Cultivo de Ninfeias: Beleza Aquática para seu Jardim

Aprenda a cultivar ninfeias, plantas aquáticas perfeitas para tanques e lagos e transforme seu jardim em um oásis natural.

Cercada de misticismo e lendas, principalmente da mitologia grega, a ninfeia aguça a curiosidade e encanta seus admiradores. É encontrada em zonas tropicais, subtropicais e temperadas, levando sua beleza às águas calmas e sem correnteza.
“Pode ser vista em todas as regiões do Brasil. É abundante na represa Itaipu, no Paraná, e no Pantanal de Mato Grosso”, afirma Antonio Fernando Monteiro Camargo, biólogo e professor adjunto da Universidade Estadual Paulista (Unesp), de Rio Claro, SP.


Entre as mais conhecidas estão N. alba (branca), N. coerulea (azul), N. rubra (rósea-violácea), N. odorata (branca ou rósea) e N. gigantea (arroxeada).
Elas são classificadas como aquáticas emersas e suas folhas são grandes (chegam a 60 cm de diâmetro), arredondadas, verde-claras ou escuras, flutuantes ou semi flutuantes e sustentadas por longos pecíolos que as levam até a superfície da água.
“Por causa da grande dimensão da folhagem, são confundidas com a vitória-régia e a flor-de-lótus”, acredita André Lacava Bailone, engenheiro agrônomo e proprietário da Itubanaia – Paisagismo e Plantas Aquáticas, de São Paulo, SP.


Durante o inverno, as folhas caem e surgem novamente na primavera, entretanto, o rizoma continua vivo e suporta temperaturas muito baixas. “Em regiões de clima temperado, o brotamento inicia na primavera e, entre 15 e 30 dias, os maciços já estão compostos”, destaca o biólogo da Unesp.
Suas flores são vistosas, perfumadas, variam de 10 a 30 cm de diâmetro, apresentam diversas tonalidades e possuem um pedúnculo longo que as dispõe pouco acima da folhagem. Normalmente se formam na primavera-verão.


“Começam a desabrochar no final da tarde e, por volta das 10 horas do outro dia, fecham-se. Quando não está muito quente ou está nublado, podem permanecer abertas até as 14 horas”, conta João Aparecido Luz, produtor de aquáticas e proprietário do Viveiro Aqualuz, de Santa Isabel, SP.
Essas estruturas perduram por três a seis dias ou até que sejam polinizadas por insetos, como abelhas e besouros. “Depois de fecundadas, as flores se fecham, soltam as sementes na água e se reproduzem. Sendo assim, auto substituem-se e não é necessário o replantio”, revela Luz, ao adicionar que cada muda tem durabilidade de um a dois anos.

Cultivo

De acordo com Camargo, as ninfeias suportam diferentes climas, mas o tropical é o preferido. “Mesmo em localidades temperadas, sobrevivem e produzem flores. No inverno, aparentemente, desaparecem, pois não lançam folhas. Na primavera e no verão essas estruturas brotam novamente”, explica.
Embora sejam conhecidas pela necessidade de sol pleno, existem espécies que apreciam meia-sombra, devendo ficar expostas à luz solar direta por, pelo menos, três horas diariamente.
Em relação à adubação, é necessário cuidado porque o excesso de adubo na água pode ocasionar o aparecimento de musgos e algas, além de tornar o líquido turvo, dificultando a fotossíntese das plantas. “Indico fertilizantes orgânicos para solos argilosos. O uso de produtos químicos pode causar a morte ou a intoxicação dos animais do tanque, como os peixes”, frisa o proprietário do Viveiro Aqualuz.
O cuidado com a água é indispensável para impedir o surgimento de larvas de mosquitos, sendo necessário realizar sua circulação por meio de bombeamento. Como as ninfeias não toleram correnteza, é importante evitar cultivá-las em espelhos d’água e lagos que possuem cascatas muito fortes.
Luz afirma que a temperatura da água não pode ser elevada demais, correndo o risco de cozinhar o exemplar e levá-lo à morte, ou muito fria, que causa atrofia na folha. “Recomendo um tanque de, no mínimo, 50 cm de profundidade para não ter esses contratempos.”
Elas precisam ser plantadas em vasos submersos. “Basta escolher um recipiente de 40 x 40 cm, colocar metade de terra argilosa e metade de substrato orgânico e misturá-los (corrigindo o pH com calcário, caso seja necessário). Depois, é preciso adicionar adubo termo fosforado mais micronutrientes e introduzir o rizoma, submergindo o vaso até o fundo de um tanque de 60 cm cheio de água. A distância entre a lâmina d’água e o topo do recipiente deve ser de 20 cm”, ensina Bailone.
O melhor momento para fazer o plantio é no início da primavera. Como o crescimento é muito rápido, no final do verão as mudas já estarão bem formadas.

Ambiente Protegido

O engenheiro agrônomo lembra que estas plantas podem ser atacadas por caramujo, ninfa da libélula e cigarrinha. “Faço o controle biológico por meio de peixes carnívoros, por exemplo, guaru, lambari e piranha. As cigarrinhas só aparecem quando há má nutrição, tornando-se essencial corrigir a adubação.”
O produtor do Viveiro Aqualuz atenta ainda para a infestação de pulgões e ácaros, que fazem o exemplar perder a umidade nas folhas, ocasionando desnutrição. “Costumo aplicar calda bordalesa ou inseticida quando não há peixes e outros animais na água”, esclarece.
Traíra, ganso e pato costumam se alimentar de ninfeias e precisam ser mantidos longe dos locais de plantio. Além disso, carpas e tilápias podem comer seus rizomas caso não estejam recebendo ração suficiente.

NINFEIA

Nome científico: Nymphaea spp.
Nomes populares: ninfeia e lírio-d’água
Origem: Estados Unidos, Europa, Sudeste da Ásia, África, Austrália e Nova Guiné
Porte: de 30 a 150 cm de altura
Flores: vistosas, perfumadas e de diversas tonalidades. Formam-se na primavera-verão
Folhas: grandes, arredondadas, verde-claras ou escuras, flutuantes ou semi flutuantes e sustentadas por longos pecíolos
Cultivo: em tanques e lagos
Solo: lodoso e rico em matéria orgânica
Climas: temperado, subtropical e tropical
Luminosidade: pleno sol ou meia-sombra
Irrigação: planta aquática
Dificuldade de cultivo: nenhuma
Multiplicação: por sementes e divisão de rizoma ou de tubérculos rizomatosos
Curiosidades: perde as folhas durante o inverno, mas os rizomas permanecem vivos, suportando temperaturas muito baixas

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