terra Molhada, de Holambra, SP, além de irrigar as plantas, o sistema mantém todo o ambiente úmido e fresco, permitindo também maior flexibilidade de disposição das plantas na estufa.

Quando o assunto é sustentabilidade – e o bolso –, o que proporciona maior economia é o gotejamento, seguido pela microaspersão. “Mais do que o sistema de irrigação, o que pode ajudar na economia de água são o substrato, ambiente de cultivo e tipo de vaso”, observa Takane.

Segundo Neto, a irrigação por gotejamento é a mais indicada para orquidários maduros. Porém, deve ser aplicada em cada vaso, sempre com gotejadores autocompensantes que calibram a quantidade de água. “O substrato deve ser minuciosamente estudado, pois a distribuição deve ser feita no sistema radicular das plantas”, nota o professor da UFC.

O profissional da Rain Bird recomenda a automação com pelo menos um controlador eletrônico tradicional para monitorar horários, duração e número de regas. “É importante também considerar a utilização de sensores de umidade do solo e, em alguns casos, de umidade relativa”, diz. Os níveis de sofisticação da automação devem ser estudados de acordo com o objetivo. “A irrigação pode até ser feita manualmente, porém é imprecisa e a diferença de custo não ultrapassa 10% comparando com a automação mais básica.”

Quanto à manutenção do sistema de irrigação, Neto afirma ser simples, sendo apenas preciso checar seu funcionamento e fazer a limpeza de filtros quando houver necessidade.

Texto Lucie Ferreira. Fotos [1] Evelyn Muller e [2] Gui Morelli.

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