Como Cultivar Flores Comestíveis e Usar em Pratos Gourmet com Hidroponia

Aprenda a cultivar flores comestíveis usando hidroponia e descubra como adicioná-las em receitas gourmet.

Opções não faltam: há ramalhetes à venda em feiras e até supermercados. Porém, como nem todas as espécies podem ser usadas para fins gastronômicos, se quiser aderir à tendência gourmet “compre em lojas especializadas, hortifrútis ou plante você mesmo”, sugere o gerente de desenvolvimento de produtos da Isla Sementes.

Uma boa técnica é o cultivo hidropônico, que dispensa a terra. A engenheira agrônoma Adriane da Cruz Baccaro, responsável técnica da Boutin Campo & Jardim, explica que, na hidroponia, os nutrientes são fornecidos por meio de uma solução com nitrogênio, fósforo, potássio e micronutrientes dissolvidos na forma de sais.

SISTEMA NFT
Adriane afirma que, para a produção das flores comestíveis, o sistema hidropônico recomendado, via de regra, é o NFT (nutrient film technique): técnica de cultivo em água no qual as plantas crescem com seu sistema radicular dentro de um canal ou canaleta, por meio do qual circula uma solução nutritiva. Este é composto por bancadas com perfis (TP58) para germinação e perfis para crescimento final (TP75, R80 e TP90). A última deve conter de 14 a 16 perfis, com 10 a 25 cm entre os perfis e 10 a 25 cm entre as plantas, sendo 1,68 m de largura por 12 a 14 m de comprimento.

Respeitar o espaço é importante, pois o cultivo adensado é um dos fatores que levam à incidência de doenças causadas por fungos e bactérias. A condutividade elétrica, oxigenação e o pH também devem ser monitorados e, quando necessário, controlados durante todo o ciclo de vida.

“O fornecimento de nutrientes deve ser feito com fertilizantes compostos de NPK, com ajustes nas doses de boro (B), cálcio (Ca) e potássio (K) na fase de floração. Para isso, pode utilizar o fertilizante Maxigro®, na fase vegetativa, e o Maxibloom®, da General Hydroponics, na floração”, cita a engenheira.

SEM TERRA
“Se as culturas não entram em contato com contaminantes dos solos, como bactérias, fungos, lesmas, insetos e vermes, diminui a necessidade de pulverizações”, explica Adriane. Quando não for possível evitá-las, como para controle de infestações, ela sugere produtos biológicos ou orgânicos. “Se nem estes bastarem, escolha os químicos menos tóxicos e respeite os prazos de carência”, ensina.

Em relação às pragas, como ácaro vermelho, pulgões, thrips, moscas brancas e lagartas, vale inspecionar as mudas, rejeitando as infestadas; utilizar armadilhas feitas de garrafas plásticas contendo líquido açucarado e inseticida natural; e usar papéis adesivos para controlar thrips. Já para combater os insetos infestantes do sistema hidropônico, recomenda-se aplicar o inseticida natural óleo de neem via pulverização.

A engenheira destaca que “a uniformidade genética, com apenas uma ou duas espécies, é um dos fatores que levam a doenças”. Por isso, aposte em uma horta variada, evitando sementes de origem duvidosa e mudas criadas com terra. “Se utilizá-las, lave e retire toda terra antes de migrar para o sistema hidropônico”, reforça a especialista da Boutin.

A linha Topseed Garden, por exemplo, tem uma série de opções de flores comestíveis, como amor-perfeito, boca-de-leão, tagetes, capuchinhas, entre outras. As flores e folhas sortidas da capuchinha-anã, por exemplo, têm sabor apimentado, sendo um belo ingrediente para saladas.

Geralmente feitos em espaços protegidos, plantios hidropônicos sofrem menos com as intempéries, o que colabora para o aproveitamento do cultivo. A bióloga Gabi Pastro, da Hortas e Saberes, explica que a melhor maneira de fazer a colheita é retirar o pendão floral inteiro, “pegando mais ou menos a três nós (ramificações) abaixo dos pendões”. Na hora de higienizar, lembre-se que são muito sensíveis. “Colha com cuidado, retire manualmente possíveis insetos e deixe-as em imersão por, no máximo, cinco minutos, em uma solução de água e sal (para cada 500 ml de água utilize uma colher (de chá) de sal). Seque com toalha de papel antes de consumi-las”, ensina a bióloga.

Nunca comeu flores? Experimente antes de começar uma horta. A Fazenda Maria comercializa as flores prontas para preparos gourmet, disponíveis em embalagens pequenas e grandes, com boas opções de mix de espécies. Porém, lá o cultivo é feito de forma natural, pois a empresária Deborah Gaiotto explica que nem todas as flores gostam de hidroponia. “As que se desenvolveram bem na estufa hidropônica foram capuchinha, borboletinha e Stellas”, relata. Vale destacar que, como são cultivadas como alimento, os produtores preocupam-se em preservar os sabores e aromas das flores.

FERTILIZANTES
Os fertilizantes hidropônicos devem conter todo o espectro de elementos necessários, sendo uma fonte robusta e completa de nutrientes para todos os tipos de plantas. A engenheira destaca os da marca General Hydroponics, que fornecem quantidades ideais e equilibradas em todos os estágios de desenvolvimento de diferentes espécies.

“Para o cultivo profissional ou doméstico de flores comestíveis, recomenda-se o Floragro® + Floramicro® ou Maxigro®, juntamente com o enraizador Rapid Start® na fase de crescimento das plantas. No florescimento, use o Florabloom® + Floramicro® ou Maxibloom®, todos totalmente solúveis em água e com alto aproveitamento.

Para potencializar a palatabilidade e a coloração das flores indica-se Koolbloom líquido®, na fase inicial da floração, e Koolbloom pó® na final, para aumentar a concentração de óleos essenciais. Todos os produtos são registrados no Ministério da Agricultura”, indica a engenheira.

Texto Amanda Agutili

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