Descubra como cultivar orquídeas de forma invertida, economizando espaço e facilitando o cuidado das plantas.
O número de interessados em cultivar orquídeas cresce com frequência, mas um dos motivos para desistirem de iniciar uma coleção é a falta de espaço. A solução, proposta pelo orquidófilo Roberto Trummer, de Joinville, SC, é plantar os exemplares de forma invertida, ou seja, no fundo e do lado de fora do vaso. Assim, é possível fixá-lo no teto. Ficou na dúvida? Confira, então, as principais vantagens: “Os vasos ficam mais leves, a localização e identificação de pragas são facilitadas e as raízes ficam livres, antecipando o desenvolvimento da planta”, explica.
Normalmente, o procedimento é feito com Laelia, Cattleya, Dendrobium, Phalaenopsis, Oncidium e Miltonia. Mas Trummer afirma que é possível realizar o plantio com qualquer espécie epífita.
Esta forma de plantio dispensa o substrato. Pode parecer curioso, mas o orquidófilo prova que as orquídeas não sentem falta. “Basta adubar a cada três meses e regar diariamente para obter sucesso”, diz.
Que tal aprender agora mesmo?
VOCÊ VAI PRECISAR DE:
Vaso de cerâmica, furadeira, alicate, broca de número 6, três arames de cobre com tamanho variando de 30 a 40 cm, fios de náilon e amarrilhos finos.
VAMOS LÁ…
Trummer recomenda usar os vasos de cerâmica que já possuem furos próprios para o cultivo de orquídeas. Caso não encontre, faça furos variados nos fundos e três nas laterais com a furadeira e a broca de número 6.
Com tudo pronto, é hora de preparar a sustentação. “Geralmente compro arames de cobre que já estão cortados. Utilizo sempre o mesmo tamanho para que as orquídeas fiquem na mesma altura”, explica. Passe um fio de arame em cada orifício lateral e acrescente um amarrilho em cada ponta para suportar o peso (1). Torça as pontas do arame com um alicate e prenda o vaso no teto (2). Lembre-se de que o vaso deve ficar de cabeça para baixo e calcule um espaço disponível entre o teto e o vaso para a planta crescer livremente.
O próximo passo é iniciar o plantio. Coloque a muda em uma das extremidades do vaso (3) e passe um fio de náilon entre os furos para fixar o bulbo (4). O mais indicado é realizar este procedimento logo após a floração.
A partir daí, entram em cena duas etapas fundamentais (ainda mais quando não há substrato) para o desenvolvimento da orquídea: rega e adubação (5). “Costumo usar adubo foliar e bokashi a cada três meses”, recomenda o orquidófilo. A frequência da rega depende do clima da região, mas é indicado hidratar diariamente quando há períodos de seca. Observe o exemplar constantemente para avaliar se ele precisa de mais água.
Com todos os passos realizados, é hora de esperar o desenvolvimento. Segundo Trummer, a orquídea leva, em média, um ano para ficar completamente enraizada e fortalecida, florescendo plenamente e por mais tempo (6).
Para alcançar o objetivo, faça o controle de pragas e doenças com fungicidas e inseticidas sempre que necessário. Para manter a orquidácea saudável, pulverize o interior do vaso. A quantidade de orquídeas cultivadas com o plantio invertido depende do espaço disponível. Para que todas possam receber a luminosidade necessária, é indicado de três a cinco vasos. Lembre-se ainda de que o local precisa ser arejado, por isso, avalie a área antes de colocar a ideia em prática.
Aprenda a cultivar dálias com sucesso e mantenha suas flores deslumbrantes durante todo o ano.
Se a dália fosse uma celebridade, sua trajetória poderia ser descrita por altos e baixos. Ora no auge da fama, ora quase esquecida. “Entre 1950 e 1960, era cultivada em muitos jardins da frente das casas. Com o passar dos anos, outras plantas surgiram no mercado. Hoje, ela está sendo utilizada como uma opção diferente, devido ao colorido magnífico das flores e à diversidade de variedades”, conta Carlos Rodaka, produtor da empresa Premium Seeds, de Garuva, SC.
Pertencente à família Asteraceae (ou Compositae), a mesma do girassol e da margarida, é originária do México, sendo popularmente denominada de dália-bola, dália-decorativa, dália-de-jardim, dália-pompom e dália-semi-cacto.
“Ela foi levada à Europa pelos espanhóis no final do século 18, porém os franceses e holandeses são citados como os grandes cultivadores e produtores de numerosos híbridos dessa planta”, comenta Fátima Otavina de Souza Buturi, bióloga, de São Paulo, SP.
VIDA NO JARDIM
Sem dúvida, o que mais chama a atenção são suas belas flores coloridas e grandes – algumas chegam a 20 cm de diâmetro. “Por meio da hibridação, foi possível criar variedades maravilhosas com muitas formas, como pompom, bola, decorativa e semi-cacto, e diversas cores, por exemplo, amarela, branca, laranja, púrpura, rósea, vermelha, entre outras”, afirma a bióloga.
A época de floração varia de acordo com a região. “No Sul e em cidades de clima frio, floresce no verão. Em locais quentes, desabrocha durante quase o ano todo”, diz o produtor. As flores são duráveis após o corte, desde que colocadas imediatamente em um vaso com água, e também possuem excelente aceitação comercial na forma de tubérculos para plantio doméstico.
Ainda segundo Rodaka, no paisagismo são empregadas usando dois critérios: as dálias-anãs, por terem porte muito baixo, são colocadas no centro de canteiros e as de tamanho maior formam maciços e contornos de muro.
Também podem ser cultivadas em vasos, contudo, é preciso atenção com o tamanho dos recipientes. “Se o rizoma ficar apertado, não haverá absorção adequada de nutrientes”, revela Célio Tadashi Akai, produtor de plantas do Sítio Akai, de Atibaia, SP.
SEMPRE VISTOSA
Por ser bastante rústica, não exige cuidado demasiado. A irrigação deve ser equilibrada e sem exagero, mantendo o solo levemente úmido. “Não precisa de muita água. Em períodos de chuva, a rega é desnecessária, entretanto, em épocas de estiagem, pode ser feita de duas a três vezes por semana”, esclarece Akai.
Ele ainda menciona que a dália aprecia pleno sol, embora aceite meia-sombra (mas a produção floral diminui). “É uma planta de clima quente, então, quando irrigada em excesso e mantida em locais sombreados, suas pétalas caem. O cultivo pode mudar um pouco de uma variedade para outra, pois algumas são mais sensíveis.”
Também não é exigente em relação ao solo, mas prefere e se desenvolve melhor nos aerados e soltos. “Como substrato, recomenda-se o arenoso e rico em matéria orgânica, sendo composto por duas partes de terra comum, duas de terra vegetal e uma de areia”, orienta Fátima.
Rodaka afirma que no cultivo doméstico não é necessária adubação, porém, para garantir mais vigor, ele aconselha a aplicação de adubo orgânico ou químico, na proporção 10-10-10 e em pequena quantidade. “Pode ser feita a cada três meses”, sugere a bióloga. Akai adiciona que, quando a planta ainda está se desenvolvendo e não atingiu o porte adulto, deve-se usar NPK 4-14-8 a cada 15 dias e em doses reduzidas para induzir a boa formação do sistema radicular.
A dália não precisa de poda, exceto quando está plantada em vaso. Quanto a pragas, mamangava, vaquinha, oídio, ácaro, pulgão e lagarta são algumas que podem atacá-la. “A retirada de folhas e galhos secos é a melhor alternativa para combatê-los”, garante o profissional da Premium Seeds.
PARA CULTIVAR
O plantio é simples. Basta dispor os tubérculos distantes 1 m na horizontal, cobrindo-os com cerca de 3 a 5 cm de terra. “Regue semanalmente. Recomendo amarrar a planta a uma haste de bambu quando atingir 50 cm de altura, evitando que caia ou quebre com o vento”, ressalta Rodaka.
Akai afirma que deve ser plantada sempre na primavera para que floresça até a chegada do outono. “É importante nunca realizar esse procedimento no outono, porque, com a geada, não haverá floração e o exemplar pode morrer”, diz, ao complementar que a dália vegeta no inverno e, em regiões muito frias, suas folhas caem e ficam apenas os tubérculos, que rebrotam quando a temperatura começa a subir.
A propagação pode ser feita de duas maneiras: estaquia das pontas dos ramos ou divisão das raízes tuberosas. A melhor época para realizar a primeira é no momento em que as flores estão começando a secar, desde que a planta seja adulta. Na multiplicação pela subdivisão, é necessário cortar a raiz, mantendo um segmento do caule. “No final do frio do inverno é o melhor período para esse processo. Porém, em regiões quentes, ele pode ser feito durante todo o ano”, explica o profissional da Premium Seeds
DÁLIA
Nome científico:Dahlia pinnata
Nomes populares: dália, dália-bola, dália-decorativa, dália-de-jardim, dália-pompom e dália-semi-cacto
Origem: México
Porte: até 1,60 m de altura
Flores: reunidas em capítulos pequenos ou grandes, com pétalas simples ou dobradas e formas e cores variadas. Aparecem principalmente no verão.
Folhas: são espessas e compostas
Cultivo: isolada, formando conjuntos e como bordadura de canteiros
Solo: não é exigente, mas prefere o aerado e rico em matéria orgânica
Clima: quente
Luminosidade: pleno sol
Irrigação: moderada
Dificuldade de cultivo: nenhuma
Multiplicação: por divisão de raízes tuberosas ou estaquia
Curiosidades: suas raízes são consumidas como alimento no México. A planta é muito utilizada em coroas fúnebres no Chile.
Descubra as peculiaridades e cuidados essenciais para cultivar as fascinantes orquídeas Bulbophyllum em seu jardim.
Considerado o maior gênero da família Orchidaceae, com cerca de 2 mil espécies, os Bulbophyllum são lembrados pelas flores pequeninas de formato inusitado. Descrito pela primeira vez em 1838 pelo botânico francês Louis Marie Du Petit-Thouars, ocorre somente em regiões tropicais.
A distribuição não é homogênea e a maioria dos representantes é endêmica da Ásia, com grande concentração na Nova Guiné e Malásia. No Brasil, são encontrados principalmente em áreas de Cerrado (entre a fronteira dos estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais à Chapada Diamantina, na região central baiana) e Mata Atlântica (do norte de São Paulo ao sul da Bahia). São poucas as espécies oriundas do Semiárido e da Amazônia. Atualmente, há em torno de 50 Bulbophyllum brasileiros reconhecidos.
Bulb. tricornoides e Bulb. guttulatum Bulb. patens e Bulb. annandalei
Com crescimento simpodial, são em sua imensa maioria epífitas, embora também existam as rupícolas. As primeiras têm rizoma bastante longo, deixando os pseudobulbos bem espaçados, ao passo que as outras normalmente crescem lateralmente formando touceiras. Em geral, apresentam apenas uma folha por pseudobulbo.
“As flores variam de poucos milímetros a 30 cm de comprimento. A maioria não possui perfume, algumas, porém, exalam forte odor de material em decomposição e poucas têm aroma levemente doce. Contam com três sépalas, mas algumas espécies possuem as sépalas laterais unidas. As pétalas variam bastante em cores, texturas e formas. O labelo é fixo nas flores por apenas uma fina estrutura, tornando-os móveis com um leve vento, atraindo insetos polinizadores”, descreve Eric de Camargo Smidt, doutor em botânica e professor-adjunto da Universidade Federal do Paraná (UFPR), de Curitiba, PR.
O Bulbophyllum fletcherianum é famoso por emitir fortíssimo odor de carne podre, e algumas espécies asiáticas, como Bulbophyllum echinolabium, Bulbophyllum foetidum e Bulbophyllum foetidolens, também contam com flores de cheiro desagradável. O odor atrai os polinizadores, que, neste caso, são moscas varejeiras.
“Sendo um dos maiores gêneros do Reino Vegetal, existem plantas que não passam de alguns milímetros a outras com folhas com 1 m de comprimento. Em relação às flores, a maioria das espécies de orquídeas é polinizada por abelhas, mas os Bulbophyllum são polinizados por moscas, que são atraídas pelo visual das flores escuras com máculas vináceas e com partes florais que se movimentam com uma leve brisa ou pelo odor. Na natureza, é o único caso bem estudado em que o vento auxilia na polinização, o que é muito interessante”, relata Smidt.
De acordo com o orquidófilo Geraldo Monteiro dos Santos, da capital paulista, a duração das floradas varia muito, de um a 20 dias. O número de flores por haste também depende da espécie. “Algumas apresentam 30 e outras somente uma. Normalmente, florescem uma vez por ano”, acrescenta. De maneira geral, estas plantas costumam colorir o orquidário de novembro a fevereiro.
Bulb. ambrosia
Tratos Culturais
Por tratar-se de um gênero extenso, é sempre recomendável conhecer melhor a espécie de Bulbophyllum que está sendo levada para casa. Entretanto, como são plantas oriundas de países tropicais, não costumam ser muito exigentes.
“Com as epífitas não há dificuldades. O problema está com as rupícolas, pois produzem poucas raízes e acabam definhando com o tempo. As primeiras gostam de pouca luz direta, já as rupícolas apreciam bastante luminosidade”, informa o doutor em botânica e professor-adjunto da UFPR. Ainda de acordo com o especialista, os Bulbophyllum que vegetam sobre as rochas preferem solos bem drenados, com brita e esfagno. As espécies que originalmente se desenvolvem sobre as árvores se adaptam praticamente a todos os substratos. O orquidófilo de São Paulo elenca casca de peroba, musgo, casca de pinus com carvão e pedra britada e isopor. “Tenho usado atualmente esfagno e as plantas apresentam ótimo desenvolvimento”, diz Santos. Elas também podem ser fixadas diretamente nos troncos ou galhos de arbóreas.
Com relação aos vasos, as melhores opções são os de plástico ou cerâmica (desde que rasos e com furos laterais). Placas de madeira também são bem-vindas para as espécies com rizomas longos entre os pseudobulbos.
Normalmente, estas plantas necessitam de ambientes bem ventilados com umidade em torno de 60% e temperaturas entre 10 e 35ºC. As regas devem ser feitas apenas quando o substrato estiver totalmente seco. Vale lembrar que os vasos devem ficar distantes uns dos outros para não dificultar a circulação de ar e propiciar o aparecimento de pragas e doenças.
Quando há excesso de irrigação e falta de ventilação, Smidt alerta para o ataque de pulgões. “Ao primeiro sinal destes insetos, utilize uma esponja macia com água e sabão de coco para removê-los manualmente. Somente em casos de infestação intensa, utilize produtos químicos.”
A adubação adequada ajuda a manter os patógenos bem longe. “Adube uma vez por semana e reduza o uso durante o inverno. Aplique os fertilizantes conforme indicação do fabricante, sempre de manhã ou no final da tarde, evitando pulverizar sobre botões e flores e sob a incidência de raios solares, que podem queimar as plantas”, explica Santos.
O orquidófilo ressalta ainda que os replantes devem ser feitos de janeiro a dezembro, somente quando a planta emitir raízes e brotos. “Tome muito cuidado com os mesmos, evitando quebrá-los e colocando-os em um novo vaso maior.”
Bulb. rothschildianum e Bulb. blumeie
Peculiaridades
Os Bulbophyllum ainda não são tão populares entre os orquidófilos brasileiros. Segundo Smidt, juntamente com os Phragmipedium, estão entre as orquídeas mais caras. “O gênero ainda é pouco explorado comercialmente, mas a espécie brasileira Bulbophyllum weddellii é muito interessante pelas flores grandes com labelo móvel. Entre as estrangeiras, temos espécies bem valiosas, como Bulbophyllum fletcherianum, da Nova Guiné, com folhas de quase 1 m, além do Bulbophyllum rothschildianum, com inflorescência umbelada e sépalas compridas, e Bulbophyllum falcatum, com floradas em forma de fita”, relata o especialista da UFPR.
Bulbophyllum lobbii, Bulbophyllum medusae e Bulbophyllum vaginatum são outras espécies exóticas bastante cultivadas por aqui. “Até pouco tempo, estas plantas tinham aceitação limitada por serem desconhecidas e difíceis de encontrar. Hoje, temos uma série de colecionadores que as procuram e um número grande de exemplares produzidos em laboratório, com colorido intenso e formas espetaculares”, informa Santos.
Nos últimos anos, novos representantes do grupo têm sido descobertos em território nacional, caso dos Bulbophyllum gehrtii e Bulbophyllum teimosense, mas como a maioria deles é endêmica de um único bioma ou região, muitos correm risco de extinção. “Vivemos em uma época em que estudar as plantas nunca foi tão estimulante, mas, ao mesmo tempo, nos deparamos com a destruição rápida de vários habitats e, com isso, estamos perdendo espécies sem ao menos conhecê-las, o que é muito triste também”, conclui Smidt.
Descubra como criar e cuidar de terrários, desde a escolha das plantas até a manutenção ideal para terrários abertos e fechados.
Sabe aquela pessoa que adora plantas, mas lamenta não ter tempo para cuidar, espaço livre ou mesmo grana para bancar os gastos com manutenção? Ela é uma forte candidata a ser dona de um terrário, mini-ecossistema – praticamente autossuficiente – que não exige prática, tampouco habilidade.
Para quem não tem experiência no trato de plantas, terrários são opções fáceis de manter. “Eles cabem em qualquer cantinho e precisam de poucos cuidados”, diz o designer de interiores Roger Evangelista, da JardimSP, da capital paulista. O segredo da longevidade está no princípio de tudo. “Condições de cultivo parecidas ajudam o terrário a viver bem por muito tempo”, afirma. A “validade” varia. “Há peças com mais de 50 anos. Se forem oferecidos os poucos cuidados que necessitam, podem durar muito”, continua. Ele mesmo tem um exemplar fechado de quatro anos que jamais adubou ou fez qualquer tipo de manutenção: “rego a cada seis meses e mais nada.”
CUIDADOS ESSENCIAIS
Especialistas explicam que o dia a dia acaba mostrando as necessidades de cada terrário, especialmente em relação à rega. Marcelo Fávero Paes, docente do curso técnico em Paisagismo do Senac Lapa Tito, na capital paulista, destaca que modelos abertos e fechados exigem cuidados diferentes. “Os primeiros precisam de regas periódicas e podem ficar mais expostos à luz natural do que os últimos, nos quais a reposição hídrica é espaçada ao longo do ano, mas adaptam-se bem à iluminação artificial”, diferencia.
Segundo o professor, a escolha consciente das espécies faz toda a diferença no bom desenvolvimento dos sistemas. As melhores opções para terrários fechados, dispostos em locais que recebem pouca luz natural, como escritórios, são as que vivem naturalmente em áreas úmidas, com chuvas regulares e solo rico em matéria orgânica. São exemplos: musgos em geral, como o musgo-tapete (Selaginella kraussiana), bem como planta-alumínio (Pilea cadierei), brilhantina (Pilea microphylla), ripsális (Rhipsalis bacífera), planta-mosaico (Fittonia verchaffeltii), peperômia marrom (Peperomia caperata), peperômia zebra (Peperomia sandersii) etc.
Já em terrários abertos, dispostos em locais que recebem bastante luz natural, as espécies mais indicadas são as que têm áreas secas, com boa luminosidade e chuvas esparsas, como seu habitat natural, e/ou as epífitas que, embora sejam de ambientes úmidos, não carecem de solo e têm sua rega exclusivamente foliar, espaçada e por aspersão. São exemplos: echeverias (Echeveria elegans, Echeveria imbricata e Echeveria pulvinata), dedo-de-dama (Mammillaria elongata), flor-estrela (Stapelia hirsuta), orelha-de-coelho (Opuntia microdasys), entre outras, além de suculentas e cactáceas em geral. Entre as epífitas, há tilândsia (Tillandsia spp.) e avenca (Adiantum raddianum).
Na prática, os sistemas abertos são como minijardins com espécies que precisam de pouca água. “A principal diferença entre epífitas, cactáceas e suculentas está na rega, pois as primeiras exigem um volume um pouco maior”, distingue Paes. De maneira geral, molha-se apenas quando a terra está seca, aguentando até um mês de intervalo entre uma rega e outra. O uso da pipeta é imprescindível, pois permite dosar a quantidade e despejar apenas sobre a terra, não diretamente na folha. “Nos que têm um musgo bem fininho, conhecido como musgo-tapete, pode-se gotejar água diretamente sobre ele”, ensina o designer de interiores.
Em relação às epífitas, o professor do Senac destaca que, além de bromélias, o plantio de orquídeas em terrários abertos está em alta. Dentre elas, destacam-se Cattleya spp., Adamantinia miltonioides, Rudolfiella sp., Isabelia violácea e Bletia catenulata. Elas precisam de um substrato de fixação para as raízes, como casca de pínus, musgo isfagno seco ou fibra de coco; regas semanais com borrifador umedecendo somente as folhas, nunca sobre as raízes e flores; e adubação foliar com NPK 04-14-08 diluído e borrifado de 15 em 15 dias ou de acordo com as instruções do rótulo.
Ainda que as plantas do deserto gostem de iluminação natural, nada de deixar o terrário aberto no sol intenso. Prefira locais que recebam os raios da manhã, com boa circulação de ar. Já ambientes com ar-condicionado devem ser evitados. Paes fala que, se exposto ao sol, a rega do terrário aberto pode ser semanal, mas sempre com um borrifador para não misturar as camadas. “A iluminação indireta é mais indicada, mas o correto é estudar as espécies cultivadas e usar aquelas com características hídricas e de luminosidade semelhantes. Independente de ser aberto ou fechado, fazer a reposição nutricional organomineral, ao menos duas vezes ao ano, é um cuidado essencial”, ensina o docente.
FECHADOS, DURÁVEIS E SAUDÁVEIS
Terrários fechados são excelentes companheiros para o estilo de vida moderno. Mantenha-os à sombra e em locais frescos. Podem ficar tanto em ambientes corporativos, adaptando-se bem às lâmpadas brancas e frias, como residenciais sem luz natural. Nesses ecossistemas encapsulados, as plantas produzem todo o necessário para viverem. O oxigênio gerado por meio da fotossíntese evapora das folhas e se condensa no vidro, formando gotículas que escorrem e são absorvidas pelas raízes, suprindo a necessidade de água. Por isso, a rega, quando necessária, é esporádica. Para checar se está na hora, observe se as paredes estão secas. Neste caso, use a pipeta e despeje sobre a terra ou use um borrifador para espirrá-la nas paredes; por outro lado, se houver “lágrimas” em excesso, deixe o terrário um pouco aberto, para a evaporação reequilibrar a umidade no sistema. Paes explica que nos terrários fechados a água deve ser reposta quando observado que não ocorre mais a condensação no vidro. Em média, pelo menos duas vezes ao ano e com água filtrada, pois o cloro pode escurecer o musgo.
Uma dica: a cor da terra e do musgo serve de indicativo: marrom-escura significa bastante umidade; marrom-clara, secura. Para certificar-se que está acertando no volume, repare ainda no tom das folhagens. Se amareladas e moles, pode ser excesso; se murchas e enrugadas, é falta. Ao abri-lo, aproveite para limpar a tampa, removendo toda poeira ou mofo acumulado. Retire também as folhas amareladas, pois a decomposição ajuda a propagar fungos. Em caso de mofo ou bolor, indica-se substituir a planta por outra sadia. Mas, atenção: “para que se mantenha a umidade necessária à vida das plantas, não abra mais que duas vezes ao ano ou apenas quando o vidro estiver muito embaçado”, ensina Paes.
EM CAMADAS
Para os amantes de decoração, dá para ousar na escolha do recipiente, que vai muito além dos aquários, e reciclar utensílios domésticos, de variados usos e tamanhos, de maneira criativa. Valem, até mesmo, as recém-aposentadas lâmpadas incandescentes. Basta higienizar e montar camada a camada, tendo em mente que a granulação dos componentes deve diminuir.
A base pode ser feita com pedras maiores ou argila expandida, que ajudam a drenar um possível excesso de água. “O mesmo serve para o carvão, que ainda diminui o odor da decomposição das folhas em terrários abertos. Porém, evite usá-lo em terrários fechados, para o mineral não competir com as plantas na absorção da umidade”, ensina Paes. Já o substrato deve ser disposto centralizado no terrário, cercado pelos elementos ornamentais. Para abertos, o substrato deve ser arenoso e, para fechados, rico em matéria orgânica.
Descubra como cuidar da Sapatinho-de-Judia, Thunbergia mysorensis e transformar seu jardim com esta trepadeira ornamental.
Floradas numerosas, alongadas e pendentes, com tonalidades que vão do amarelo ao marrom-avermelhado, que surgem na primavera e verão, fazem da espécie sapatinho-de-judia (Thunbergia mysorensis) uma das trepadeiras preferidas para cobrir pergolados em jardins. “Plantadas em caramanchões e treliças, seus cachos ficam livres e pendurados”, descreve a engenheira agrônoma e paisagista Daniela Infante, da Arteiro, de Petrópolis, RJ.
Vigorosa, rústica, florífera e ornamental, a trepadeira semilenhosa é proveniente da Índia e, segundo Daniela, é largamente empregada em projetos paisagísticos tropicais. “Costumamos usá-la tanto pela beleza das flores quanto pela sombra agradável que oferece ao crescer e se expandir pela estrutura”, relata.
Apreciadas por beija-flores, suas flores apresentam formato de um sapatinho, por isso o nome popular, tendo o cálice na coloração purpúrea, duas brácteas acobreadas e o interior amarelo. Há uma variedade que apresenta apenas florações amarelas.
De alto apelo estético, a espécie deve ser regada semanalmente e não tolera baixas temperaturas. “Apesar de florescer mais a pleno sol, em regiões de calor intenso vive melhor em ambientes de meia-sombra”, indica Daniela.
Com propagação feita por estacas, principalmente após florescer, o solo mais indicado para o plantio do sapatinho-de-judia é o arenoso. “Após abrir a cova e colocar o torrão, deve-se fixar um tutor inicial da muda até o suporte, amarrando os ramos com cuidado para não estrangulá-los”, orienta a engenheira agrônoma e paisagista.
A poda deve ser executada, preferencialmente, no inverno, recomendando-se apenas a retirada dos ramos secos para manter seu visual rústico. Em relação a pragas e doenças, a trepadeira é habitualmente atacada por cochonilhas, cujo combate deve ser realizado com o uso de óleo de neem, um inseticida orgânico.
Descubra o jardim botânico, com mais de 8.500 espécies de plantas de todos os continentes.
Fundado em 1846, o jardim botânico que se encontra na cidade australiana de Melbourne é considerado um dos melhores do mundo. São 38 hectares localizados no centro da capital do estado de Victoria, que reúnem mais de 50 mil plantas de 8.500 espécies de todas as regiões do planeta. Ele faz parte do Royal Botanic Gardens Victoria, que ainda compreende os Jardins de Cranbourne, o Herbário Nacional de Victoria (incluindo 1,5 milhão de plantas, algas e fungos preservados) e um centro regional com programas de pesquisa internacionalmente reconhecidos de biodiversidade, conservação e ecologia urbana.
O clima temperado de Melbourne e o aspecto do Norte permitiram que uma enorme variedade de espécies fosse reunida. As plantas são exibidas em grandes agrupamentos ou coleções. Atualmente, há 31 coleções em exposição, que vão de grandes árvores a espécies ornamentais perenes.
O reservatório Guilfoyle’s Volcano foi construído em 1876, usado para armazenar a água para os jardins botânicos reais de Melbourne. Depois de permanecer ocioso durante 60 anos, foi restaurado, e os visitantes podem admirar de suas plataformas as vistas impressionantes da cidade, além de conhecer espécies de baixo consumo de água. A caminhada pela floresta australiana Melbourne Gardens’ Australian Forest Walk permite explorar plantas nativas, desde árvores gigantes até arbustos, por meio de sinalização informativa que relata a história local e destaca a importância da preservação ambiental.
A flora californiana é também destaque nos jardins de Melbourne. A sua riqueza e diversidade, que inclui espécies endêmicas, podem ser conferidas no jardim da Califórnia – criado pelas condições climáticas e geográficas semelhantes entre o estado estadunidense e o australiano, como desertos, áreas costeiras com clima temperado e montanhas de ventos gelados.
Espécies nativas vitorianas raras e ameaçadas figuram entre as coleções disponíveis ao público, que ainda pode admirar o lago ornamental e espécies medicinais do jardim chinês, palmeiras e espécies do deserto, as coletâneas de bambus, orquídeas, rosas, camélias, espécies da África do Sul, entre outras.
Para despertar o interesse das crianças, o ambiente educativo e interativo dedicado a elas possui muitas atividades de exploração da natureza local.
MELBOURNE GARDENS – DIAS E HORÁRIOS Diariamente, das 7h30 ao pôr do sol Entrada gratuita Mais informações: www.rbg.vic.gov.au
Texto Janaina Silva. Fotos Divulgação/Royal Botanic Gardens Victoria
Aprenda a cultivar mini e micro-orquídeas em casa e descubra os cuidados essenciais para flores deslumbrantes.
Falta de espaço não é desculpa para não ter um orquidário em sua casa. As pequenas espécies podem ser cultivadas em espaços diminutos e são conhecidas como mini ou micro-orquídeas. A classificação de uma ou outra não é fácil de se fazer, pois há controvérsias quanto a isso, mas, de acordo com o professor e orquidófilo René Rocha em seu livro “ABC do orquidófilo – de uma, várias ou muitas orquídeas” (Editora Agronômica Ceres, 2008), é chamada de micro-orquídea aquela de flores minúsculas que não atingem mais do que 1 cm. Já as mini orquídeas são plantas menores, porém, de flores grandes em relação ao seu porte.
“Há ainda as realmente micro, cuja planta e flor são muito pequenas, como exemplo a Phymatidium delicatum”, acrescenta Henrique Ribeiro, engenheiro agrônomo e diretor da BR Orquídea. Já Patrick van der Weijer, engenheiro agrônomo da Ecoflora, diz que a produção das miniphalaenopsis realizada por eles segue os padrões europeu e americano, sendo plantadas em pote 06, com altura de 35 cm e flores de 5 cm.
CUIDADOS NECESSÁRIOS O engenheiro da Ecoflora afirma que os cuidados com as miniphalaenopsis são os mesmos que se deve ter com as de tamanho maior. “A flor necessita de ambientes sem muita variação de temperatura; local ventilado, mas com pouco vento; e seu substrato deve estar levemente úmido, podendo secar eventualmente. Recomenda-se molhar o substrato uma vez a cada dez ou sete dias, escoar bem e nunca deixar água no prato, pois a raiz pode apodrecer.”
Vale lembrar que cada espécie possui necessidades específicas, portanto, estude sobre a planta que possui para conhecer melhor os cuidados de que ela necessita. Porém, alguns pontos podem ser levados em consideração para a grande maioria das pequenas orquídeas. De acordo com Rocha, as mini-orquídeas possuem raízes finas e delicadas, além disso, seus pequenos caules e pseudobulbos possuem reservas reduzidas. “Não podem desidratar de modo nenhum, sob pena de definharem rápido. Encontrar o melhor microambiente para cada uma delas é o segredo.”
Ribeiro acrescenta que na natureza, as plantas de pequeno porte estão sempre por debaixo das maiores, portanto, necessitam de um local com menos luminosidade e uma condição de umidade mais elevada do que as maiores. “Elas são mais suscetíveis às variações climáticas. Assim, se tivermos que mudá-las de local, sempre se deve ficar atento às mudanças de habitat, para que sofram o menor estresse possível.”
CONHECENDO MELHOR “Pela grande diversidade da família Orchidaceae, podemos encontrar inúmeras variações quanto ao porte de planta, tamanho, forma, flor, cor e habitat. A classificação por porte e tamanho das flores está mais relacionada a separar e julgar as plantas nas exposições e também definir os colecionadores. Há aqueles que se dedicam apenas ao cultivo das mini ou micro-orquídeas”, explica Ribeiro.
Mas não confunda as pequenas com espécies maiores que podem ter florescido menores, pois, de acordo com o engenheiro, esta alteração também está relacionada ao cultivo ao qual a planta é submetida. “Plantas mal cultivadas atingem porte, número e tamanho das flores menores em relação às plantas com cultivo adequado, independentemente de sua classificação como micro, mini, grandes ou simplesmente botânicas.”
Dentre as micro citadas por profissionais estão Ornithophora radicans, Ornithocephalus myrticola, Chiloschista parishii, Pleurothallis e Erycina. E entre as minis, Laelia pumila, Maxillaria schunkeana, Oncidium equitante e Sophronitis coccínea. “Através do cruzamento entre as espécies, também é possível criarmos novos híbridos com características em relação ao porte da planta, tamanho, número de flores e outras especificidades. Desta forma, podemos reduzir o porte da planta e flores, como exemplo, as miniphalaenopsis”, explana Ribeiro. “Há espécies que aceitam melhor o cruzamento, mas não é somente isso. É necessário que ela tenha capacidade de transmitir aos seus descendentes as características que o geneticista está procurando, caso contrário o híbrido pode não ter valor comercial”, conclui.
Conhecidas algumas de suas características, como bem escreveu Rocha, compre uma boa lupa e prepare-se para grandes emoções. Pois a beleza destas pequenas espécies não pode passar despercebida
Texto Carolina Pera. Fotos [1] Divulgação/Ecoflora, [2] Gustavo Xavier, [3] Hamilton Penna, [4] Marcelo Donadussi e [5] Marcelo Quintanilha.
Aprenda como criar e cuidar de jardins verticais utilizando módulos cerâmicos, otimizando espaço e sustentabilidade.
Há diversos jeitos de acomodar plantas nas paredes, como vasos em treliças, instalações com paletes ou reaproveitamento de garrafas PET, etc. Mas, tanto do ponto de vista estético quanto funcional, os módulos cerâmicos se mostram vantajosos.
Segundo Patrícia Maia, diretora comercial da Green Wall Ceramic, de Tatuí, SP, construir uma parede para ser especificamente um jardim vertical aumenta a área de plantio e, como não há barreiras nas fiadas, garante-se o pleno desenvolvimento do sistema radicular. Com o enraizamento completo, forma-se uma bela e densa vegetação.
Apesar de leves, as peças possuem boa resistência e durabilidade. A matéria-prima assegura que os módulos cerâmicos sejam vantajosos em comparação aos blocos pré-moldados. “Desde a Antiguidade, plantas são cultivadas em vasos de barro. A cerâmica é atérmica (não super aquece no calor nem resfria demasiadamente no frio) e não é alcalina. A alcalinidade do concreto é ruim para as espécies, que ficam amareladas e com o desenvolvimento prejudicado”, conta Patrícia.
“Os jardins verticais são ideais para o aproveitamento de diferentes espaços com criatividade”, sugere Fernando Proite, diretor da Garden Wall Parede Termoacústica, de Vargem Grande do Sul, SP. Como os módulos possuem corte em ângulo, podem ser usados em cantos abertos ou fechados, em diferentes graus, inclusive em curvas. Com uma proposta muito mais verde do que é possível sonhar, quando se tem apenas vasos e canteiros, são uma maneira inteligente de trazer mais verde para o dia a dia, independentemente do tamanho da casa. “Mas, a parede base deve ter, no mínimo, o comprimento de um módulo mais a largura das molduras laterais”, ressalta o diretor.
Em fachadas, a estrutura contribui para a melhora do ar, mantém a temperatura interna mais baixa e atua como revestimento acústico. A eficiência termoacústica é graças à barreira térmica formada pelas plantas, substrato e o próprio módulo, capaz de baixar a temperatura do verso da parede em até 7°C, além de provocar uma absorção sonora de maneira natural e sustentável”, explica Proite. Com isso, a parede verde proporciona economia no uso do ar-condicionado e, consequentemente, na conta de energia.
Segundo ele, para proteger a cerâmica contra a ação das intempéries, deve-se pintar com tinta látex acrílica ou impermeabilizar com silicone. Patrícia lembra que, da mesma forma como é feito em lajes e piscinas, depois de alguns anos é preciso impermeabilizar a estrutura novamente. Mas o cuidado vale a pena, pois evita a umidade e a proliferação de microrganismos no painel. Para compensar ainda mais o investimento, “os jardins verticais apresentam baixa manutenção e consumo de água”, complementa o diretor.
Sistema Construtivo Simples
Para quem é adepto do “faça você mesmo”, Proite reforça que, apesar da montagem da estrutura ser simples, “a menos que o proprietário tenha noções de nivelamento, prumo e uso adequado das ferramentas, além de capricho, é melhor contratar um profissional para fazer o serviço”. Ele explica que são necessários módulos inteiros, meias-peças para a amarração e molduras. A base pode ser uma régua de pedreiro ou tábua de madeira de comprimento igual ao do jardim, apoiada em algum ponto para não provocar depressões ou relevos. O consumo de argamassa (tipo ACIII) fica em torno de 10 kg por m² e de impermeabilizante varia de 1,5 a 1,7 kg por m² de jardim (para três demãos).
O muro escolhido deve ser rígido e estruturado para suportar a carga extra. Segundo a equipe da Green Wall Ceramic, o peso por m² finalizado é de, aproximadamente, 120 kg (com tudo plantado). A instalação dos módulos cerâmicos é rápida: após o preparo da superfície, as peças são assentadas com argamassa e, depois, o sistema é impermeabilizado na cavidade inferior com produto atóxico. Os técnicos explicam que é possível executar paredes suspensas com os módulos assentados acima do piso. Para isto, basta usar uma mão francesa, criada a partir do corte do módulo inteiro.
Irrigação por Gotejamento
Os jardins verticais se adaptam a qualquer tipo de rega, porém, vale a pena instalar o equipamento para a irrigação por gotejamento – adquirido à parte, em empresas especializadas. Embutido na parte superior interna dos módulos da Garden Wall Parede Termoacústica, o sistema previne entupimentos, pois impede o contato com substratos e raízes. A montagem é feita após a impermeabilização. Em cada uma das laterais, coloca-se um cano mestre vertical, que alimenta cada fileira. A cada conexão do cano lateral, acopla-se um tubo gotejador autocompensante. Para a melhor dosagem da água, recomenda-se programar um timer.
Nada impede o uso do regador manual, desde que se tenha cuidado com a dosagem da água. “Mas, indicamos a irrigação por gotejamento, pois ela assegura que a água alcance o substrato na quantidade e momento corretos para as espécies”, diz Patrícia.
Por fim, a moldura deixa os canos embutidos. O fechamento das laterais é importante, também, para impedir deslocamentos, bem como o acúmulo de água da chuva e, ainda, a presença de insetos e pequenos animais peçonhentos.
“O plantio deve respeitar o tempo de cura da argamassa e de secagem do impermeabilizante, conforme os fabricantes determinam, em torno de 48 horas”, diz Patrícia. É possível decorar os módulos, mas vale mais a pena apenas pintá-los de preto, já que as plantas o cobrirão.
Seleção de Plantas
“Para o melhor escoamento da água, pode-se colocar uma pequena quantidade de argila expandida em cada fiada e cobrir com manta bidim. Depois, basta completar com substrato”, ensina o diretor da Garden Wall. Segundo os especialistas da Green Wall Ceramic, indica-se 20 L de substrato por m². Mas, isto varia de acordo com o produto usado, por isso, leia o rótulo e consulte um arquiteto paisagista. A quantidade de mudas fica em torno de 15 a 20 unidades por m², considerando o porte dos exemplares.
Os módulos permitem o cultivo seguro e o crescimento saudável de inúmeras espécies de plantas ornamentais e aromáticas, flores exóticas, pequenos frutos, hortaliças e temperos. Sempre escolha as que se favoreçam do local de instalação do jardim vertical. Afinal, Patrícia explica que o sucesso do paisagismo depende do equilíbrio entre estruturas físicas, incidência de luz solar, umidade e temperatura ambiente.
Para um jardim vertical adensado, Proite indica o uso de plantas pendentes e semipendentes – que fecham quaisquer espaços, como orquídeas (Orchidaceae), bromélias (Bromeliaceae), ripsális (Rhipsalis spp), begônias (Begonia spp), musgos (Selaginell spp), sedum (Crassulaceae), véu-de-noiva (Gibasis schiedeana), hera (Hedera spp) e demais indicadas ao lado.
Vegetais de raízes curtas, como tomate-cereja, cebolinha, salsa, alecrim e manjericão, também são boas escolhas.
A manutenção da parede verde é simples: “a cada dois meses, aproximadamente, é feita a adubação foliar com esborrifador ou bomba costal, dependendo do tamanho, ou na própria água da irrigação”, diz o diretor. Patrícia complementa explicando que, “onde há ar condicionado, indica-se a pulverização para prevenção de pragas, pois as espécies ficam mais suscetíveis nesses ambientes”.
Aprenda as melhores práticas para cultivar frutíferas com sucesso e encha seu jardim de sabor.
O cultivo de frutíferas, além de gerar frutos fresquinhos, ainda favorece a visita da avifauna, criando um ambiente dinâmico e cheio de vida. Engana-se quem pensa que as frutíferas precisam de muito espaço. Existem espécies que podem ser plantadas em vasos e dispostas até mesmo em varandas de apartamentos – desde que respeitadas as necessidades de rega, luminosidade e adubação. “Pela facilidade no cultivo, jabuticabeiras, pitangueiras, acerolas e romãzeiras são ótimas, especialmente, para quem não tem experiência em jardinagem”, indica Oséias Rocha, sócio-gerente do Viveiro do Rosário, de Rosário do Ivaí, PR.
Segundo ele, é melhor comprar plantas com boa folhagem e sem manchas. Para adquirir frutíferas de boa procedência, deve-se ir a estabelecimentos com registro Renase, do Ministério da Agricultura. “Para quem tem pressa, as mudas produzindo são ótimas. Prefira as envasadas há algum tempo, pois o nível de pegamento é de aproximadamente 100%”, diz Rocha. “Num jardim de 10 x 15 m podem ser colocados exemplares de pequeno e médio porte, como laranja e banana, ou trepadeiras, como maracujá e uva”, diz Antonio Carlos Sartori, engenheiro agrônomo, de Presidente Prudente, SP.
É importante observar algumas características do local: “deve ser ensolarado, bem drenado – sem encharcamento – e protegido do vento frio, sobretudo na primavera, quando a floração está começando”, afirma Gilmar Marodin, engenheiro agrônomo e professor da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), de Porto Alegre, RS.
O preparo da terra determina a produtividade e a qualidade dos frutos. Em situações de acidez elevada, a planta não se desenvolve bem, pois suas raízes não conseguem absorver nutrientes e os frutos apresentam coloração e tamanho anormais. Por isso, é recomendada a análise do terreno e correção com calcário, se necessário.
ATENÇÃO AOS CUIDADOS
Para ter um pomar de baixa manutenção, escolha espécies mais resistentes, adaptadas à região de cultivo e tolerantes ao estresse hídrico. Sartori diz que algumas exigem menos tratos culturais, como laranja, limão, tangerina, abacate, jabuticaba, goiaba, amora, pitanga, caqui, manga e maracujá. “As que não se adequam ao clima da área podem apresentar baixo desenvolvimento e pouca ou nenhuma produção de frutos. É melhor ter atenção ao escolher maçã, ameixa, pêssego e nectarina, que preferem temperaturas amenas”, diz.
Seguir um planejamento implica em plantas sadias e frutos saborosos. Então, 30 dias antes do plantio, o engenheiro recomenda abrir covas de 40 x 40 x 40 cm, onde as mudas serão plantadas, e adicionar de 15 a 20 L de esterco de curral curtido ou 4 L de esterco de galinha, misturando tudo à terra da superfície.
O plantio deve ser feito manualmente, de preferência em período chuvoso, e com espaçamento entre as covas variando de 4 a 7 m. “Espécies maiores, como manga, demandam distanciamento de 10 m. É essencial escolher as variedades analisando sua necessidade em função da área disponível”, alerta Sartori. “O posicionamento é importante para um exemplar não sombrear o outro. As cítricas precisam de 3 m de intervalo e as videiras, de 1 m. É válido considerar seu porte adulto e o volume de sua copa”, ensina Marodin.
A adubação é fundamental para o desenvolvimento da árvore, influenciando na sua produção. Para o engenheiro, sua aplicação deve ser o mais parcelada possível, em especial, se for adubo químico. Durante o inverno, quando as folhas caem, precisa ser suspensa porque as raízes não absorvem nutrientes.
Em relação à rega, cada espécie possui exigência hídrica específica. Em época de seca, irriga-se com maior frequência e, em caso de chuva abundante, pode-se suspender temporariamente. O período de menor insolação é o mais indicado para fornecer água, ou seja, ao amanhecer e ao entardecer. “Uma dica é colocar a mão na terra e, se sentir pelo tato que está seca, significa que é hora de molhar”, ensina Rocha.
A poda também favorece frutos de alta qualidade. “Ela é responsável por arejar a copa e permitir a entrada de luz, influenciando na produtividade. Por isso, é importante retirar o excesso de ramos”, explica Marodin. Quando jovens, as árvores precisam passar pelo desbaste de formação para ganharem uma estrutura inicial para o seu crescimento. Durante a colheita, deve-se cortar a frutescência madura com tesoura para não causar injúrias a ela e à planta. “O ponto ideal de coleta varia conforme a espécie, mas a identificação pode ser feita por meio do tamanho e da cor do fruto”, ressalta Sartori.
As frutíferas também sofrem com o ataque de pragas e doenças, sobretudo quando são cultivadas em ambientes inapropriados. “Em local úmido, a manga pode ser acometida por uma doença fúngica chamada antracnose”, exemplifica o professor da UFRGS.
Além de escolher mudas sadias, o combate dos seres nocivos é realizado por meio do controle químico ou biológico indicado por um profissional qualificado. “Pode-se aplicar algum inseticida natural”, complementa o expert do Viveiro do Rosário.
Como a mosca-da-fruta é bastante comum, tanto em pomar doméstico como comercial, é aconselhado ensacar o fruto com papel encerado próprio para isso. “Isto impede que a mosca coloque seus ovos e evita aquela desagradável surpresa de morder um fruto que tenha larvas dentro”, diz Marodin. Dentre as espécies que atraem essa praga estão nêspera (Eriobotrya japonica), goiaba e uva.
MAIS FRUTO EM MENOS TEMPO
Muitas pessoas gostam de plantar as sementes de frutífera e esperar sua germinação. Porém, isso leva muito tempo. E até que a árvore comece a frutificar são mais alguns longos anos. Para diminuir a ansiedade, é melhor optar por mudas enxertadas que, além de oferecerem melhores qualidade e produtividade, são resistentes a pragas e doenças e frutificam rapidamente. “O pêssego leva cerca de dez anos até a primeira produção. Já o exemplar enxertado inicia a produção no segundo ou terceiro ano”, justifica o profissional gaúcho. No entanto, nem todas as espécies são adeptas a essa prática. Mamão (Carica sp.), maracujá e morango (Fragaria sp.), por exemplo, continuam sendo propagados pela semeadura.
LARANJA
A laranja (Citrus sinensis) é sensível ao frio e ao aumento brusco de temperatura, apresentando fruto rico em vitamina C. Adapta-se praticamente a todos os tipos de solos, mas prefere os férteis, bem drenados e irrigados com frequência. Pode medir até 9 m de altura, seu tronco é reto e de cor acinzentada e suas folhas são verde-escuras, lisas e brilhantes.
LIMÃO Os frutos do limão (Citrus limon) têm tamanho médio, formato arredondado, casca lisa ou não, apresentam sementes ou não e polpa com muito suco ácido. Necessita de clima ameno a quente e solo profundo e bem drenado. Além do rápido crescimento, frutifica ao longo do ano inteiro, mas com maior produção nas épocas quentes.
ACEROLA Nativa do norte da América do Sul e da América Central, a acerola (Malpighia glabra) chega a 4 m de altura e é bastante ramificada. Suas folhas são pequenas, ovaladas e verde-escuras, e as flores são róseas, violetas ou brancas. Aprecia climas tropical e subtropical, boa disponibilidade de água e solo profundo com boa drenagem.
BANANA A banana (Musa sp.) é um dos frutos mais consumidos no mundo. Intolerante à geada, precisa de lugares de clima quente e irrigação abundante. Aproveita-se tudo desta planta, desde o fruto para alimentação até as fibras retiradas do seu caule, usadas em artesanato e na fabricação de papel e saco para cereais.
MAÇÃ Para o bom florescimento, a maçã (Malus domestica) exige um período de baixas temperaturas. Para a produção de frutos de boa qualidade, é preciso algumas plantas polinizadoras de outras variedades no pomar, pois a maioria apresenta incompatibilidade ao pólen do mesmo exemplar ou de mudas enxertadas com a mesma variedade.
TANGERINA A tangerina (Citrus reticulata) conta com porte médio, folhas lanceoladas, espinhos nos ramos e frutos grandes com casca frouxa, que pode ser retirada com as mãos. Tem a tendência de produzir muito em um ano e pouco no outro, por isso, precisa de adubação equilibrada anualmente e, em alguns casos, da retirada do excesso de frutos.
CAQUI De crescimento lento, o caqui (Diospyrus kaki) apresenta um porte que varia de 3 a 15 m de altura. Os frutos podem ter formato globoso, ovoide ou achatado, com casca de cor amarela a vermelha e polpa, geralmente, amarela, podendo ser escura. Sua frutificação é boa em regiões de clima frio a ameno e de solo fértil.
JABUTICABA A jabuticaba (Myrciaria cauliflora) apresenta flores brancas e formadas diretamente no seu caule. Seu crescimento é lento, adaptando-se melhor a áreas com terra rica em matéria orgânica, bem drenada e com boa disponibilidade de água. Os frutos são arredondados e de coloração verde durante o desenvolvimento e roxo-escuro quando maduros.
Descubra as principais diferenças entre Laelia e Cattleya para identificar suas orquídeas com precisão.
Mesmo para orquidófilos experientes, é muito difícil discernir Laelia de Cattleya quando estão sem flor. Os gêneros mais cultivados por colecionadores no Brasil também são os que mais geram dúvidas. Não é difícil ouvir a pergunta: como distinguir Laelia de Cattleya? Pois é, a resposta não é simples.
Ambas têm muitas semelhanças em relação à flor, folha, porte, época de floração, dispersão na natureza e exigências de cultivo. Para não levar “gato por lebre”, vale a pena adquirir apenas exemplares floridos, quando a identificação é mais fácil, e fazer a compra em estabelecimentos idôneos.
Para diferenciá-las, é preciso entender as principais características de cada. O gênero Cattleya é formado por cerca de 110 espécies epífitas, com distribuição da Argentina ao México – destaque para a ocorrência no Brasil. É dividido em dois grupos: unifoliares e bifoliares. O primeiro tem porte menor, uma única folha no ápice do pseudobulbo, que é ovalado e lateralmente achatado, e apresenta flores grandes, mas em pouca quantidade – de duas a oito unidades. Já as bifoliadas contam com duas folhas pequenas e ovaladas em cada pseudobulbo – que possuem formato cilíndrico e podem passar de 1 m de altura – e flores pequenas, porém, em grande quantidade (até 30 unidades por haste) e com bastante substância.
O gênero Laelia abrange em torno de 30 representantes, que se espalham da América do Sul ao México. Caracterizam-se pelos pseudobulbos ovalados e curtos, os quais dão origem a uma folha com cerca de 20 cm de comprimento. As flores grandes e coloridas surgem em até oito unidades por planta.
Segundo Carlos Gomes, orquidófilo e proprietário do orquidário que leva seu nome, de Florianópolis, SC, não tem como misturar Laelia e Cattleya bifoliada. A confusão acontece com as unifoliadas, como C. labiata, C. gaskelliana e C. mossiae. “De modo geral, o pseudobulbo das Laelia é mais ‘magro’ e elegante, enquanto o das Cattleya é ‘gordinho’. Com relação às flores, é difícil explicar a diferença: considerando uma L. purpurata e uma C. labiata, por exemplo, ambas têm de quatro a cinco flores, que podem ser rosadas, com tamanho de 12 a 15 cm de diâmetro”, compara.
Ou seja, apresentam mais semelhanças do que discrepâncias. O que individualiza mesmo é o número de polínias (massa cerosa constituída por grãos de pólen): as Laelia têm oito e as Cattleya, quatro.
Ronaldo Sabino, sócio-proprietário do Orquidário Imirim, de São Paulo, SP, lembra que, recentemente, estudos botânicos de avaliação dos cromossomos resultaram em mudanças nestes gêneros. Espécies brasileiras de Laelia foram reclassificadas como Cattleya. Até mesmo os orquidólogos levaram anos para analisar e reconhecer a fundo as afinidades entre elas.
Os dois especialistas concordam que a presença da flor é fator determinante para a correta identificação do exemplar. Mesmo para um cultivador experiente, a ausência de floração pode induzir ao erro.
Como se não bastasse a dificuldade de avaliar os gêneros, existem ainda os híbridos. “A C. labiata é facilmente confundida com Laelia ou um híbrido quando está sem flor”, ratifica Sabino. Por isso, ao adquirir uma planta, é importante solicitar o nome correto e, se for o caso, o cruzamento.
Em relação ao habitat, elas também são encontradas na mesma região. No caso do Brasil, estão presentes de Norte a Sul. “Cada espécie tem dispersão particular, que pode ser pequena, como da C. dormaniana e L. lobata, que ocorrem apenas no Rio de Janeiro, ou mais ampla, por exemplo, a C. forbesii, natural do Rio de Janeiro até Santa Catarina. Claro que surgem tanto Laelia como Cattleya na mesma área. É o que acontece em Florianópolis com L. purpurata, C. intermedia, C. guttata e C. leopoldii”, esclarece Gomes.
Texto Renata Putinatti Fotos [1] Daniel Mansur, [2] Eduardo Liotti, [3] Evelyn Müller, [4] Gui Morelli, [5] Hamilton Penna e [6] Tatiana Villa
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