Aprenda como criar e cuidar de jardins verticais utilizando módulos cerâmicos, otimizando espaço e sustentabilidade.
Há diversos jeitos de acomodar plantas nas paredes, como vasos em treliças, instalações com paletes ou reaproveitamento de garrafas PET, etc. Mas, tanto do ponto de vista estético quanto funcional, os módulos cerâmicos se mostram vantajosos.
Segundo Patrícia Maia, diretora comercial da Green Wall Ceramic, de Tatuí, SP, construir uma parede para ser especificamente um jardim vertical aumenta a área de plantio e, como não há barreiras nas fiadas, garante-se o pleno desenvolvimento do sistema radicular. Com o enraizamento completo, forma-se uma bela e densa vegetação.
Apesar de leves, as peças possuem boa resistência e durabilidade. A matéria-prima assegura que os módulos cerâmicos sejam vantajosos em comparação aos blocos pré-moldados. “Desde a Antiguidade, plantas são cultivadas em vasos de barro. A cerâmica é atérmica (não super aquece no calor nem resfria demasiadamente no frio) e não é alcalina. A alcalinidade do concreto é ruim para as espécies, que ficam amareladas e com o desenvolvimento prejudicado”, conta Patrícia.
“Os jardins verticais são ideais para o aproveitamento de diferentes espaços com criatividade”, sugere Fernando Proite, diretor da Garden Wall Parede Termoacústica, de Vargem Grande do Sul, SP. Como os módulos possuem corte em ângulo, podem ser usados em cantos abertos ou fechados, em diferentes graus, inclusive em curvas. Com uma proposta muito mais verde do que é possível sonhar, quando se tem apenas vasos e canteiros, são uma maneira inteligente de trazer mais verde para o dia a dia, independentemente do tamanho da casa. “Mas, a parede base deve ter, no mínimo, o comprimento de um módulo mais a largura das molduras laterais”, ressalta o diretor.
Em fachadas, a estrutura contribui para a melhora do ar, mantém a temperatura interna mais baixa e atua como revestimento acústico. A eficiência termoacústica é graças à barreira térmica formada pelas plantas, substrato e o próprio módulo, capaz de baixar a temperatura do verso da parede em até 7°C, além de provocar uma absorção sonora de maneira natural e sustentável”, explica Proite. Com isso, a parede verde proporciona economia no uso do ar-condicionado e, consequentemente, na conta de energia.
Segundo ele, para proteger a cerâmica contra a ação das intempéries, deve-se pintar com tinta látex acrílica ou impermeabilizar com silicone. Patrícia lembra que, da mesma forma como é feito em lajes e piscinas, depois de alguns anos é preciso impermeabilizar a estrutura novamente. Mas o cuidado vale a pena, pois evita a umidade e a proliferação de microrganismos no painel. Para compensar ainda mais o investimento, “os jardins verticais apresentam baixa manutenção e consumo de água”, complementa o diretor.
Sistema Construtivo Simples
Para quem é adepto do “faça você mesmo”, Proite reforça que, apesar da montagem da estrutura ser simples, “a menos que o proprietário tenha noções de nivelamento, prumo e uso adequado das ferramentas, além de capricho, é melhor contratar um profissional para fazer o serviço”. Ele explica que são necessários módulos inteiros, meias-peças para a amarração e molduras. A base pode ser uma régua de pedreiro ou tábua de madeira de comprimento igual ao do jardim, apoiada em algum ponto para não provocar depressões ou relevos. O consumo de argamassa (tipo ACIII) fica em torno de 10 kg por m² e de impermeabilizante varia de 1,5 a 1,7 kg por m² de jardim (para três demãos).
O muro escolhido deve ser rígido e estruturado para suportar a carga extra. Segundo a equipe da Green Wall Ceramic, o peso por m² finalizado é de, aproximadamente, 120 kg (com tudo plantado). A instalação dos módulos cerâmicos é rápida: após o preparo da superfície, as peças são assentadas com argamassa e, depois, o sistema é impermeabilizado na cavidade inferior com produto atóxico. Os técnicos explicam que é possível executar paredes suspensas com os módulos assentados acima do piso. Para isto, basta usar uma mão francesa, criada a partir do corte do módulo inteiro.
Irrigação por Gotejamento
Os jardins verticais se adaptam a qualquer tipo de rega, porém, vale a pena instalar o equipamento para a irrigação por gotejamento – adquirido à parte, em empresas especializadas. Embutido na parte superior interna dos módulos da Garden Wall Parede Termoacústica, o sistema previne entupimentos, pois impede o contato com substratos e raízes. A montagem é feita após a impermeabilização. Em cada uma das laterais, coloca-se um cano mestre vertical, que alimenta cada fileira. A cada conexão do cano lateral, acopla-se um tubo gotejador autocompensante. Para a melhor dosagem da água, recomenda-se programar um timer.
Nada impede o uso do regador manual, desde que se tenha cuidado com a dosagem da água. “Mas, indicamos a irrigação por gotejamento, pois ela assegura que a água alcance o substrato na quantidade e momento corretos para as espécies”, diz Patrícia.
Por fim, a moldura deixa os canos embutidos. O fechamento das laterais é importante, também, para impedir deslocamentos, bem como o acúmulo de água da chuva e, ainda, a presença de insetos e pequenos animais peçonhentos.
“O plantio deve respeitar o tempo de cura da argamassa e de secagem do impermeabilizante, conforme os fabricantes determinam, em torno de 48 horas”, diz Patrícia. É possível decorar os módulos, mas vale mais a pena apenas pintá-los de preto, já que as plantas o cobrirão.
Seleção de Plantas
“Para o melhor escoamento da água, pode-se colocar uma pequena quantidade de argila expandida em cada fiada e cobrir com manta bidim. Depois, basta completar com substrato”, ensina o diretor da Garden Wall. Segundo os especialistas da Green Wall Ceramic, indica-se 20 L de substrato por m². Mas, isto varia de acordo com o produto usado, por isso, leia o rótulo e consulte um arquiteto paisagista. A quantidade de mudas fica em torno de 15 a 20 unidades por m², considerando o porte dos exemplares.
Os módulos permitem o cultivo seguro e o crescimento saudável de inúmeras espécies de plantas ornamentais e aromáticas, flores exóticas, pequenos frutos, hortaliças e temperos. Sempre escolha as que se favoreçam do local de instalação do jardim vertical. Afinal, Patrícia explica que o sucesso do paisagismo depende do equilíbrio entre estruturas físicas, incidência de luz solar, umidade e temperatura ambiente.
Para um jardim vertical adensado, Proite indica o uso de plantas pendentes e semipendentes – que fecham quaisquer espaços, como orquídeas (Orchidaceae), bromélias (Bromeliaceae), ripsális (Rhipsalis spp), begônias (Begonia spp), musgos (Selaginell spp), sedum (Crassulaceae), véu-de-noiva (Gibasis schiedeana), hera (Hedera spp) e demais indicadas ao lado.
Vegetais de raízes curtas, como tomate-cereja, cebolinha, salsa, alecrim e manjericão, também são boas escolhas.
A manutenção da parede verde é simples: “a cada dois meses, aproximadamente, é feita a adubação foliar com esborrifador ou bomba costal, dependendo do tamanho, ou na própria água da irrigação”, diz o diretor. Patrícia complementa explicando que, “onde há ar condicionado, indica-se a pulverização para prevenção de pragas, pois as espécies ficam mais suscetíveis nesses ambientes”.
Texto Amanda Agutuli