Aprenda a cuidar de orquídeas rupícolas com sucesso!
Mais raras nas coleções dos orquidófilos, as orquídeas rupícolas necessitam de atenção com relação à escolha do substrato e ao modo de plantio. Também chamadas de rupestres, vegetam sobre rochas, fixando-se nos líquens e materiais orgânicos em decomposição. “Podem ser encontradas ainda em fendas, pedaços de pedras ou paredões, sendo estas denominadas saxícolas”, ensina Creuza Müller, proprietária do Orquidário da Mata, de São Paulo, SP.
Dentre os gêneros com representantes oriundos destes habitats, estão Encyclia, Epidendrum, Cyrtopodium, Zygopetalum, Sophronitis, Bifrenaria e Hoffmannseggella. “Há, no entanto, espécies epífitas que, dependendo de sua localização, podem se adaptar e crescer sobre rochas. É o que acontece com Cattleya labiata, C. amethystoglossa, C. percivaliana e Cochleanthes candida”, informa a especialista.
Em comum, as orquídeas rupestres apresentam inflorescências mais altas do que a folhagem, folhas duras, coriáceas e eretas, e pseudobulbos oblongos e fusiformes. Para cultivá-las, é preciso oferecer-lhes ambiente com alto índice de umidade e luz solar. É fundamental conhecer a região de origem da planta adquirida para atender a todas as suas necessidades. Espécies endêmicas das encostas da Chapada Diamantina, no interior da Bahia, são muito difíceis de cultivar em ambiente doméstico, já que estão habituadas a variações muito bruscas de temperatura e de umidade. Um exemplo é a Hadrolaelia sincorana.
“O orquidófilo tem que pesquisar a fundo sobre o exemplar e seu ambiente. Mantenho as orquídeas rupícolas voltadas para a face leste do orquidário e com luminosidade acima de 70%”, revela Creuza, lembrando que as pragas mais recorrentes nestas plantas são as cochonilhas e os percevejos tenthecoris.
A seguir, a proprietária do Orquidário da Mata mostra passo a passo como plantar um exemplar de Hoffmannseggella longipes (anteriormente chamada de Laelia longipes). Nativa de Minas Gerais, ela cresce sobre rochas de arenito a pleno sol.
PEDRA A PEDRA Apenas exemplares que estiverem com novos bulbos despontando poderão ser replantados. Eles começam a crescer depois da floração. O primeiro passo é retirar a planta delicadamente do vaso e livrar as raízes do antigo substrato, deixando-a completamente limpa como na foto (1).
Pegue o exemplar e retire com cuidado a película branca que cobre as espaços (2). Se for necessário, utilize uma escova de dentes com cerdas macias e finas para ajudar na tarefa. “Esta ação é fundamental para evitar o ataque de cochonilhas. As películas servem de esconderijo para elas”, destaca Creuza.
Em seguida, disponha o vaso cerâmico em cima da mesa e insira a pedra brita (3). A proporção indicada pela proprietária do Orquidário da Mata é de 60%. “As pedras servem de dreno para as plantas rupícolas, que pedem muitas regas. Isso ajuda a proporcionar a alta umidade que exigem.”
A próxima etapa é adicionar as cascas de pinus grandes e grossas (4) e, por último, o carvão vegetal (5). Por tratar-se de uma orquídea com crescimento simpodial, ela deve ter a parte traseira (aquela com o bulbo mais antigo) encostada no fundo do recipiente. Depois de posicioná-la no vaso, coloque um punhado de pedras, carvão e cascas de pinus ao redor para firmá-la (6).
Aperte bem com os dedos o substrato para prender a planta e, caso seja necessário, utilize um grampo de metal para segurá-la melhor (7). Após o replantio, coloque o adubo osmocote (de liberação lenta controlada a cada rega) para fazer a manutenção dos nutrientes necessários para a orquídea. Coloque apenas cinco bolinhas (8), pois o excesso pode queimar as raízes. Para manter a planta sempre sadia, a recomendação é aplicar fertilizante foliar 14-14-14 (na proporção de 1 g por litro) semanalmente. “Se o plantio for feito com substrato correto, esta planta não precisará mais de replante”, finaliza Creuza.
VOCÊ VAI PRECISAR DE Orquídea rupícola, vaso de cerâmica fundo, tesoura de poda, pedra brita (proporção de 60%), carvão vegetal (proporção de 20%), casca de pinus grande e grossa (proporção de 20%), adubo osmocote e fertilizante foliar.
Texto Paula Andrade. Fotos Monica Antunes.